RUN

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"Eles dizem que tudo acabou, mas eu não consigo parar, não sei mais se é suor ou se são lágrimas. Meu amor nu e os ventos do furacão também, apenas me fazem correr mais com o meu coração." Run, BTS

#SenhorCaraminholas

boa leitura

O sol já foi embora, pensou quando desceu do ônibus perto do subúrbio. Taemin não costuma sair assim, mas Jimin gosta da experiência do transporte público, coisa que amigo algum entende. Sempre observa as pessoas ao redor, andar em um veículo que não tem controle sobre e dependendo da rota conhece novos lugares.

Já fazem três semanas que ele se despediu de Taehyung por mensagem, forçado. Sabe que foi gentil em suas palavras e não explicou o que aconteceu para ele, contudo, esperava que o terapeuta ao menos teria ido atrás dele. Nem que fosse na padaria. E nessas ultimas sexta-feiras, ás 17h15, ele saia do balcão sem ser percebido para chorar no banheiro dos funcionários.

Jimin ajeitou a jaqueta verde sobre a camiseta fina de algodão branca e as calças apertadas jeans serviam para esquentar naquele final de crepúsculo. Seu amigo, platinado, lhe deu uma garrafa de soju no caminho, que foi consumida rapidamente. Já podia sentir os efeitos do álcool na mente quando chegaram no lugar da festa.

Faz tempo que ele não vai até o prédio da universidade de música, onde Jongin costuma pegar a chave da sala de recreação abandonada para suas pequenas bebedeiras e festinhas ao som de um rádio ruim, com muito soju, cerveja e pizza.

Dessa vez todos foram convidados, Jimin percebeu ao ver rostinhos familiares. Lhe entregaram uma garrafa de soju quando chegou e levantou a cabeça para ver se quem pertence essa mão e esse Rolex dourado. Jung Hoseok.

Hyung?

Bebeu alguns goles no gargalo, sem etiqueta alguma, derrubando o líquido transparente na gola da própria camisa. Muita música, sofás velhos, pianos abandonados, almofadas espalhadas pelo chão, com alguns travesseiros estourados fazendo bagunça pelo cômodo quente. Contou umas vinte pessoas rapidamente e voltou a beber.

Jongin tem um bom gosto para música, Jimin teve de confessar. Já foi a muitas festas na sua casa, contudo, todas as que são aqui sempre dão muito errado. Sabe disso, pois foi em uma delas que acordou no dia seguinte com a orelha furada e uma mordida na bunda sem saber quem fez.

Só que hoje não tem graça. Não tem, porque se sente quebrado demais pra ser feliz sem Taehyung ao seu lado. É como se estivesse só de corpo e a alma em casa, encolhida no canto do box do chuveiro, chorando e marcando o corpo se beliscões.

Nunca gostou muito de Arctic Monkeys, mas Arabella é uma música contagiante e invadiu seus ouvidos, assim como o álcool.

Depois de terminar o soju, que lhe foi entregue por Hoseok, recebeu outro de alguma garota estranha se cabelos roxos e doentes avantajados. Poderia jurar que a viu na escola a vez, mas não dentro e sim fora com Taemin. Se é amiga dele então eu posso confiar, pensou erroneamente.

Aquela bebida não caiu bem alguns minutos depois, ele dançava no meio da sala como se a voz de Beyoncé cantando Dance for You fosse um abraço, trocando os pés. O ritmo é sensual demais para ele conseguir conter e seja o que for naquele álcool, o deixou com a visão turva e confusa. Com certeza alguém colocou alguma coisa naquela bebida. Não seria a primeira vez, as pessoas daqui são todas mais velhas, sempre tentaram introduzir o menor a esse mundo perdido. Mas, como Taehyung sempre disse, ele é um bom rapaz e responsável demais pra isso.

Não tá certo sair de casa incompleto desse jeito e não consegue parar se dançar até que sentiu uma mão na sua cintura. Seja quem for, não é Taehyung, ele não conhece esse lugar, quem é você? Se virou para trás de viu Hoseok, extremamente bêbado, pedindo com os olhos para dançar com ele.

17h15 | vminOnde as histórias ganham vida. Descobre agora