THE BANDIT - EXTRA

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#SenhorCaraminholas

"Total abandono, abatido e encalhado deve pegar o bandido." The Bandit, Kings of Leon

A neve cai, mesmo sendo pela tarde, todos os floquinhos se acumulam nos cantos da rua e Taehyung deixou o carro em uma das três vagas da casa do casal amigo, bufando, desanimado, chorou por todo caminho, pensando na melhor maneira de lidar com o problema.

Porque ele não pode viver em paz? Abriu a porta para o interior da casa, o climatizador está bom, pelo menos isso. Ouviu um som na cozinha, um cheiro de kimchi, algo assim. Se observou no reflexo de uma dos vidros dos quadros, seu rosto está um pouquinho inchado e ajeitou os óculos sobre o nariz.

— Tae? — uma voz bem rouca o chamou da cozinha e ele suspirou, é Jimin, esperando.

— Oi, meu anjo — respondeu se aproximando e viu Jimin enfiado em um moletom enorme branco, tão grande que bate em seus joelhos e as mangas estão puxadas até os cotovelos, parecendo almofadas. Seu rosto rosa, por causa da leve febre e nariz pequeno inchadinho. Taehyung não pode evitar sorrir, mesmo que tanta coisa ruim esteja na sua cabeça, Jimin é sua casa e voltar para ele é segurança. — O que está aprontando?

Deixou dois pratos sobre a bancada e abraçou Taehyung de leve, o beijando sobre o peito.

— Fiz o almoço, estou me sentindo muito melhor...

Esfregou sua boca nos fios loiros, mas aquele abraço quente cheio de amor fez Taehyung chorar de novo. Fungando, chamou atenção de Jimin que levou a cabeça preocupado. As mangas do moletom caíram e esconderam suas mãos rosadas, e foi com elas que Jimin enxugou suas lágrimas.

— Taehyung? O que aconteceu? Porque chora?!

Como eu conto?

— Aí, amor... — murmurou e puxou os óculos do rosto, colocando ao lado do prato. — Fiz uma merda, uma merda tão grande... Eu tô um caco.

Preocupado, puxou Taehyung para se sentar no sofá da sala. Um dos cães até acordou quando viu o movimento, mas não se importou muito. Jimin sentou no seu colo, como se fosse uma bola branca de algodão.

Taehyung deitou a cabeça no peito de Jimin, chorando ainda, mas um pouco menos. — Você lembra quando... a gente foi comprar um terno vermelho para você, no Choi Lee?

— Sim, eu tenho até hoje, só fica um pouquinho largo agora — brincou e alisou a franja de Taehyung. — O que tem a ver, o que você fez de errado? Não entendo...

Fungou e fitou Jimin de canto, cheio de vergonha. — Bem, uma vez comentei que... seu pai me chantageou com fotos íntimas nossas e não expliquei o conteúdo delas pra você. Eram... fotos desse dia, de quando transamos no carro...

Jimin balançava a cabeça com paciência, entendendo tudo, deixou um beijo na testa do marido.

— O que tem a ver? Já passou, Porquinho, não pensa nessas coisas.

— Não, Jimin, não! — bateu um pé no chão. — Você não entendeu, eu não joguei elas fora! Era pra eu ter queimado! Qualquer coisa!

Sem saber que quase gritava, Taehyung deixou mais uma lágrima escorrer pelo rosto deixando o menor preocupado. Jimin limpou seu rosto com carinho.

— Elas... sumiram? — fez um bico e Taehyung concordou com a cabeça, quieto.

Jimin engoliu seco.

Silêncio na sala. Tanto que a sensação era de uma massa densa de tensão sobre o corpo dos dois, poderia até ser partida no meio com uma navalha. Taehyung segurou a mão macia do menor, apertando a ponta dos seus dedos de jujuba e beijou as costas da mão com carinho.

17h15 | vminOnde as histórias ganham vida. Descobre agora