Capítulo 2: Coisas Horríveis Acontecem

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I can't live a lie, running for my life.
(Eu não posso viver uma mentira, correndo pela minha vida)
Wrecking Ball - Miley Cirus

Estava soprando ar quente da minha boca em minha mãos fechadas em formato de concha na tentativa de aquecê-las já que estavam tão duras e frias que doíam e pareciam congeladas

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Estava soprando ar quente da minha boca em minha mãos fechadas em formato de concha na tentativa de aquecê-las já que estavam tão duras e frias que doíam e pareciam congeladas.

Soprar também era um problema para mim, eu tinha que tomar cuidado para não abrir muito a boca, porque quando eu a abria, coisas horríveis aconteciam.

Eu não fui sempre esse monstro... Aliás isso começou junto com a Guerra.

Lembro muito bem do dia. Afinal, como eu não lembraria?

Estava na feira comprando as comidas novas. Comidas que também surgiram com a Guerra...

Os soldados precisavam de alimentos que não perecessem, para aguentarem por toda a marcha até as batalhas, assim como também precisavam de muita energia.

Então criaram essas coisas que eu tinha de admitir, eram simplesmente deliciosas! Salgadinhos, que não sei exatamente do que são feitos, mas realmente são bem salgados, chocolates que são doces marrons que deixam você mais feliz e com mais energia quase que instantaneamente.

Falando em coisas instantâneas, não podemos esquecer dos macarrões instantâneos! Quem diria que eles colocariam macarrão em um pacote! E são extremamentes práticos de cozinhar, então essas comidas realmente facilitaram não só a vida dos soldados, mas a nossa vida na cidade também.

E como bebidas, haviam criado uma espécie de xarope com bolhas, bem melhor do que suco, porque não são feitos de fruta, então não estragam.

Resumindo, eu não era a única na feira comprando o máximo dessas comidas que eu podia carregar...

Desde quando a Alemanha invadiu a França, o medo reinou nas cidades francesas, quase não saímos de casa, por isso a quantidade exagerada de comida, quanto mais tempo conseguíssemos ficar dentro de casa evitando os soldados alemães que rodeavam cada canto da cidade, melhor.

Não que nossa casa fosse segura, pelo contrário, eles viviam invadindo nossas casas e roubando tudo que quisessem, e misericórdia daquele que tentasse esconder algo e fosse descoberto...

Então se você não era pobre antes da invasão alemã, agora você certamente era. Todos nós passávamos fome, frio e tímhamos conosco apenas os objetos sem valor algum. Enquanto eles tinham tudo! Tudo que era nosso...

Voltei da feira, e assim que cheguei em casa e guardei as compras, abri a boca para cumprimentar minha mãe.

Mas assim que fiz isso, um som estranho saiu dos meus lábios, e os olhos, narizes e ouvidos da minha mãe começaram a sangrar.

Fechei rapidamente a boca correndo até ela desesperada. Mas era tarde demais. Eu havia matado minha própria mãe!

Meu pai estava lutando pela França, ou talvez já estivesse morto, não tínhamos notícia dele desde que partira... Então aquele foi o dia quando fiquei órfã, por minha culpa!

Operação EscarlateWhere stories live. Discover now