CAPÍTULO LV

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NINA

O GABRIEL foi um tremendo mentiroso em me fazer acreditar que o tio Ca estava com alguém. Mas não só ele, minha mãe, meu melhor amigo, assim como a Clara.

O fato de eu imaginar ele com outra não foi o que me fez tomar a decisão de vir vê-lo, afinal, eu também tenho alguém na minha vida e não poderia cobrar por algo que não é meu, ou seja, o coração do tio Ca. Mas o que me fez vir, foi o medo de perdê-lo para sempre. Ouvir o Gabriel me dizer que ele tinha sofrido um acidente, me fez lembrar do que o meu pai contava... sobre o meu avô, o seu padrinho e até sobre o pai da tia Jéssica. E isso me mostrou que a vida é curta. Eu deveria me declarar, imagine se Deus o tira de minha vida... ele nunca saberia o quanto ele é amado, o quanto ele é importante para mim.

Então, na minha última ligação para o Gabriel, antes da decisão, eu contei a ele da minha saudade e como somente a voz do tio Ca, já me fazia falta e aquela foi a única vez em que o Gabriel me perguntou:

Por que você não vem vê-lo? Você não faz ideia de como ele ama você...

— Eu sei que ele me ama, sou a única afilhada que ele tem...

Nina, o Carlos me disse diversas vezes, como ele sente orgulho de você, de como você é inteligente, mas não tente mentir para alguém como eu.

— Advogado?

O melhor mentiroso da face da terra. Eu sei que você sabe que o Carlos te ama muito mais que uma simples afilhada.

— Claro, como uma filha.

Desde quando o que acontece entre vocês é coisa de pai e filha?

— Como é?

Vou te mandar uma coisa e depois conversamos.

Ele desligou. O que eu recebi? Um vídeo. O que havia nesse vídeo? E como o Gabriel tinha esse vídeo? Eu tinha que abrir a mensagem para ver.

O que havia no vídeo, era uma gravação de um beijo, o meu primeiro beijo com o tio Ca. Então, como curiosa que sou, não esperei o outro dia, peguei o telefone e liguei de volta para o Gabriel.

— Como você tem esse vídeo?

Por que você nunca contou ao Carlos desse beijo?

— Ele não lembra, e...

Nina, fui eu quem filmou esse vídeo. Não sei se você recorda, de quando o pai do Carlos morreu, mas a tia Carmem me ligou perguntando do Carlos e eu fiquei de ver com um amigo. Eu já imaginava que ele poderia estar bebendo em algum lugar ou ter ido para cachoeira, já que ele se sente bem lá, mesmo ocorrendo o que ocorreu com ele no passado, mas pensei... ' está chovendo, pra cachoeira eu duvido que ele tenha ido'. Então, liguei para um amigo, que disse ter visto o Carlos bebendo mais cedo e que tinha comprado duas garrafas de bebida, dizendo que iria para casa. Eu peguei o carro e fiz o caminho do tal bar até a casa do Carlos e notei vocês embaixo da chuva. Parei o carro e ia chamar vocês para entrarem... quando percebi o Carlos dizer que te amava.

— Ele sempre me disse isso... assim como eu a ele.

Mas tem uma coisa que você não sabe...

— O que?

Você não era nascida quando o Carlos foi apaixonado por sua mãe.

— E o que isso tem a ver?

Ele olhou para você do mesmo modo que ele olhava para ela, do mesmo jeito e talvez, com mais sentimento ainda. Então, eu tirei o celular do bolso e comecei a filmar, minha intenção era mostrar para ele no dia seguinte como ele ficava bêbado. O Carlos nunca foi muito de beber, ficar bêbado menos ainda, ao menos quando éramos jovens, e ele metia o pé na jaca, não haviam celulares com câmeras como hoje. Me surpreendi quando o beijo aconteceu. Ele beijou você e você não foi indiferente.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Where stories live. Discover now