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26/12/2020

A chuva já tinha parado, mas um aperto no meu coração estava me incomodando tanto. Eu me sentia sufocada, como se eu estivesse afogando. Meu peito doía tanto que podia ser comparado a um ataque cardíaco, palpitações tão fortes que causavam sensações de medo. Em todo o trajeto de volta para casa, eu estava agarrada com Lucas, eu o apertava com força, porque sentia que meu corpo poderia falhar a qualquer momento e eu pudesse cair.

Chegar em casa não melhorou isso...

— Isso é uma crise de ansiedade, Eleanor... — Sofia disse ao telefone.

— O que? Mas eu nunca tive uma. — eu diz entre soluços, segurando a vontade enorme de chorar.

— Sinto muito que você esteja passando por isso. — ela sussurrou — Acho que falar alguma coisa não vai melhorar isso, então eu vou permanecer aqui na ligação de voz com você, até que você se acalme...

Eu continuava a respirar ofegante, então tapei minha boca com meu cobertor.

— Por favor, chore. Tentar segurar só vai piorar. — e eu fiz o que ela disse.

[...]

30/12/2020

— Lucas! — eu empurrei a porta do seu quarto com força. Lucas caiu no chão.

— Tá doida, Eleanor? — ele colocou a mão no coração, se levantando — São quase três horas da manhã, vai dormir.

Quem me dera conseguir...

— Eu não consigo! — choraminguei, indo me deitar ao lado dele — Por favor, me diz o que você disse a ele.

— Isso que te causa insônia? — ele levantou as sobrancelhas, em desdém.

— Sim. Me diz, se não ficarei aqui te perturbando. — eu sorri provocativa, porque fazer olhinhos de gato chorão não funcionou nos últimos dias.

— Amanhã eu te conto, vá dormir.

Eu tenho imaginado mil e uma situações, e mesmo que eu tentasse não me importar, eu não conseguia. Lucas têm ignorado minhas petições para descobrir as mensagens, e eu tenho segurado meus dedos para não mandar mensagem para Benjamin perguntando onde ele está. Ele pediu espaço e eu quero respeitar isso, mesmo sendo difícil. Dormir têm sido um pouco difícil também, a única coisa que Benjamin nos deu foi uma carta. Se declarando para mim. E por isso eu tenho andado inquieta. Por que, Eleanor? Eu não o conheço a tanto tempo, mas me sinto tão apegada.

Me dei por vencida e voltei para o meu quarto, sem pestanejar, me ajoelhei para orar e dormir. Não havia muita coisa que eu pudesse fazer. Ficar plantada no restaurante do outro lado da cidade? Chantagear a vó dele para me dizer onde ele estava? Ele queria apenas um tempo... Mas, sinceramente, eu tinha medo de nunca mais vê-lo novamente. Tinha medo de ele ser alguém fugaz.

Eu queria poder viver um romance clichê com ele, como nos filmes, como eu imaginava sempre antes de dormir. Ele se declarou, e desde então meu coração está um pouco apertado.

Eu peguei meu ukulele e passei a dedilhar notas, meu sono ainda não chegava, nem letras de músicas também. Então, de repente, Lucas entra no meu quarto parecendo impaciente.

— Achei que estivesse dormindo. — eu sussurrei, enquanto ele pegava a cartinha de Benjamin. Ele colocou a carta na minha frente e apontou para algumas partes pequenas.

— Às vezes me pergunto como você conseguiu terminar o ensino médio. — ele deixou a carta em cima da minha cama e foi embora.

Felizmente, notei algumas letras em negrito que eu não havia notado antes... "Eu quero te ver. Te amo".

Música De Inverno Where stories live. Discover now