Capítulo 106: Uma irmã

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POV Luna

Terminamos o almoço e as meninas se dividem em quem ficaria na casa e quem iria para a balada secreta. Em meio a isso decidiram que eu seria responsável pelo problema Júlia e pela caixinha que já estava deixando todos irritados.

- Por que tá todo mundo indo em bora? – Júlia pergunta se aproximando enquanto eu lavava as vasilhas do almoço.

- Eles estão indo trabalhar. - Digo terminando minha tarefa e a vendo escorada no balcão da cozinha.

- Então acho melhor eu ir, né? Provavelmente você também vai ir trabalhar para não ter que me explicar o que realmente tá acontecendo. – Ela diz rindo.

- Não, eu não vou trabalhar e você tem razão, precisamos conversar. – Digo caminhando até a sala onde as crianças estavam reunidas junto de Din e da Maju.

- Eu vou sair com a Júlia, qualquer coisa que precisar me liga. – Aviso Maju que confirma com a cabeça.

- Também me nos avise caso... você sabe. – Maju diz voltando sua atenção para as gêmeas que estavam fazendo suas lições.

- A gente vai treinar hoje né, mãe? – Chiara pergunta ouvindo a conversa.

- Mãe? – Ouço Júlia exclamar baixo.

- Vamos sim filhota, assim que eu voltar. -Digo e vou até ela e lhe dou um beijo na bochecha.

Mel corre até nós e nos abraça bem forte. Encho as duas de beijos e me despeço de todos ali. Júlia acena para todos e me acompanha para a saída da casa. Subo na minha moto e entrego um capacete para ela.

- Aonde vamos agora? – Júlia pergunta desconfiada.

- Você precisa ver um lugar para entender aonde está se metendo antes de saber qualquer coisa. – Digo séria acelerando a moto.

Ela sobe na minha garupa e vamos juntas para o condomínio. Estaciono a moto enfrente a casa que estava com a porta arrombada e completamente escura.

- O que aconteceu aqui? – Júlia pergunta assustada com a situação do lugar.

- Aqui era a casa de uma...amiga. Ela foi sequestrada aqui dentro, as meninas tentaram impedir enquanto eu... eu estava na casa do irmão fugindo dos problemas. Quando chegamos, ela já... não estava mais aqui. – Digo tentando não deixar a imagem da Cristal voltar a minha cabeça.

- Então por isso você anda armada? Proteção? – Júlia pergunta analisando o lugar.

- Digamos que sim. – Responde seca.

- Você a amava né? – Ela pergunta e sinto minha voz travar e minha garganta secar.

- Sim... e desisti quando os problemas aparecem. – Digo e ela me encara.

- Sinto que essa não é toda verdade. – Ela diz com uma expressão um pouco decepcionada.

- É o que posso te contar no momento. – Digo e ela apenas confirma com a cabeça.

- Está bem, confio em você e vou ajuda-las no que for preciso para trazer a amiga de vocês de volta. – Ela diz com um sorriso

- Não estamos atrás dela você entendeu errado, só te trouxe aqui para mostrar que se envolver com a gente é perigoso. – Digo e a vejo rir.

- Luna, querendo ou não, eu te conheço, sei que não abandonaria uma pessoa importante não importa o que tenha acontecido, logo aquela pistola não era só para defesa pessoal. – Ela diz colocando as mãos nos meus ombros e olhando no fundo dos meus olhos como se pudesse me ler. – Eu também não fui totalmente sincera sobre o meu passado, eu te contei sobre o que aconteceu com a minha família, mas não consegui contar a parte principal. – Ela se afasta e percebo sua voz se tornar melancólica. – Duas noites antes de tudo aquilo acontecer, meus pais me proibiram de continuar com a mina que eu gostava, diziam que eu estava cega por ela e isso apenas iria me prejudicar. Bem... eles tinham razão, eu contei tudo pra ela, tudo que acontecia no morro, já ela... como posso explicar... ela era uma policial disfarçada, mandada pra me investigar.

- Merda... – Digo sem pensar.

- Sim, uma grande merda, ela passou tudo que eu disse pro comando e eles arquitetaram uma estratégia para invadir, avisaram ela e ela me tirou de lá naquela noite. Disse que me amava de verdade e não queria me ver morta, ela mal sabia que eu morri naquela noite, junto deles. – Júlia contava e percebi uma lágrima solitária como ela escorrer pela sua bochecha. – Pode não parecer as vezes, mas hoje eu entendo a importância de colocar nossa família antes de tudo e mesmo que não me considere... você já é como uma irmã pra mim e a muito tempo não me sentia ligada a alguém como me sinto com você.

- Eu acredito em você Júlia, sinto verdade em suas palavras e também te considero bastante, a questão são as meninas, elas também precisam confiar em você e não posso força-las a isso, mas não acho que elas negariam uma ajuda na situação que estamos. – Digo sorrindo para ela. – Vamos sair desse lugar e caso eu não tenha deixado claro, você é muito bem vinda para ficar conosco só evita fazer muitas perguntas.

A vejo rir enquanto enxugava o rosto.

- Ainda tem que me contar da Chiara. – Ela me lembra com um sorriso no rosto. – Mãe? Isso é uma surpresa inesperada.

- Ela não é minha filha de sangue, mas é como se fosse. Cristal é o nome da mãe dela, mas no momento ela não ta com a gente, acho que vocês duas se dariam bem, na verdade, pensando melhor, não tenho tanta certeza, ela é bem ciumenta quando o assunto é a Chiara. – Digo forçando o sorriso tentando me lembrar dos momentos bons que já vivemos.

- E onde ela tá no momento? A Chiara já é linda, a mãe deve ser mais linda ainda e com esse nome, já me chamou a atenção, Cristal. – Júlia dizia empolgava e sinto uma ponta de ciúme pela forma que ela se expressava.

- Ela é bonita mesmo, mas não é nada fácil e provavelmente vai ficar um tempo distante por causa do trabalho. – Digo e vou em direção a saída da casa.

Apesar de tudo, nunca imaginei que isso poderia acontecer, realmente acredito nela e sinto que pode nos ajudar. Agora só falta as meninas acreditarem também.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora