CAPÍTULO UM

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O livro, publicado pela Astral Cultural, pode ser encontrado nas melhores livrarias (físicas e virtuais) do país. Garanta seu exemplar de Poder Extra G que em 2017, vem aí o segundo livro da trilogia: SINGULAR <3        


Começar o prólogo apresentando-lhes uma noite de sexo casual talvez não tenha sido a melhor forma de começar essa história. Mas sabem como é... Se tiver que contar uma história, não comece fazendo-se de coitada. O fato é que lhes contei o desfecho pelo qual ansiei e pelo qual cheguei a implorar. No fim das contas, terminei a noite ao lado do Beto mesmo... Não me julguem, mas naquela época eu sentia que devia apenas agradecer por alguém estar interessado em mim. Quer dizer... Beto estava interessado em mim, não é mesmo? Eu não queria passar por toda aquela tortura em vão. Beto e eu trocamos um ou dois beijos ocasionalmente depois daquele fiasco de encontro. Eu achei de verdade que poderia contornar o lado maníaco e obsessivo dele, mas não pude. Depois do Beto eu conheci o Marco. E o meu relacionamento com ele havia sido outro fiasco. Então eu simplesmente larguei toda a porcaria em São Paulo e vim para a capital da Argentina conhecer a terra dos hermanos. E Buenos Aires é uma cidade linda, principalmente se você é, assim como eu, um grande fã de doce de leite. Sabe, não há nada de errado em afogar as mágoas comendo medialunas com doce de leite no café-da-manhã e diferentes marcas de alfajor entre uma refeição e outra. A menos que engordar seja um problema para você, o que para mim, deixou de ser nos últimos tempos. Quem vive bem com noventa e dois quilos pode viver bem com noventa e seis. Essa é a minha teoria. Na verdade, começou a ser depois de algum tempo. Principalmente considerando o fato de que levei quase dezoito anos para entender que ser gorda não fazia de mim menos bonita, menos interessante ou menos capaz. O que me tornava tudo isso era o fato de eu aceitar ser diminuída por conta do meu peso... Eu era conivente com toda essa palhaçada. Por sorte consegui reverter essa situação e encontrei meu amor próprio escondido entre as roupas horrorosas que habitavam o meu armário.


Mas enfim, voltando ao ponto central da questão − nem sei se ele existe, de fato... Ah, é claro. Eu. Sozinha. Superar. Buenos Aires. Parece bom, não é? Parece ótimo, na verdade. Mas eu não conseguia parar de chorar. Nem mesmo quando comia igual a uma vaca como se não houvesse amanhã − o que não é saudável e tampouco recomendável. O resultado era simples, como uma conta básica de adição: lágrimas + dor de barriga + autopunição = novas lágrimas. Bravo Nina, você está fazendo um ótimo trabalho − murmurei em tom irônico apenas para tornar a situação mais palpável. Cochilei e acordei quatro horas mais tarde. As boas novas? Sem dor de barriga. Eu estava novinha em folha, pronta para me jogar na noite argentina ao som de tango e ao lado de um homem que me chamasse de guapa ou bella... Seria incrível ouvir todo aquele sotaque sensual sussurrando elogios contra o meu ouvido, ficava arrepiada só de pensar.

É claro que as coisas não saíram exatamente como planejadas... Nícolas não era tão sexy quanto o esperado, mas ele era doce, gentil e...

− Não gosto de sexo casual − ele disse em seu espanhol sedutor.

Um homem muito, muito, muito respeitoso − quase antiquado − como vocês podem perceber. E foi assim que ele se despediu de mim, como um padre se despede de um fiel querido: com um beijinho na testa. Aqueles lábios poderiam ter descido só alguns centímetros, mas não... Qual é o problema dos argentinos?

− Os argentinos não têm problemas − Marcela me disse na manhã seguinte via Skype. − Você tem. Supere-o!

A sinceridade nua e crua de Marcela quase me desmotivou, mas ao contrário, ela fez mais que isso. Ela me fez ver a idiota que eu estava sendo. Marco é incrível? Sim. Ele é simpático? Sim. Ele é gato? Sim. Ele é bom de cama? Sim. Ele − quase − me fez acreditar nessa palhaçada de amor verdadeiro? Sim. Ele me merece? Não! Nã-nã-ã-nã-não! Um cara que diz gostar de você, que diz precisar de você, que diz amar os momentos em que está com você, mas que não tem coragem de assumi-la é no mínimo um tremendo babaca. E por que eu estava desperdiçando uma viagem maravilhosa me lamentando por ele? Não faço a menor ideia. Deixe que Marco busque uma garota dentro dos padrões de beleza que ele considera aceitáveis... Deixe que a opinião alheia o influencie e o aliene. Eu sou mulher demais para ele... E por que diabos eu não estava vendo isso? Novamente: não faço a menor ideia. Mas chega de lamentações. Sério, eu me recuso a ser garota insegura e chorona que um dia já fui. Então... Banho de banheira, algumas horas para me vestir bem agasalhada e maquiada, e uma ligação para Nico. Buenos Aires é linda e eu não tenho tempo a perder!

PODER EXTRA G (degustação)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant