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16/12/2020

Eu fiquei batucando meus pés no chão do ônibus durante todo o caminho até a escola. Sofia não me aguentava mais. Eu havia passado a noite toda me questionando se ele havia lido a carta, se ele me correspondia, ou se ele me escreveu uma carta de volta. Passei horas olhando a tela do celular, na espera de uma mensagem. Dormi na espera e em consequência não carreguei o celular. Ótimo.

Eu desci do ônibus correndo enquanto puxava Sofia pelo casaco rosa dela, e tenho certeza que ela me matará depois por isso.

- Eleanor! Para de correr! - Sofia gritou, tentando me acompanhar entre tropeços, mas eu só consegui parar quando cheguei na sala.

Ofegante, coloquei as mãos sobre os meus joelhos e respirei fundo. Sofia estava com a mão no coração, já suada.

- Parece que corri uma maratona - eu falei, Sofia me olhou com desgosto.

Vaguei meu olhar por toda a sala procurando a cartinha. Talvez eu devesse ter um pouco mais de paciência e esperar mais um pouco. Por fim, eu e Sofia nos sentamos em nossos lugares de sempre.

Eu e Sofia ficamos conversando por um tempinho, até que os demais alunos foram chegando também.

Sofia escreveu em um papel e me entregou.

"Chame ele para sair amanhã no seu aniversário"

A olhei perplexa, aquilo era demais. Eu mal havia me declarado.

José entrou na sala de repente e veio andando em minha direção. Ele sentou sobre a minha mesa e me olhou com seriedade. Engoli a seco.

- E aí, gata? - ele disse. Um meio sorriso surgiu de seus lábios.

- Eleanor! - Sofia deu um peteleco na minha cabeça, jogando minha ilusão pela janela sem dó nem piedade - Não dorme! Até que horas você ficou acordada?

- Três da manhã.

- Três da manhã!?

- Sh! Estou conversando com o José. - posicionei meu indicador sobre meus lábios e me voltei para onde José estava... Não está mais - Cadê ele?

- Você estava sonhando de novo.

- Droga. - murmurei, deitando minha cabeça sobre o casaco.

José nem olhou para mim no almoço. Como ele era de outra sala, era difícil vê-lo mesmo nos intervalos. Sofia passou o tempo tentando me animar, tentando me desenhar em seu caderno de desenhos. Ela desenhava bem, mas nem aquilo me animou. Ao final do dia, eu estava enfadada. Nem um único sinal de José.

E eu acabei escrevendo uma letra de música sobre isso e assistindo um episódio de alguma série na Netflix. Meu irmão se jogou na cama enquanto eu assistia.

- Estou morto. - ele murmurou agarrando meu travesseiro - Hoje saí espalhando cartazes pelo bairro em busca de um funcionário de meio período.

O olhei perplexa.

- Por que não me contrata, Lucas!? - quase o xinguei internamente. Há tempos em que quero trabalhar na lanchonete dele. Ele é simplesmente inacreditável.

- Você é de menor. - sua voz quase saiu inaudível.

- Palhaço. - me deitei sobre as costas dele - O que vai me dar de presente amanhã?

- Água. Você tomou banho quando chegou da escola? - eu assenti - Ew, está fedorenta!

Lucas deu uma risadinha.

[...]

17/12/2020

- Parabéns p'ra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! - minha família bateu palmas com animação. Eu tinha um sorriso enorme estampado no rosto. O bolo era todo de chocolate, maravilhoso! Obrigada por mais um ano de vida, Deus!

Música De Inverno Où les histoires vivent. Découvrez maintenant