tempestade

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T E M P E S T A D E

O jantar foi servido. Em um extremo da mesa, Thomas, e no outro, Arthur. John estava ao lado do Shelby mais velho, e Finn estava ao seu. Trinity e seu pai se sentaram do outro lado da mesa, de frente para John e Finn. Michael e Polly preenchiam os outros lugares.

— É uma casa bonita, Mr Shelby. — Airon elogiou, entre uma garfada e outra. — Uma propriedade e tanto.

— Ah, sim. Distante da cidade. Os meus pulmões agradecem.

— Os seus pulmões... — Trinity resmunga baixinho enquanto prendia o riso. Thomas capturou isso.

E todos os outros Shelbys na mesa. Eles a fitaram com aquela expressão característica, ou, mais precisamente, sem expressão alguma.
Exceto quando Finn curvou quase imperceptivelmente o canto da boca.

— O que disse, Miss. MacGyver?

— Nada, Mr. Shelby. — o escárnio em sua voz foi tão evidente que Arthur e John não conseguiram prender a risada.

John bateu o ombro no do irmão. Polly e Michael também sorriram. Airon hesitou um pouco, mas cedeu enquanto a sombra de um sorriso nasceu nos lábios de Thomas. Finn deixou os lábios se curvarem de vez, a encarando sem nenhuma evidência de qualquer outra emoção além desse curvar.
O jantar seguiu sem muitos outros comentários ou emoções, então a maior parte do tempo eles comiam em silêncio e o tilintar de copos e garfos era audível. Isso e a chuva que começou a cair lá fora.

Ao fim da refeição, um dos homens de Airon chegou para alerta-lo de que deveriam ir logo. As estradas não demorariam a se transformar em rios de lama e isso certamente dificultaria a chegada até a cidade.

E apesar de Airon ter verdadeiramente se apressado, isso ainda não foi suficiente para poupar a ele e sua filha do transtorno. Trinity se despediu com um aceno breve para os integrantes da família Shelby, inclusive para Finn, quem deixou os seus olhos presos na garota até que ela sumisse de vista.

O garoto foi o primeiro a voltar para o interior da casa. Estava conformado em passar a noite ali, com os irmãos, e ir no dia seguinte. Subiu para um quarto. Retirou o blazer e subiu as mangas da blusa branca. Seguiu até uma bacia com água e lavou o rosto, pensativo.

Uma explosão.

Finn achava que aquilo já estava acontecendo. A explosão. Ele realmente não tinha ideia alguma do que o esperava, mas descobriu que a garota era bem mais imprevisível e complicada do que poderia ter pensado em algum momento. Trinity era complexa.

Finn resolveu esquecê-la por algum tempo. Dormir bem aquela noite e no dia seguinte, bom, aí ele poderia voltar aos seus devaneios insistentes. Alguns fios de seu cabelo caiam por sua testa, a chuva batia forte contra o telhado e o vento contra as janelas.

E então alguém bateu na porta.

— Finn! — Arthur gritou enquanto continuou a fazer isso.

O Shelby mais novo foi até lá e a abriu, confuso.

— Arthur? O que foi?

— O carro dos malditos MacGyver emperrou na estrada. Afundou na lama. Vá ajudar a trazê-los para cá outra vez.

Finn assimilou as palavras e assentiu, preparando-se para voltar ao interior do quarto e vestir o seu blaser e até um sobretudo pesado, mas Arthur o segurou pelo ombro.

— A garota está congelado, Finn. Traga o sobretudo para ela — Arthur sorriu, mostrando os dentes — e faça isso rápido.


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