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24/12/2020

Estou de férias! E isso me trás um sentimento que eu nem consigo descrever bem. Passar um tempo longe da escola era muito relaxante, esperei tanto por isso. Longe dos falsos holofotes que criaram para mim através de José. Já faziam quatro dias que eu me sentia livre. Parecia pouco tempo, mas não para mim. Acordar um pouco mais tarde e comer o almoço gostoso da minha mãe não tinha preço. Eu ganhei mais seguidores nas redes sociais, inclusive o José.

Ou melhor, o preço era trabalhar com o meu irmão, porque junto com o Natal vem os clientes. Estava uma loucura! Estávamos andando pela lanchonete e fazendo desvios surreais para não esbarrar em ninguém.

Mas havia um evento hoje no qual eu anseio desde que fui convidada para ir. Uma festa natalina que terá no hospital da cidade. Eu nunca havia participado de algo no hospital em época festiva, então eu estava realmente animada para isso.

- Eleanor! - Lucas quase gritou. Eu não vi quando acabei esbarrando em um cliente que acabara de entrar. Tomara que isso não apareça no meu currículo, porque o casaco dele vai para a lavanderia.

- Misericórdia! Não se movimentem até que eu limpe. - eu disse assustada, assim fui andando cuidadosamente sobre os estilhaços do copo de vidro que derrubei. Peguei a vassoura e passei a varrer todos os caquinhos enquanto alguns clientes me olhavam curiosos - Me desculpa, moço?

- Tudo bem. Quer ajuda? - eu travei na hora. Aquela voz era do José! Meu corpo todo estremeceu, mas me esforcei para levantar minha cabeça e o encarar - Está tudo bem?

- Está, sim. - eu acabei soltando uma risada nervosa - Quanto tempo!

Sim, quatro dias.

- Pois é. Vim te desejar feliz natal. - ele sorriu, e era como se seu casaco nem estivesse molhado com café. José se livrou do casaco, ficando apenas com uma camiseta verde que usava.

- Ah, então... Feliz natal! - eu continuei a sorrir de forma vergonhosa. Eu realmente não me importava se ele estava me vendo trabalhando, minha preocupação era ter derrubado as bebidas nele. Lucas me mataria, e todos, inclusive o José, duvidariam da minha "competência".

Acabei por juntar os caquinhos bem rápido e fui para cozinha receber sermão do meu irmão. Eu entendo completamente porque ele não confia muito em mim para trabalhar, eu sou um desastre! Por esse motivo, a música é a carreira mais decente pra mim.

Eu ainda estava meio confusa com a repentina aparição de José, então o observei por um tempo enquanto ele tomava um capuccino. Eu deveria lavar seu casaco que sujei?

- Você se machucou? - Benjamin parou ao meu lado de repentr. Eu vi quando seu olhar me analisou dos pés a cabeça na procura de alguma ferimento.

- Não - eu sorri em agradecimento pela preocupação dele. Eu e Benjamin acabamos nos tornando amigos depois da cena do ônibus. Ele estava se soltando mais comigo e com meu irmão, mas algumas coisas sobre ele eram um mistério.

Ele sorriu em resposta e voltou ao trabalho. Uns minutos depois, uma menina entrou na cafeteria. Era a namorada de José e ele deu um grande sorriso ao vê-la. Benjamin anotou o pedido dela e também acho que ele notou meu desconforto desde que José chegou. José não olhou mais para mim desde que a namorada dele havia chegado. Suspirei.

- Lembra que você me disse ontem que queria conhecer meus irmãos? - Ben se aproximou depois de ter servido algumas mesas. Eu assenti - Minha vó está trazendo eles para lanchar. - ele sorriu um pouco.

- Mau posso esperar. - eu sorri também - Você vai sair hoje de noite?

Ele pareceu pensar um pouco. - Sim...

Música De Inverno Where stories live. Discover now