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11/06/2021

Eu dei um gole meu achocolatado, prestando atenção nos clientes que já comiam. Não havia mais nenhum pedido a fazer, então eu estava aproveitando meus minutos desocupados.

— Você tem certeza de que vai me deixar cuidando da cafeteria sozinha? — eu murmurei pra Lucas, que arrumava a gola da camisa. Ele sorriu de lado.

Sofia e Lucas começaram a namorar algumas semanas depois que ele se declarou, no dia 18 de fevereiro, graças a mim.

— Eu não confio em você. Já, já nossa mãe chega pra te ajudar. — eu rolei os olhos.

— Me iludi mais uma vez.

Lucas colocou a mão no topo da minha cabeça e bagunçou os meus cabelos que estavam presos.

— O que achou dessa roupa? — ele perguntou, fazendo uma pose engraçada. Ele tentava ser sexy, mas era cômico.

— Paciência, querido, um dia a beleza chega para você.

Sofia estava feliz. Feliz demais! E Lucas também, assim como nossas famílias e amigos. Fazíamos brincadeiras com eles no passado, mas nunca imaginávamos que realmente aconteceria. Desde o começo de namoro Sofia não teve mais crises de ansiedade, e isso era bom. Lucas a fazia bem.

Eu queria não ter inveja de vê-los sorrindo e desferindo beijinhos fofos em qualquer lugar, vendo as fotos deles nas redes sociais ou presenciando o jeito como se olhavam. Mas era inevitável...

Era inevitável não me sentir excluída ou ao sentir saudades do Benjamin... Já se passaram tantos meses que não o vejo e que não nos falamos que, sinceramente, eu não consigo imaginar que ele volte para me ver, mesmo que eu sempre olhe para a porta da cafeteria toda vez que algum cliente chega na esperança de que seja ele. Irônico, não?

O sininho da porta tocou, o que significava que Sofia – ou algum cliente aleatório – havia acabado de entrar na lanchonete.

Era Sofia.

Ela estava tão animada que quase veio pulando em nossa direção. Seu sorriso era enorme, e eu me sentia bem porque ela estava feliz.

Lucas paralisou. Provavelmente seria mais uma brincadeira dele.

— Sofia... — Lucas sibilou, ele ainda parecia em transe.

— O que foi? — ela ergueu as sobrancelhas e checou a própria roupa à procura de algum defeito.

— Lucas, para de babar. — eu murmurei, chutando a panturrilha dele.

— Não consigo, ela é linda demais!

Eu pisquei algumas vezes, quase desistindo de terminar de tomar meu achocolatado.

Sofia deu uma risadinha e foi até ele em pequenos passos de pinguin, depositando um abraço. Ambos se despediram de mim e caminharam um ao lado do outro até a saída. Suspirei.

Por que ainda estou pensando no Benjamin?

— Você parece meio tristinha ultimamente, meu amor. — mamãe logo apareceu atrás de mim. E eu queria que ela estivesse errada.

Faziam quase dois meses que meu coração precisava de algo. De alguém.  Por ele eu diria "não" a qualquer outro e o esperaria até minha última respiração. Mas por que ele não voltava...?

Na hora do almoço, eu dividi minha comida com meu cachorrinho, porque acho que ele também sente saudades de Benjamin. O cachorro que havia corrido atrás de mim, eu cuidava dele agora.

Música De Inverno Where stories live. Discover now