Capítulo 176: Perdão

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POV Cristal

Ali estava ela, tão majestosa e gigantesca quanto me lembrava, mas agora possui quatro covas marcantes a sua volta.

Flashback ligado.

— Viu só! Avisei que esse é o lugar mais bonito de todo o mundo. Isso graças a essa grandona aqui. Vai dizer que não valeu a pena? — Nós dois estávamos ofegantes, mas não tinha como negar.

A vista, todas as flores e essa árvore com certeza tornam esse lugar mais que especial. Dava para sentir o amor que ele tinha aqui.

— Sei que não temos muito tempo, mas preciso mostrar isso para você antes do assunto sério. — Ele estava animado e puxou-me para bem perto do tronco da árvore. — Consegue ver? Foi difícil escondê-las entre as rachaduras, mas gostei do resultado.

Quatro letras camufladas pelas linhas na casca da árvore.

— D, C, T e L... Deveria saber o que isso significa? — Questiono e ele ri.

— Não, mas deixa que explico para você. Essas são as iniciais das pessoas e conquistas mais importantes para mim. D de Din, pode ser um imundícia, mas não poderia escolher irmão melhor. C de Cristal, o amor da minha vida, mesmo que eu não seja o seu. T e L de The Lost, a minha família. — O olho dele brilhava. — O problema é que falta uma letra. A maior de todas que só tem quatro anos.

— Por que não colocou a Mel antes? — Pergunto e ele coloca um canivete na minha mão.

— Não poderia fazer isso sem a mãe dela. Queria que fosse mais especial, como uma cerimônia, mas com tudo que está acontecendo. Sinto que não terei uma oportunidade melhor que essa. — Ele parecia envergonhado e nervoso. — Ela já a considera uma mãe, só para "oficializar" tudo. Aceita exercer o papel maternal na criação da minha filha Cristal Giorno?

— Nem preciso responder, ela é a minha filha. — Digo toda boba com o pedido dele que guia a minha mão sobre a árvore e juntos escrevemos mais uma letra, M.

Flashback desligado.

Vanessão, Max, Diego e Teddy... O vazio no meu peito diante deles. Se arriscaram para me trazer de volta e nem pude os agradecer. Perdão por evolvê-los nisso, por não estar ao seu lado. Pego o bloco de notas e com o nome de cada um nos meus pensamentos começo a escrever.

*Vanessão, ninguém é ou será capaz de descrevê-la. Racional e insana em simultâneo, mas em medidas e momentos diferentes. Deixei peso demais nas suas costas, perdoe-me por isso. Sabia que era capaz de lidar com a situação e que contaria para as meninas quando acreditasse ser o momento certo. Protegerei os seus filhos com toda a dedicação que teve na minha busca e prometo pela terra que ainda há de devorar-me, nenhum deles terá de lidar com as nossas escolhas e consequências. Os acompanharei pelo caminho que escolherem como espelho do seu amor.

Max, o homem que daria a volta ao mundo se fosse necessário para manter a sua família unida. Não éramos tão próximos, mas o observei e sempre esteve ali, pronto para apoiar todos, não importa a dor. Nunca o veríamos chorar, pois, antes dos próprios sentimentos, estava os dos outros. Sensato e leal do início ao fim. Garanto que serei o suporte daqueles que protegeu, não importa o que custe.

Diego, o que escrever sobre você? Quieto, discreto e centrado, era assim que o via. Precavido e preocupado com o futuro, não o seu, mas dos seus filhos. O centro do seu amor e atenção. Eles estão a salvo e continuaram assim, mesmo que cresçam. Não posso garantir que nunca se machucaram, pois, sabe tanto quanto eu a importância dessas feridas para o crescimento deles. Apenas posso prometer que não se esqueceram do herói que os protege.

Teddy... E-eu não consegui cumprir o nosso combinado... *

Flashback ligado.

— Agora que o momento fofo acabou, vamos para o assunto sério. Então, qual é a daquele cara? O pai da Chiara, né? — Teddy zombava.

— Ele é o líder de uma máfia que fugiu dos Estados Unidos e já conquistou o mercado de armas e explosivos de São Paulo em menos de um ano, só isso. — Explico o pouco de informação que tenho sobre o passado de Cold.

— Está de brincadeira com a minha cara, né? Como aquele merda conquistou tudo isso? — Ele estava incrédulo, mas sério.

— Herança do pai se não me engano. Pelo que descobri, a maioria dos capangas o segue por respeito ao líder anterior. São instáveis, mas bem treinados e numerosos. Alguns são ex-militares do exército americano, disciplinados e expulsos por abudo de poder contra soldados de hierarquia menor. Não sei como se envolveram nisso, mas dificultam e muito a nossa situação. — Sento numa raiz e encosto as minhas costas no tronco.

— O que eles querem aqui? Até entendo o amor por uma filha, mas fala sério, ele não movimentou toda essa gente pela Chiara. Mal vejo esse cara com ela. — Teddy tentava encontrar uma lógica nele.

— Ele não está só atrás da Chiara. O objetivo principal, sou eu. Cold pediu a minha mão ontem, por isso precisava falar com você. — Ele encara-me.

— Que merda está pensando? O cara está atrás de você e o coloca dentro da sua casa como uma recompensa? Surtou de vez? Diga que não aceitou essa merda de pedido ou sei lá, deu as costas e ignorou ele. — Teddy andava de um lado para o outro já irritado.

— Se fosse você ou a Mel, qual escolheria? Não posso deixá-lo chegar perto da Chiara, mesmo que isso signifique aturá-lo debaixo do meu teto. Talvez seja loucura, mas não vou deixar as meninas, nem a minha filha pagar pelos meus erros. O casamento pode ser uma boa distração, o momento perfeito para atacarmos. Até porque ele quer sumir comigo após a cerimônia. O convenci a não incluir a Chiara nesse plano como condição para aceitar a proposta. — Um silêncio de desapontamento surgiu entre nós, mas ele ainda estava agitado. — Tive a chance de matá-lo antes de tudo isso começar e não fiz por sentir-me insuficiente para a Chiara. Sem pensar em como isso interferiria na vida da Luna, das meninas ou dela. Fiz uma escolha idiota e egoísta e se a consequência dela for casar com ele, então farei. — Aumento o tom de voz e ele acalma-se.

— Droga! Como vamos fazer isso? Quer que eu suma com ele do mapa? Se Cold é tão poderoso assim não vai ser uma tarefa fácil ou rápida. — Ele senta ao meu lado com as mãos no rosto.

— Vamos acabar com ele, com todos eles de uma só vez. — Digo com o olhar fixo no horizonte. 

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora