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Catarina Ramos era uma mulher que vivia momentos, apreciava-os tanto que buscava eternizá-lo nas fotos que tirava. Engajada em projetos sociais, utilizando seu trabalho para ajudar outras mulheres, sempre teve muito certeza do que...
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Catarina não conseguia lembrar qual tinha sido a última vez que teve uma noite tão prazerosa com uma companhia com que pudesse conversar sem se preocupar. A noite estava silenciosa enquanto andava os poucos quarteirões de distância do restaurante que estavam. Júlia ofereceu carona para ela, que recusou, a noite estava linda; com as estrelas acompanhando a lua cheia; e gostava de andar sozinha, com a noite escura a cobrindo como um grande manto estrelado e misterioso.
— Sabe o que precisamos? De música — virou o rosto para Leandro, que caminhava silencioso ao lado dela.
Tinha sido muito atencioso dele se oferecer para acompanhá-la até o prédio que morava.
— Vai por música agora?
— Por que não? — Deu de ombros, buscando o celular — Esse luar lindo, a rua silenciosa, não fica com vontade de cantar? — Sorriu ao ver que tinha parado no começo de outra música que amava e muito adequada para o momento. Apertou o play e deixou em um volume agradável para ambos ouvirem.
— Jorge Vercillo? — Leandro reconheceu, olhou-a com as sobrancelhas arqueadas.
— Reconheceu bem rápido. As pessoas costumam confundir a voz dele com a do Djavan — abriu um sorriso para ele. — Particularmente acho bem parecidas. Conhece a letra da música?
— Não vou cantar — avisou.
— Bem, eu vou. — Deu de ombros. — Nada vai me fazer desistir do amor. Nada vai me fazer desistir de voltar — seu tom era baixo, mas cheio de emoção — Todo dia pro seu calor. Nada vai me levar do amor.
— Torço para que seu sonho não seja se tornar uma cantora. — Os olhos dele, por um momento, pareceu brilhar mais que as estrelas.
Catarina riu
— Sabe, você é muito tenso. Tem que se libertar. Fazer o que quiser fazer, sem se preocupar com que os outros vão pensar. Se quiser cantar, cante!
— Mesmo se cantar muito mal? — Arqueou as sobrancelhas e nenhum dos dois perceberam que pararam de andar, nem que estavam muito próximos um do outro, com os olhares conectados em um ar de flerte e brincadeira.
— Você não precisa ser bom para fazer o que gosta. — Disse simplesmente, com ares de sabedoria. — Não precisa se profissionalizar e fazer algo perfeito para validar seu gosto. As pessoas viveriam mais felizes se não se cobrassem tanto. Não acha?
— Mas não é tão fácil se livrar de certas cobranças. As pessoas sempre esperam que a gente seja o melhor.
E foi com esse tom sério na fala dele, com o olhar perdido em um ponto acima do seu ombro, que Catarina teve um pequeno vislumbre do homem que Leandro era. Ficou surpresa por não ter conseguido enxergar antes o peso que pairava sobre ele, a atmosfera sombria, insistente, que parecia o envolver exigindo uma perfeição que não existia. E pensando bem, era de se esperar esse tipo de comportamento.