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18/02/2021

O dia estava chuvoso, em meados de fevereiro. O que significava menos clientes na cafeteria. Suspirei. Passei a desenhar nas cadernetas que estavam no balcão enquanto meu irmão preparava o pedido das cinco pessoas que estavam ali, de clientela.

Enquanto uma baixa música de jazz tocava, a chuva lá fora entrava em sintonia com a música. O cheirinho doce era abundante em todo o ambiente, por isso eu amava passar todo o meu tempo na lanchonete com Lucas.

— Que horas a Sofia vai chegar? — Lucas perguntou da cozinha, que não era tão distante.

— Daqui a uma hora. — eu visualizei a hora no meu celular.

Meu celular vibrou em cima da mesa com a chegada de uma nova mensagem. Mensagem do José. 

"Boa noite, Eleanor. Como você está?"

— Misericórdia, esse menino não sabe o que quer. — Lucas sussurrou no pé do meu ouvido, o que me fez tombar pra trás — Ficou nervosa, Aninha?

— Você que me assustou! — eu sussurrei para não chamar atenção dos clientes.

— Esses jovens de hoje em dia. — Lucas deu um risinho abafado, seu tom era semelhante ao de adultos e idosos que se gabam da infância.

Na velocidade em que os cliente foram começando a ir embora, eu e Lucas ficamos decorando a a lanchonete com balões roxos e rosas. Lucas tinha feito um bolo super fofo em formato de coração. Parecia uma delícia.

— Uau, isso está lindo. — mamãe disse assim que desceu para o andar de baixo. Ela olhou por toda a extremiadade do lugar e sorriu — Sofia vai adorar essa festa surpresa.

— Ela vai mesmo — eu confirmei, enquanto Lucas parecia viajar entre pensamentos enquanto bebia sua água com voracidade — E o melhor, Arthur me disse hoje que vai pedir a Sofia em namoro!

Lucas engasgou.

— Aí que lindo! Vai ser muito romântico, esse garoto parece gostar muito de Sofia. Espero que dê tudo certo. — mamãe deu um sorriso, logo em seguida um suspiro — Seu pai me pediu em namoro colocando o anel no meu sorvete. Por sorte, consegui defecar o anel no dia seguinte.

Eu e Lucas paralisamos, olhando surpresos pra nossa mãe.

— Precisava lembrar disso? — papai disse, descendo as escadas — Não é culpa minha se você era esfomeada.

Mamãe o olhou com fúria, e foi nítido que papai estremeceu, se arrepiou até o dedão do pé.

— Vamos jantar, querido. — mamãe deu ênfase no termo carinhoso, e tenho certeza de que papai ficou desconfortável com isso, mas a acompanhou até o andar de cima sem relutância.

Lucas foi tomar um bom banho enquanto eu ficava na lanchonete vigiando tudo. Até que...

— Eleanor! — Sofia gritou, correndo em minha direção pra dar um abraço enquanto eu permaneci paralisada.

— Como assim vocêe já chegou!? — eu dei um pulo da cadeira, empurrando Sofia que me olhou confusa. Eu nem só menos ouvi a porta abrir.

Tapei os olhos de Sofia o mais rápido possível e olhei para os pais dela, a irmã e Arthur que a acompanhavam.

— Boa noite, gente. — eu os cumprimentei, antes de parecer mal educada — LUCAS!

Gritei com todas as minhas forças. Cinco segundos depois meu irmão desceu correndo da escada, descabelado e com a camisa mal abotoada.

Música De Inverno Место, где живут истории. Откройте их для себя