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26/12/2020

Eu fui para casa pensando no Benjamin, eu passei a noite pensando no Benjamin, eu escrevi uma música pensando no Benjamin, eu fiz minhas refeições pensando no Benjamin e eu assisti um filme romântico e pensei no Benjamin. Eu queria que aquele dia passasse rápido para que pudesse vê-lo logo. Eu telefonei para Sofia e permaneci falando sobre o Benjamin, e nem dei tempo para ela falar do seu vizinho, o que ela detestou, é claro.

— Eu não gosto do fato de ele estar de folga. Não posso vê-lo. — murmurei ao telefone.

Estou passando a me tornar uma amiga ciumenta. — Sofia murmurou com desgosto e eu dei uma gargalhada.

— Venha dormir aqui hoje, vamos maratonar romances adolescentes. — eu sugeri, me levantando da cama para comer alguma coisa.

Não, você vai passar o tempo inteiro me falando sobre o Benjamin. Eu não sou boba.

Eu liguei para o Benjamin. Duas vezes, pra ser exata. Mas ele não atendeu. Eu estava curiosa, mas eu não quis ser incoveniente, talvez ele estivesse em um bom momento familiar. Mas no outro dia ele não veio ao trabalho. Meus pais conversaram sobre o sumiço dele e pareciam preocupados.

— Será que ele está bem? — Mamãe questionou, demonstrando preocupação — Ele tirou folga tão de repente.

— Não sei. — Lucas direcionou seu olhar para mim — Não tem nada a dizer? Ele não é seu namorado?

Eu joguei um pedaço de macarrão na cara dele. Papai e mamãe me olharam com a dúvida estampada no rosto.

— Definitivamente isso é uma surpresa. — mamãe manteve seu olhar sobre mim de forma questionável. Então, cruzou os braços, se inclinou em minha direção e apertou os olhos — Não era José?

Meu pai virou a cabeça com uma rapidez surpreendente para minha mãe.

— Como assim? Que José?— papai piscou algumas vezes, enquanto Lucas segurava a risada.

Eu limpei a garganta.

— Eu superei o José.

Lucas soltou uma gargalhada alta, que assustou todos que estavam na mesa.

— Mãe, o José deu um fora nele uns dias atrás. E bem rapidinho ela fez amizade com o Ben. Ela fica conversando com ele até onze horas da noite pelo celular, todo dia. — Lucas cuspiu as palavras como um rap do Eminem.

Eu queria dar um chute nas panturrilhas de Lucas, mas certamente seria repreendida. Suspirei.

— Ele é legal. — meu pai ainda permanecia boquiaberta olhando para mim desacreditado,  enquanto mamãe tentava assimilar tudo o que Lucas dissera — Não é como se eu fosse querer namorar e casar com ele. É apenas uma apaixonite.

Meu pai suspirou e voltou a comer, assim como todo mundo.

Depois do almoço, eu precisei ajudar Lucas na lanchonete, mas a cada notificação no meu celular, eu verificava. Eu acabei fugindo um pouco e me escondi no quartinho da limpeza, onde orei pela vida do Ben. Espero que ele esteja bem.

Sofia me enviou algumas mensagens me convidando para ir ao cinema, mas eu não tive vontade alguma, mesmo que eu goste muito. Sofia insistiu um pouco antes de eu a convencer do contrário.

Eu queria apenas me deitar, comer brigadeiro de panela e assistir um romance adolescente de escola. Eu me sentia realmente chateada. Mas meus anseios foram interrompidos quando um policial entrou na lanchonete de repente. E estava tudo normal até que...

— Vocês sabem onde está o Benjamin Barbosa da Silva? — eu e Lucas trocamos olhares. Seria possível isso?

— A última vez que o vimos foi ontem pela noite. — Lucas disse sem hesitação — Ele está sumido?

— Infelizmente, sim. Desde esta manhã.— o policial suspirou, ainda olhando o local. Ele visualizou todo o ambiente, para ter certeza da ausência de Ben, e foi embora depois de tomar um café. Eu e Lucas permanecemos na dúvida se o Benjamin fez algo errado ou realmente sumiu.

Lucas ficou um pouco inquieto, tanto que estava batucando uma caneta no balcão.

— Você mandou mensagens para ele? — Lucas soltou a caneta, como se ela tivesse se tornado tão pesada quanto uma âncora, e se direcionou a mim.

— Sim, várias. — Lucas pareceu confuso.

— Me dá seu celular. — ele estendeu a mão, então precisei me levantar e o entregar — Veja e aprenda.

Ele escreveu algumas coisas no meu celular e então pôs no ouvido, sou suspeita a dizer que ele estava ligando.

— Ben? — Lucas deu um sorriso de vitória e olhou para mim de forma convencida — Onde você está? Você está bem?

Meu coração passou a bater se fela descontrolada. Não estive tão ansiosa assim desde o dia que cantei no hospital e dancei com Ben.

— Podemos nos encontrar?

Lucas desligou o celular e deu uma dancinha da vitória.

— Como você fez isso? — foi tão rápido que eu até me perguntei se eu havia dormido de novo. Nunca se sabe.

— Ele está do outro lado da cidade. Vamos. — Lucas nem arrumou o restaurante, apenas trocou de roupa e fechou o lugar. Estava chuviscando, mas por sorte estávamos com moletons. Daqui até o outro lado da cidade era cerca vinte minutos.

Chegamos ensopados. A pequena chuva se tornou forte e não conseguimos evitar ser pegos por ela. Lucas estacionou a moto, então ficamos sentados nas mesas do lado de fora do restaurante, alguns olhares caíram sobre nós, mas só estávamos esperando uma pessoa.

Eu peguei meu celular, para ver como Lucas havia conseguido falar com Benjamin.

— Você escreveu alguma coisa pra ele? — Lucas assentiu — Mas não tem nada aqui.

— Eu apaguei. Foi uma pequena chantagem emocional. — Lucas deu uma risadinha.

— Boa noite, jovens. — o garçom se aproximou, e Lucas já ia negar o cardápio, mas então ele nos entregou um envelope — Um jovem saiu a pouco tempo e me pediu para entregar isso para vocês.

Eu e Lucas nos entreolhamos.

— Obrigado. — Lucas agradeceu e pegou o envelope — Se ele já foi embora, devemos ir também.

— Veja se a carta é dele primeiro. Alguém pode estar nos enganando! — eu insisti, me sentindo agoniada.

— Quem me dera, Aninha. Vamos. — meu irmão colocou meu capuz de volta sobre a minha cabeça e me puxou para onde a moto estava.

— Lucas! — eu tentei o puxar de volta — Vamos esperar mais um pouco.

Lucas me encarou. Eu sabia que ele já estava ficando sem paciência, então apenas subi na moto.

"Querida Eleanor...

Nós nos conhecemos quando eu estava em um momento difícil, e talvez você não lembre, mas você acalmou meu coração sem perceber. Você foi um dos motivos que me fizeram continuar. Eu quero te proteger, te fazer sorrir e acabar com sua insônia, assim como você acabou com minha tristeza. Conviver com você nesse pequeno tempinho me fez esquecer temporariamente dos meus problemas. Mas há algo acontecendo de novo. Meu barquinho está balançando na tempestade, e eu estou com medo. Minha família está passando por um momento difícil. Suas ligações me fizeram hesitar por um momento, e quase voltei correndo apenas para te abraçar. Sem rodeios, o que eu quero dizer é que, eu tenho uma queda por você. Não, melhor, eu não consigo me imaginar sem você. Eu queria dizer isso pessoalmente, mas me dê algum tempo... Não se preocupe comigo. Se cuida."

Continua...

Aí gente eu quero colocar o Ben num potinho pra ele não sofrer no mundo. 🥺❤️

Música De Inverno Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang