A WAVE

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"Oh, onda quebre em mim, até eu estar inteiro de novo." A Wave, Kings of Leon

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#SenhorCaraminholas

O vento que vem dos caís, de um país cercado de água, parece mais fresco do que deveria, pelo menos no verão. Semanas se passaram e todos sabiam que aquele calor imenso uma hora deixaria a cidade cheia de água, por causa da condensação da água. Sendo assim, na primeira semana de férias das crianças, a água caiu como se não houvesse amanhã. O condomínio de luxo, fechado, onde os amigos moram, ficou livre de ter qualquer tipo de acumulo de água, mas não se podia dizer do mesmo das árvores e plantas, tão quanto jardins e até mesmo móveis que ficavam do lado de fora, nas varandas.

Pela janela, a pequena Aera parece muito irritada, segurando um porquinho de pelúcia, vestindo pijamas com o rosto inchado de quem acabou de acordar. Jimin surgiu na sala passou a mão nos cabelos da filha, que nem sequer se moveu.

- O que foi, filha? Toma seu suco, por favor - pediu apontando para o copinho com tampa cor de rosa, parado a muito tempo sobre o móvel. - Está brava com a chuva?

- Estou, papai! - exclamou como se fosse bater em cada gota de chuva. Chove tanto que aquela manhã está escura, percebeu. - Isso não é o que eu queria!

Rindo, Jimin ajustou seu moletom, sentando ao lado da menina. - Mas nem sempre acontece o que a gente quer, eu sei que combinamos de viajar hoje, e com essa tempestade não vai dar.

Taehyung ainda está dormindo, como de costume, dorme até mais tarde, odeia acordar cedo. Minjun resolveu dormir na cama com seu pai também, Jimin nem impediu, acha um amor como seu menino admira Taehyung e sempre quer ficar perto.

- Tempestades são horríveis, papai! Olha as árvores, tadinhas... - apontou. - Elas vão cair?

- Não, não, essas árvores da nossa casa são bem antigas - riu. - Menina, coma logo seu café da manhã, antes que eu fique bravo com você e tenha que fazer cocegas nesse pé!

Emburrada, ainda, a menina pegou o suco, mas continuou olhando para a janela com a mesma cara, insatisfeita com a natureza estragando seus planos. Passou a semana passada toda planejando o que seus pais prometeram: iriam para uma viagem de verão em para Jeju, o melhor lugar para uma família de classe média "alta" com duas crianças que não costumam ir para praia.

Também sonolento, Jimin passa a mão nos cabelos escuros, ouvindo o som da forte chuva no telhado, é bem incomodo, diga-se de passagem. Até que um trovão rasgou o céu e a menina arregalou os olhos, saindo de perto da janela, pulando para o colo do pai. Sem dizer nada, os dois se abraçaram.

Jimin se lembrou de quando viu Taehyung com medo dos trovões, pela primeira vez, no loft. Os dois eram estranhos ainda, dois rapazes sem amor, perdidos em uma cidade tão venenosa e confusa. No lugar do psicólogo salvar sua vida, Jimin que o fez e agora tem uma pequena menina, com o coração acelerado, o abraçando, procurando proteção.

Tantas coisas passam pela sua cabeça, como seu pai, por exemplo... ele jamais o abraçou em tempos assim e teve de aprender a não ter medo sozinho. Jimin não sabe o que é temer algo, a única coisa que o assusta é o fantasma das lembranças. Sabe que seu pai não pode se aproximar, tem leis, regras, processos, tudo o que for possível foi colocado entre o homem e sua família, assim nada vai acontecer com seus bebês.

Ouviu os passos pesados de Taehyung, claro que aquele trovão iria acordar o homem, que desceu a escada com o rosto inchado de sono e cambaleando. Jimin riu e chamou com uma das mãos. Agora, além da menina, Taehyung também está por perto, com a cabeça deitada sobre seu ombro.

17h15 | vminOnde as histórias ganham vida. Descobre agora