o bilhete

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— Espera, deixa eu ver se entendi — Polly ergueu o canto da boca em uma risada enquanto soltava o ar do cigarro por entre os lábios — a garota que você supostamente está tentando conquistar foi até o seu quarto para saber como você estava, e você estava transando com a Kimberly? E, pior, você a deixou para trás e saiu do maldito hospital com a Kimberly?

— Eu nao estava transando com ninguém! — Defendeu-se — Quando você fala dessa forma parece que Trinity e eu nos amamos — Finn franziu devagar e sutilmente a sobrancelha — eu não a "deixei" — fez aspas com os dedos para a mulher — eu devolvi o que era dela e tivemos um bom diálogo antes que eu precisasse ir. John estava me esperando. — justificou.

— Um "bom diálogo"? — Esme se intrometeu de sobrancelhas arqueadas.

— Eu disse que era caso perdido — Arthur riu — Finn deixou a garota por uma prostituta.

— Ela deve ter odiado vê-lo sair com ela. Não é sobre amor, Finn. Não agora. Mas como você espera que aconteça se para você John ou Kimberly são mais importantes que ela?

— Trinity não é assim — ele balançou a cabeça de leve, negando por um segundo que era ruim com garotas e o seu possível erro na frente da família.

— Com certeza ela é — Arthur bateu em seu ombro.

— Tudo bem, eu já entendi — O Shelby mais novo fechou a cara — mas estamos aqui para outra coisa. Nós não tínhamos um problema para resolver?

— Kimberly disse que ficou aqui depois do... — John deu uma leve pausa — expediente. O Pub ficou aberto até tarde naquele dia, e um cara estranho apareceu. O seu trabalho a faz conhecer os homens da área, então ela percebeu que ele não era daqui. A garota o seduziu, o levou para o quarto e chamou um dos nossos que estavam por perto. Foi como ela pensou que seria: ele era um Crow. A única coisa que não estava nos planos e aconteceu foi o momento em que ela quase foi morta e os malditos escolheram matar o Crow para salvá-la.

— Está lamentando que ela esteja viva? — Finn questionou sem querer o irmão.

— Você não? — Thomas finalmente entrou na conversa, a voz dura como o olhar que lançava para Finn.

O irmão mais novo não sustentou o olhar, desviando os olhos para o chão ainda em silêncio e com os lábios comprimidos em uma linha reta. Thomas o fitou por longos segundos em um silêncio agonizante. Ele levou o cigarro até a boca e tragou.

— De qualquer forma, Airon quer vê-la pessoalmente essa noite para interrogá-la. Ele não confia em uma prostituta e acredita que ela saiba de alguma coisa.

Finn pensou em revidar e dizer ao Thomas que ela estava os ajudando mesmo quando não pediram ou não pagaram, mas conteve-se. Airon estava metade certo porque Kimberly não era mesmo um anjo. Mas uma parte errado porque isso não tinha nada haver com a forma que ela conseguia dinheiro.

— Como ela iria saber? — Finn questionou.

— Talvez dando a ele a mesma coisa que te deu para defendê-la — John acertou a nuca do irmão em meio a um sorriso zombeteiro.

O Shelby mais novo quis dizer algo, mas se calou. Todos acompanharam John com o riso, exceto Finn, que revirou os olhos e se ergueu em um rompante. Ele estava irritado e preferia esperar que a maldita raiva se dissipasse quieto, em silêncio e sozinho. O Shelby começou a fazer os seus passos para fora da sala de reunião, mas ainda ouviu Thomas chamando o seu nome:

— Finn! Você virá conosco.

Ele não sabia onde, mas sabia que não tinha escolha.


Peaky Fucking Blinder Where stories live. Discover now