CAPÍTULO DEZESSEIS

17.3K 1.8K 91
                                    

Marcela não é do tipo que se apaixona. Mas ela não tem problemas em transparecer seus desejos quando se interessa por alguém. E bem, Noah definitivamente é um cara interessante. E bonito. Muito bonito. Bonito a ponto de fazer a minha melhor amiga ficar de queixo caído; a ponto de fazê-la morder o lábio inferior e suspirar. Não precisava ser nenhum especialista para notar que ela estava − muito − atraída por ele. Talvez até eu tenha ficado levemente atraída por Noah quando o conheci. A diferença é que Nico já havia preenchido todos os espaços vazios em meu coração. Mas Marcela estava livre e desimpedida... E como eu disse, Noah entrou por aquela portaria em toda sua glória parecendo, sei lá, um príncipe de contos de fadas, talvez. Um conto de fadas moderno e levemente erótico, eu diria, mas ainda assim um conto de fadas. E quando ele sorriu na nossa direção... Só faltou Marcela gemer. Sim, a situação estava nesse nível. Até eu estava meio envergonhada por ela.

− Noah − Nico disse de forma animada, tentando ignorar toda a tensão sexual exalada por Marcela. − Essa é a Marcela, melhor amiga da Nina. Marcela, esse é Noah, meu irmão mais novo.

− Muito prazer, Marcela − Noah cumprimentou-a todo simpático. Um pouco galanteador, até.

− Elas ficarão lá em casa a partir de hoje − Nico explicou. O sorriso de seu irmão se alargou em nossa direção. Seu olhar se dividia entre nós duas.

− Nesse caso, sejam bem-vindas, meninas! − a porta do elevador, que demorou uma eternidade e meia para chegar, finalmente se abriu. Noah logo tratou de pegar um bocado de coisas das minhas mãos e das mãos de Marcela, como um perfeito cavalheiro e nós entramos e subimos em direção à cobertura.

A situação estava muito bizarra. Noah encarava os próprios pés e Marcela encarava Noah. Alguém precisava dizer para ela que estava lhe faltando sutileza. Mas talvez ela já soubesse disso. Nico e eu trocamos olhares divertidos e cúmplices e quando chegamos ao nosso destino, não seguramos o riso. Os dois olharam em nossas direções como se fôssemos loucos, mas não demos explicações. Assim que adentramos o apartamento fomos recebidos por uma Elena aflita e muito calorosa.

Antes mesmo de abraçar seus filhos ela veio até mim. Envolveu-me em um abraço apertado e me beijou a testa antes de dedicar sua atenção aos demais. Nico sorria com a cena e sua expressão trazia um aviso quase estampado de "eu avisei". Com a ajuda dos rapazes nos instalamos nos andares de cima. Marcela estava temporariamente sozinha no quarto de hóspedes, mas quando estávamos descendo ela sussurrou apenas para mim: "Vamos ver até quando". A minha amiga era uma predadora, eu não sabia o motivo de tanta surpresa.

Nós cinco nos reunimos em volta da mesa de jantar após ajudarmos Elena na missão de terminar a comida que havia começado a preparar. A empregada estava de folga e ajudar era o mínimo que podíamos fazer, considerando toda a hospitalidade. Marcela e eu nos oferecemos para lavar e secar toda a louça, enquanto os rapazes tiravam a mesa e iam guardando cada coisa em seu lugar. Elena precisava tomar um banho de banheira e trabalhar, segundo ela, então deixamos que partisse. Quando os afazeres domésticos acabaram, nos jogamos no sofá da sala para assistir algo leve e divertido. Eu zapeava os canais da TV de forma preguiçosa com a minha melhor amiga ao meu lado. Nico e Noah haviam voltado para a cozinha à procura de algo doce para nós.

− Você não está sendo muito sutil − cochichei para Marcela. Seus olhos pareciam dois pontos de interrogação em minha direção. − Em relação ao Noah − expliquei.

− Não estou tentando ser sutil − retrucou com um dar de ombros relaxado.

− Ele não merece ter o coração partido − expliquei sem transparecer aquele estranho sentimento... Raiva? Preocupação?

− Ninguém aqui está falando de corações, Nina − ela explicou como se eu fosse uma criança estúpida, usando argumentos estúpidos. Talvez eu fosse? − Eu estou falando de atração física... Sentimento carnal... Desejo... Sexo. Nada mais.

Eu queria contra argumentar, mas me faltavam argumentos. Nem eu mesma sabia explicar o motivo de estar tão preocupada. Eles eram adultos e podiam se entender, não podiam? Eu sei como Marcela é e isso nunca me incomodou. Mas agora parece errado. Marcela era fã de relacionamentos passageiros tanto quanto eu era fã de doce de leite. Mas Noah, ao contrário do doce de leite, tem sentimentos. E ele passa diariamente por tanta coisa... Eu só estava com medo de que minha melhor amiga o magoasse. Porque Marcela é do tipo que não se apaixona por ninguém... Mas "ninguém" sempre acaba se apaixonando por Marcela.

****

Nico estava sobre mim e seu corpo nu era quente e confortável. Não importava que o clima estivesse frio lá fora, ao lado dele tudo era calor. Ao lado dele meu corpo entrava em combustão. Ele estava dentro de mim e cada movimento era previamente calculado para me fazer queimar. Seus olhos castanhos não desviavam dos meus e quando por ventura eu os fechava, ele interrompia seus movimentos e esperava que eu os abrisse novamente. Porque além de sentir, Nico queria me fazer ver. E eu via... Ali nos seus olhos, uma chama que ardia de forma terna, mas também avassaladora. Se me dissessem que em pouco mais de duas semanas eu me sentiria assim em relação a alguém, eu jamais acreditaria. Mas ali, olhando nos olhos dele, não restavam dúvidas. Tudo começou com um sanduíche de miga partido ao meio, seguido por danças incansáveis e conversas agradáveis. Assim como o sanduíche, Nico e eu também éramos metade. Agora somos "inteiro".

− Eu não quero voltar, Nico − sussurrei contra sua orelha, enquanto afagava a pelugem que era seu cabelo. − Não posso voltar para aquela vida medíocre que me espera em São Paulo − confessei com algumas tímidas lágrimas. − Não depois de viver algo tão intenso e arrebatador com você − concluí e minhas lágrimas já haviam perdido a timidez.

Nico dormia de forma tranquila bem ao meu lado. Ele estava deitado de bruços quando lhe revelei como me sentia em relação a nós. Eu era uma covarde, pois não tinha coragem de lhe dizer isso quando estava acordado, mas para mim, nada é tão simples que não possa se complicar.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

        Hola, bonitos <3  Esse último capítulo foi cheio de sentimentos... Alguns mais complicados que outros. Espero que vocês gostem e se gostarem, não esqueçam das estrelinhas e comentários, ok? Sempre que vejo vocês de forma ativa por aqui, tenho mais e mais vontade de escrever. Obrigada pelo carinho, pelas leituras e pela participação nessa história. PODER EXTRA G já tem mais de oito mil leituras :O Se me dissessem que a minha PRIMEIRA história aqui na plataforma ia ser assim, teria entrado aqui muito antes HAHAHA! Obrigada por tudo e até quarta-feira <3 

PODER EXTRA G (degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora