CAPÍTULO VINTE E NOVE

16.8K 1.4K 121
                                    

O cosmo resolveu colaborar e o restante do dia transcorreu de maneira tranquila. Eu duvidava seriamente que mais coisas estranhas pudessem acontecer, mas nunca se sabe. Algumas horas depois fomos ao cinema, e por sorte já havia espaço para a pipoca. O filme estava realmente muito bom, mas Nico e eu negligenciamos algumas partes, porque era simplesmente impossível não querer beijá-lo, ainda mais naquele escurinho tão reconfortante. Como boa bisbilhoteira que sou não pude deixar de notar que a minha melhor amiga e Noah − meu futuro utópico cunhado e recentemente nomeado meu melhor amigo − também trocaram carícias e uns beijos... Eu não sabia onde aquilo ia dar, mas eu estava realmente satisfeita com os caminhos tomados.

A noite caiu e nós resolvemos passar no mercado antes de voltarmos para casa. Compramos um monte de besteiras, pois o plano era fazer uma pequena festa privada para a despedida da Marcela. Não que ela não fosse voltar em breve, mas não é como se precisássemos de muitos motivos para uma bagunça. Chegamos em casa e resolvemos que um banho cairia muito bem... Eu saí do banheiro com uma toalha enrolada na cabeça e Nico seguiu para o banheiro, mas não sem antes de me dar um beijo. Peguei a primeira camiseta que vi, que obviamente não era minha, e vesti uma calcinha limpa e perfumada. Passei a escova no cabelo de forma preguiçosa e corri para o meu notebook, que estava à minha espera em cima da cama. Respirei fundo antes de abrir o arquivo no qual eu havia pensado todo o dia.

Meu currículo.

Ele estava atualizado e muito bem escrito. Aquilo era loucura, mas eu precisava tentar. Fiz uma rápida pesquisa no google de todas as editoras de Buenos Aires. Junto ao currículo enviei uma carta de apresentação. Revisei tudo milimetricamente antes de enviar, afinal, que espécie de revisora eu seria se deixasse passar algum erro? Quando por fim constatei, com satisfação, que estava tudo certo, tomei coragem e apertei: ENVIAR. Pronto, estava feito, agora era só cruzar os dedos. E foi exatamente isso que eu fiz... Não é que eu seja supersticiosa nem nada, mas acho que mal não vai fazer. Afinal, são só dedos posicionados de uma forma não convencional. Mas ainda que fossem só isso, eu esperava que eles trouxessem sorte, de fato.

− Você fica sexy enquanto trabalha − a voz dele me tragou de volta para a realidade. − Mais ainda com uma das minhas camisetas e uma calcinha de renda. E de cabelo molhado. Aprecio a combinação.

Receber elogios em momentos de tensão é tão... Inacreditavelmente bom. Eu estava ficando mal acostumada, sabia bem. Não haveria, em nenhum outro lugar do mundo, um homem tão maravilhoso capaz de me elogiar e me fazer sentir a mulher mais bonita do planeta como Nico fazia. E a única solução para isso era simples: ficar com ele. Não dava para ser diferente. Não podia ser.

− Ver você recém-saído do banho, apenas de toalha e com o cabelo molhado... Bem, sexy é um adjetivo muito banal para isso.

Ser sincera é um dos pontos fortes da minha personalidade. E era bom ser sincera com Nico. Principalmente porque eu só tinha coisas boas para falar a seu respeito. Coisas quentes, às vezes. Falar coisas quentes em voz alta fazia minhas bochechas queimarem, mas ele parecia gostar disso. Ele parecia gostar de coisas tão estranhamente estranhas. Como me ver usando uma de suas camisetas velhas com uma calcinha de renda e o cabelo molhado. Ele também gosta do meu cabelo bagunçado pela manhã. Gosta da forma como eu gargalho livremente quando ele diz algo engraçado. Gosta de me ver de calça jeans e regata. E tênis. Gosta de me ver sem maquiagem. Gosta do meu "comer sem culpa". E eu sabia disso porque ele estava sussurrando todas essas coisas no meu ouvido...

Ah, Nico!

Eu passei por tantos caras errados. Por onde você andava? Na Argentina, é claro. Mas por que diabos eu demorei tanto tempo para vir ao seu encontro? Eu precisava acreditar naquele papo de que as coisas acontecem quando têm de acontecer. Deveria haver algum motivo para tamanha demora... Mas agora não precisávamos mais esperar.

Ele me beijou e meus lábios não podiam ser mais receptivos aos dele. O toque quente de suas mãos deslizando pelo meu corpo era inebriante. Contei a ele sobre o envio dos currículos. Não era o momento mais oportuno, convenhamos, mas quando a coragem surgia, eu não podia desperdiçá-la. Ele me encarou com uma das sobrancelhas erguida, mas um sorriso brincava no seu rosto. Suspirei aliviada. Eu podia muito bem estar entendendo de maneira equivocada os sinais que ele me enviava. Acho que não era o caso.

− Então você quer ficar? − ele me questionou como se a minha resposta não fosse óbvia.

− Não − respondi com uma careta. − Mandei os meus currículos de sacanagem − ele me empurrou na cama, ameaçando brigar comigo, mas tudo o que eu recebi foi um daqueles beijos que chegam a me deixar tonta.

Aquele era o prelúdio de algo mais, e pelo que nossos corpos demonstravam, eu e ele estávamos de acordo. Ótima forma de terminar um dia de folga e iniciar uma festinha de despedida. Mas o cosmo, apesar de não me presentear com nada bizarro, não evitou que o meu celular tocasse bem naquele instante. Quanto azar! Eu estava disposta a ignorar a chamada e colocar no silencioso, mas era a minha mãe. Ela não era de me ligar a todo instante, então, se estava ligando, devia ser importante.

− Minha filha? − ela perguntou quando lhe atendi. − Eu e seu pai gostaríamos de conversar com você...

− Aconteceu alguma coisa? − eu já estava sentada na cama e a preocupação havia tomado cada poro do meu ser.

− Estamos bem, não se preocupe. Mas durante todo esse tempo nós evitamos uma conversa que acreditamos não poder mais ser adiada.

E aquela ligação acabava me deixar aterrorizada.

Aquele dia, definitivamente, podia não ter acontecido. Quer dizer... Ele bem que podia ter sido editado.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Desculpinha, desculpa, desculpão. Gente, eu me programei para postar às 21h, mas perdi a hora COMPLETAMENTE jogando banco imobiliário... E sei que essa não é lá uma grande desculpa, mas eu GANHEI DA CAROL PELA PRIMEIRA VEZ HAHAHAHAHA!!!! Então espero sinceramente que vocês possam me perdoar, principalmente porque eu escrevi esse capítulo aos trancos e barrancos, rs! Deixei um suspense básico, só para não perder o costume, e espero que vocês gostem.

E eu quero aproveitar e pedir a AJUDA de vocês. A Carol me ajuda muito na criação de PODER. Principalmente porque ela entende muito mais do universo trans do que eu, e também porque ela é minha leitora/revisora hahaha! O problema é que chegamos a um impasse para os rumos da trama. Na verdade, eu é que criei uma coisa e depois voltei atrás e ela acha que eu não deveria voltar. Não vou soltar nenhum spoiler, mas quero saber de vocês: em SINGULAR, vocês gostariam de ver o Noah com a Marcela ou com um novo personagem? hmmmmmmm Não deixem de responder, hein?

Tem alguém do RJ aqui? Amanhã acontece o 13° evento da Menina que Comprava Livros, na Travessa do Shopping Leblon... Adoraria encontrar alguns leitores de PODER por lá *-* Além disso, vários outros autores bacanas participarão o/

Estou falando demais.. Daqui a pouco os recados ficam maiores que o capítulo hahaha. Sorry <3 Los amo y hasta el miércoles!

PODER EXTRA G (degustação)Where stories live. Discover now