CAPÍTULO DEZESSETE

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Nico e eu fomos acordados por um insistente toque de telefone. No primeiro instante me levantei assustada. Eu estava tendo um pesadelo com o incêndio ocorrido mais cedo no meu hotel. Não havia feridos nem nada, mas eu estava um pouco impressionada. Porque não pensem vocês que só os meus predicados físicos são grandes. Minha imaginação também é.

Nico se levantou da cama e fez um gesto indicando que voltaria logo. Permiti-me admirar seu corpo seminu que trajava apenas uma calça de moletom. Deus do céu, que homem gostoso o senhor foi me arrumar! Peguei-me relembrando os acontecimentos daquela noite e foi impossível não sorrir sozinha. A sensação de plenitude transpassava a de receio. Quando achei que Nico estava demorando mais que o normal, tratei de roubar uma de suas camisetas para ir atrás dele. Logo no corredor me deparei com Noah, que parecia atordoado tanto quanto eu estivera minutos antes.

− O que está acontecendo? − ele perguntou com uma voz rouca e preguiçosa.

− O telefone tocou inúmeras vezes, seu irmão foi atender, mas até agora não voltou.

Noah assentiu e então me deu passagem para que descesse as escadas à sua frente. Tentei não pensar que talvez o meu enorme traseiro estivesse um pouco exposto, graças à blusa que não me pertencia. Quando chegamos ao primeiro andar, Nico trazia uma expressão confusa e um pouco... Irritada.

− O que está acontecendo, afinal de contas? − perguntei exasperada. Eu odiava todo aquele suspense digno de novela mexicana. Só faltava uma música brega para preencher a cena.

− Já é mais de meia noite e tem um homem na MINHA portaria procurando pela MINHA mulher − ele disse entredentes e eu ignorei o arrepio causado graças aos pronomes possessivos. Ah, Nico... Sim, totalmente sua. Possua-me o quanto quiser. Para todo o sempre, de preferência.

− Mas que homem é esse? Talvez um amigo seu, Nina? − foi Noah quem me tirou dos meus devaneios envolvendo Nico e o ato de me possuir. Neguei com a cabeça. Eu não conhecia mais ninguém naquela cidade além deles dois.

− O nome dele é Marco − Nico informou e esperou para saber se eu reconheceria o nome. E bem, é claro que eu reconheci.

− O que esse cretino está fazendo aqui? − foi a voz de Marcela questionando das escadas. Ela descia em nossa direção e minha mente estava fazendo aquilo que ela fazia de melhor... Sabotando-me em momentos cruciais.

− Você o conhece? − Noah perguntou na direção dela. Marcela assentiu, mas não disse mais nada. Cabia a mim, apenas a mim, dizer.

− Como ele me achou aqui? − perguntei desnorteada. − Justo aqui?

E então minha mente entrou em uma montanha russa radical cheia de loopings e eu me lembrei.

****

− O Marco anda estranho − contei a Marcela durante o intervalo das aulas. − Vive esquecendo o celular em casa e sumindo de forma conveniente vez ou outra... Eu adoraria estar errada, mas acho que ele está me traindo.

− E o que você vai fazer em relação a isso? − ela perguntou antes de morder seu hambúrguer com vontade. − Um chute no traseiro seria uma boa! − disse de boca cheia.

− Eu ainda não tenho certeza... Preciso de provas. Pode ser apenas neura da minha parte − aquilo era uma possibilidade. Ainda mais se tratando dessa minha imaginação fértil.

− Eu te disse que assistir novelas mexicanas era uma péssima decisão − ponderou. − As pessoas tendem a achar que a vida real se assemelha a elas. E acabam ficando assim... − indicou com um gesto vago em minha direção. − Que nem você!

− Bem, muito obrigada pela parte que me toca, mas nem todo mundo consegue ter uma caixa torácica vazia que nem você − rebati, e ela precisou engolir um grande pedaço de seu hambúrguer depressa para poder rir abertamente da minha colocação.

− Caixa torácica vazia − repetiu com divertimento e em meio a risos. − Adicionarei essa definição ao meu perfil do twitter ainda hoje.

Naquela mesma tarde, Marco e eu nos encontramos na minha casa. Trocamos alguns beijos e na primeira oportunidade que tive, confisquei seu celular e fiz algo do qual com certeza me envergonharia por toda a minha existência. Li suas mensagens de texto e conferi suas ligações. Nada. Então, apelei de forma ainda mais baixa, instalando um aplicativo de rastreio em seu celular. Coloquei o aplicativo junto a tantos outros em uma pasta que ele mal abria. Instalei o mesmo aplicativo no meu celular e em alguns minutos eu já podia ver a sua localização. Respirei fundo e larguei o seu celular em cima da cama. Quando ele voltou, agi como se nada tivesse acontecido.

O problema é que algo tinha acontecido. Algo vinha acontecendo, o que é ainda pior. Alguns dias depois daquele, tive certeza de que eu era a mocinha chorona e neurótica, protagonista de alguma novela mexicana, pois eu estava seguindo o meu namorado. Não seguindo-o em alguma rede social, seguindo-o de verdade, no melhor estilo detetive particular. Ele entrou em um edifício e quase uma hora depois saiu de mãos dadas com uma loira alta e bem gostosa. Ambos estavam com os cabelos molhados e aquilo embrulhou o meu estômago. Então, eu fiz o que qualquer protagonista de novela mexicana faria... Peguei-o em flagrante, esbofeteei a ele e a mulher no meio da rua e gritei boas verdades para aquele safado mentiroso. Mentira. Tudo mentira. Eu fui para casa e chorei como uma idiota. Comi chocolates compulsivamente como uma idiota. Tive uma terrível noite de insônia como uma idiota. No dia seguinte eu merecia ganhar o Oscar de melhor idiota do ano. Pois adivinhem o que eu fiz? Perdoei o maldito traidor. Ah sim, eu o perdoei quando o confrontei e ele disse que estava arrependido. Quando disse que ontem ele e a loira haviam terminado tudo − não antes de uma boa transa, suponho − e que ele só tinha olhos para mim... E que finalmente era hora de assumirmos o nosso relacionamento.

****

− Eu vou descer e despachar esse cretino para o lugar de onde ele nunca deveria ter saído − informei cheia de raiva, seguindo para a porta.

− Não sem antes colocar uma roupa − Nico me disse, segurando o meu braço e me fuzilando com o olhar.

Ele parecia triste com a situação, mas eu com certeza lhe explicaria tudo assim que o cretino do Marco fosse embora. Porque não havia outra possibilidade de desfecho para essa história. Ele iria embora e nada nesse mundo me faria mudar de ideia. Nada, nem mesmo... 

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Não rolou maratona, mas rolou capítulo extra em consideração aos leitores fieis e queridos que se empenharam nesse louco desafio proposto por essa igualmente louca autora que vos fala. Não canso de agradecer pelas leituras, estrelinhas e comentários! Sério, eles fazem TODA diferença. Às vezes me sinto desmotivada por alguma razão e aí entro aqui e me deparo com vocês e todo o seu carinho... E isso é suficiente para me fazer voltar a escrever. Enfim, muitíssimo obrigada ♥  Tenho alguns recados para vocês, então tentarei ser breve:

1) No próximo sábado, acontecerá o evento de aniversário do meu blog, NEM TE CONTO. O evento acontecerá na Livraria Travessa do BarraShopping e terá início às 15h. Com a presença de diversos autores bacanas, blogueiras amigas e muuuuitos brindes, esperamos comemorar essa data junto de muitos leitores. Para quem quiser mais informações e confirmar presença: https://www.facebook.com/events/1544642242454179/

2) Hoje foi ao ar o vídeo da tag "Casar, beijar ou penhasco", protagonizado por mim e pelas escritoras Aimee Oliveira e Clara Savelli. Para quem quer dar BOAS RISADAS e conferir nossa bagunça, é só acessar o link: https://www.youtube.com/watch?v=yvxR2ETXwmM&feature

Acho que é isso! Espero que curtam esse capítulo e me contem TUDO o que estão achando. Quarta-feira tem mais *-* Hasta pronto, chicos! 

PODER EXTRA G (degustação)Where stories live. Discover now