Capítulo 109: Me deixa sair

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POV Luna

Pego a caixa que havia deixado no porta malas da moto junto da lanterna que Lúcio me emprestara. Volto para o barraco e me sento ao lado de Chiara com a caixa em meu colo.

- Descobriu alguma coisa sobre ela? – Chiara me pergunta curiosa.

- Acredito que sim, hoje quando Mel me puxou para ver um desenho dela, ela me disse que o Teddy a ensinou a fazer uma tinta invisível, essa tinta só se torna visível quando colocamos uma luz focada nela. – Digo enquanto Chiara me observava. – Foi quando me lembrei da frase que traduziu...

- Veja além do que seus olhos podem lhe mostrar. – Chiara pega a caixa e a lanterna animada sem me deixar testar minha teoria.

Já estava de noite, então o lugar já estava escuro o suficiente para fazermos o teste. Chiara coloca a caixa sobre o banco entre nós duas e liga a lanterna. A luz passava sobre o a imagem na tapa da caixa e deixava visível diversas digitais, arranhões, os pontos da frase em braile e uma linha que contornava a imagem formando um retângulo escondido sobre ela. Logo Chiara retira um canivete de seu bolso e começa a tentar retirar aquela imagem dali.

- Desde quando você tem um canivete mocinha? – Pergunto não me lembrando de tê-lo dado a ela.

- Tia Vanessão me deu para me defender na escola. – Ela responde terminando de retirar a imagem que em cobria uma espécie de abertura.

Havia uma parte mais desgastada na tampa da caixa sob a imagem. Chiara me olha ansiosa e com seu canivete forço a abertura daquele local e finalmente conseguimos ver um caderno escuro não muito grande escondido ali.

- Uma agenda? – Chiara diz decepcionada.

- É o que me parece. – Digo pegando o objeto.

O caderno não nos parecia antigo nem nada. Porem com certeza era usado pelo fato de ter algumas manchas na capa.

- Decepcionante. – Chiara diz rindo.

- É... tivemos tanto trabalho pra isso. – Digo rindo com ela. – Bem, então acho que já podemos voltar pra casa.

- Não vai olhar o que tem nele? – Chiara pergunta se levantando.

- Não, vou deixar para suas tias decidirem o que fazer com isso. – Digo e me abaixo em sua frente para leva-la no cavalinho até a moto.

Em alguns minutos chegamos na casa e Lúcio acompanha Chiara para a cozinha já que a mesma não havia jantado antes de irmos e nem eu. Porem estava sem fome e decido ir para o meu quarto descansar. Deixo a caixa com a agenda sobre a cômoda ao lado da minha cama e vou até o banheiro tomar um banho antes de dormir. Ficou alguns minutos sob a ducha fria e saio dali logo vestindo uma blusa larga, preta e um short confortável, pequeno e cinza. Me deito na cama e fico um bom tempo encarando o teto até que finalmente me rendo ao sono e adormeço.

Não sabia onde estava, apenas estava deitada em algum lugar, um lugar completamente escuro e muito frio. Tento me mover e percebo que também era bem apertado. Em segundos consigo ouvir suspiros de alguém que estava ali comigo. Sua respiração era quente ao tocar minha nunca, mas pelos sons não me parecia estar conseguindo realiza-la com facilidade. Me viro com muita dificuldade e ali estava ela mais uma vez e dessa vez ela estava toda encolhida ali. Ela estava despida, seus lábios estavam roxos pelo frio e em sua pele extremamente pálida, as marcas de cortes e roxos estavam evidentes.

A prenderam dentro de uma espécie de freezer... Não... eu me recuso a ver isso... eu não consigo encara-la assim, por favor me deixa sair... Me deixa acordar... eu só quero acordar... por favor.

Acordo desesperada e sinto as lagrimas molharem minhas bochechas. Isso não pode ser real, não... eu me recuso a acreditar que é por isso que ela está passando. Eu... não consigo fazer nada pra ajuda-la. Me encolho na cama e começo a desabar, como pude deixa-la lá? Por que nunca consigo protege-la?... limpo meu rosto e encaro a agenda sobre a cômoda.

- Qualquer coisa é melhor do que voltar para aquele pesadelo. – Digo para mim mesma e pego o caderno ao meu lado.

Me sento na cama e ligo um abajur que havia próximo a mim. Encaro a capa escura daquele caderno por alguns segundos enquanto criava coragem para ler o que é que estivesse ali. Abro e percebo que haviam algumas páginas arrancadas e a letra dela nas páginas seguintes. Havia uma contagem de tempo em destaque antes do texto.

"DIA 36 APÓS DESCUBRIR QUE COLD ESTAVA VIVO

Após dias com Teddy insistindo em me encontrar a sós, há dois dias conseguimos nos ver sem que Cold soubesse. Ele me levou até um lugar lindo no Norte. A vista de lá era magnifica e me trazia uma paz inexplicável. Teddy me contou que aquele era um lugar especial para ele e que ali eu estaria segura para contar tudo que sentisse vontade. Saber que meu irmão estava ao meu lado era tão reconfortante que não consegui me conter e simplesmente desabei para ele. Contei sobre toda a máfia do Cold, sobre as ameaças e sobre um plano para me livrar dele de uma vez por todas, mas para isso precisava que Teddy me auxiliasse em algumas partes. Nem se quer precisei pedir sua ajuda já que antes mesmo de terminamos de conversar ele já afirmou que estaria comigo. Pedi para que ele procurasse um local seguro e quando chegasse a hora, ele deveria mandar todas as crianças incluindo a Mel e a Chiara para esse lugar. Não posso arriscar que elas se envolvam quando a situação complicar.

Em seguida o alertei sobre quando atacaríamos, o deixei alerta que Cold pretendia se casar e logo em seguida desaparecer comigo e com a Chiara, por isso o momento perfeito para entrarmos em ação seria o dia do casamento. Provavelmente todos os capangas dele estariam lá e ele estaria completamente distraído por causa da ocasião. Deixei claro a ele que apenas os meninos seriam meus convidados para o esse evento. Assim não haveriam inocentes no local e as meninas provavelmente estariam seguras junto das crianças. Nada pode falhar e se falhar, bem ainda tenho tempo para investigar e traçar um plano B. Teddy me deu uma caixa e essa agenda quando nos encontramos. A caixa vai ser útil como um cofre para essas informações já que se baseia em um enigma para ser aberta e o caderno vai me servir para escrever meus relatórios do dia e manter as informações que consegui organizadas. Ele me explicou como funciona, se não fosse por isso provavelmente levaria dias para abri-la.

Aquela conversa com Teddy foi revigorante, como se eu tivesse encontrado nele a força que eu precisava para continuar e valeu a pena cada insulto, ameaça e agressão que recebi por ter saído sem permissão. Eu precisava conversar com alguém e dessa vez meu porto seguro foi ele."

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora