CAPÍTULO VINTE E SEIS

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A quinta-feira começou conturbada. Meu chefe estava ensandecido atrás de mim e me passou um trabalho urgente. Nem mesmo nas minhas férias eu era deixada em paz. É óbvio que eu adoro o meu emprego, mas quando eu tiro férias, não quero ser incomodada com nada relacionado a ele. Não é uma ideia tão absurda, não acham? Mas, como sou uma toupeira − nunca entendi muito bem essa expressão, toupeiras são animais fofinhos − acabei concordando em ajudar. E de fato ajudei. Passei mais de seis horas revisando um conto curto que fora pessimamente traduzido. Fiz as devidas correções e quando finalmente estava livre, resolvi caminhar até uma confeitaria perto dali. Sabem o que havia lá? Cupcakes red velvet com cream cheese e morango. Céus... Cheguei ao paraíso.

Marcela, que havia saído cedo para procurar um apartamento, me encontrou na confeitaria e me acompanhou na aventura dos doces. Quando voltamos para o apartamento, Noah e Nico já estavam lá... Os dois estavam jogados no sofá assistindo um programa de comédia muito ruim. Mas eles riam descontroladamente, o que era estranho. Não havia sinal da minha futura utópica sogra, então nos oferecemos para preparar o jantar. Isso nada tem a ver com a ideia machista e absurda de que mulheres devem ficar na cozinha, enquanto os homens se divertem. Na verdade, só estávamos tentando retribuir tudo que aquela família vinha fazendo por nós, que não era pouco, por sinal!!!

Eu adoro comer, o que não significa que eu saiba cozinhar. No entanto, me garanto em algumas coisas e uma delas é: macarrão. Cozinhamos a massa e preparamos um molho de tomate com linguiça calabresa. Compramos queijo parmesão fresco e ralamos uma quantidade suficiente para um batalhão. Que fique claro que metade desse batalhão é composto única e exclusivamente por mim. Quando o assunto é queijo, meu sobrenome vira Jerry − e eu tenho certeza que você o conhece, afinal, que criança não passou a infância curtindo esse desenho, que só muitos anos depois eu percebi que não tinha falas?!

Quando estávamos terminando de preparar a mesa, Elena invadiu o apartamento com uma expressão um tanto transtornada. Ela informou que já estava de saída novamente e nos desejou um ótimo jantar. É claro que nós ficamos preocupados com ela, mas seus filhos disseram que devia ser algum problema na boutique. Ou com Miguel. Quem diabos é Miguel, oras?

− O homem que deveria ser o nosso pai − Nico respondeu enquanto se sentava à mesa.

− Mas não é − Noah completou, também se juntando a nós.

Apesar do clima estranho inicial, nós tivemos um jantar agradável. O nosso macarrão foi fervorosamente elogiado e eu fiquei satisfeita com isso. Talvez Nico perceba que eu sou uma mulher para casar.

− E quem disse que eu já não percebi? − ele me perguntou, me tragando do meu espaço imaginário de volta para a realidade.

AH MEU DEUS! MAS QUE DROGA! Eu havia dito aquilo em voz alta? Mas que inferno, Nina!!! Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Queria ser um Pokémon apenas para que alguém me tragasse sabiamente para dentro de sua Pokebola, mas não aconteceu. Como também não sabia o que falar, resolvi fazer aquilo que eu fazia de melhor: comer. Enfiei um garfo cheio de macarrão na boca e nada disse sob o pretexto de: minha mãe me ensinou a não falar de boca cheia. É claro que eu continuei constrangida, mas eu não queria estender aquele assunto.

****

Nico ficou incumbido de encontrar um filme divertido para assistirmos, enquanto Marcela recolhia os itens da mesa e levava até mim e Noah na cozinha. Nós colocávamos tudo dentro da lava louças. Ele percebeu que eu estava um pouco desanimada e quis saber o motivo.

− Espero que não seja minha culpa − ele disse todo cabisbaixo. − Não era minha intenção...

− Não, imagina... Não é nada com você. É só que... O fim da minha viagem se aproxima e eu ainda não sei o que fazer. Eu queria muito largar o meu emprego em São Paulo, apesar de amá-lo, e vir para cá. Mas não posso fazer isso. Além do emprego, que com certeza é o melhor emprego que já tive na vida, tem também a questão dos meus pais. Não posso simplesmente não pensar neles, sabe? E embora eu tenha certeza absoluta da intensidade do que Nico e eu estamos vivendo, parece loucura deixar uma vida inteira para trás por causa de um homem que eu conheço a menos de um mês.

− Você está se prendendo a muitos detalhes. As considerações sobre o seu emprego e os seus pais são válidas. Embora você seja capaz de conseguir um emprego ainda melhor por aqui. Mas quanto ao tempo de "relacionamento" de vocês... Isso é bobagem.

− Bobagem? − perguntei com descrença.

− Sim, bobagem − insistiu. − O que é mais importante para você: o tempo ou a intensidade com que as coisas se dão? Até onde eu sei, dois anos de relacionamento com aquele banana do Marco não chegam nem perto das três semanas ao lado do meu irmão.

E eu tentei digerir aquelas palavras...

Vida. Será que a consideramos por quão rápido as coisas acontecem ou por quão intensas elas se dão?

Acionei o modo "Nina pensativa" e me preparei para todos os neurônios que eu estava prestes a queimar.

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Oi gente, como vocês estão? Sei que esse capítulo está vindo um pouco tarde, mas é que nossa... O dia hoje foi uma LOUCURA! Eu estou participando da Flipoços, como já mencionei anteriormente, e hoje palestrei ao lado de dois profissionais muito experientes, reconhecidos e generosos: a Martha Gabriel e o Jose Luiz Goldfarb. Dividir o palco com eles foi uma oportunidade incrível e uma experiência de outro mundo. A palestra, programada para durar 1h30, durou quase 3 horas. Dá para acreditar? E ah... Nós citamos o wattpad e as experiências incríveis que temos tido por aqui. Não podia faltar, né?

Enfim... Esse é o motivo de eu ter chegado tão tarde no hotel e estar, consequentemente, postando tão tarde. Peço desculpas pelos erros que devo ter deixado passar, mas é que estou muuuuito cansada mesmo, hahaha. Prometo que depois faço uma revisão mais minuciosa, ok? Perdoem-me <3

E bom, espero que gostem do capítulo *-* Se gostarem, não esqueçam das estrelinhas e comentários, please. E aos leitores novos... Sejam bem-vindos <3

Boa noite, gente linda. E até sexta o/

PODER EXTRA G (degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora