ebulição

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Finn desferiu uma trilha de socos pelo rosto do próprio capanga. Enquanto ele gritava por misericórdia e tentava pedidos de desculpas, tudo o que o Shelby conseguia ver era o vermelho. O sangue.

Achava que ainda não era suficiente.

- Você vai matar ele! - John gritou por cima do barulho das mãos de Finn e do rosto do homem sendo arrebentados ao mesmo tempo.

- Ele já está morto - Finn gritou de volta e os seus lábios se contorceram de raiva. - Você só tinha que cuidar da porra de uma mulher - o segurou pelo cabelo e levou o rosto ensanguentado até próximo do seu - Mas estava muito ocupado com o zíper aberto na hora do trabalho, hun?

- Per-perdão, perdão! E-eu deveria ter sido cuidado-do-doso. - a dor tornava falar sôfrego.

- Finn. - John estava perto. Ele segurou o ombro do irmão por cima da blusa branca social com certa força.

Era o ultimate. Finn fitou os olhos manchados de sangue do capanga com suas bilhas em chamas e o maxilar travado, mas o soltou com brutalidade no fim. Ergueu-se e se livrou do toque de John com descaso e o ignorou totalmente depois disso. Nem se deu ao trabalho de olhar para o irmão.

- Nós não fazemos isso - John apontou com a cabeça para o homem torturado mesmo que Finn estivesse de costas, ocupado enquanto vestia o paletó que depositou em uma cadeira velha perto dali.

Finn continuou ignorando-o de bochechas vermelhas, sangue fervendo e os nós dos dedos fodidos de tão expostos e latejantes. Finn quis chamar John de hipocrita e de todos os sinônimos existentes, mas se conteve. Estava se esforçando para não explodir.

- Você não tem que fazer isso. Nós não toleramos erros, mas não somos monstros. Se começar essa vida assim vai acabar cedo pra caralho. Principalmente se continuar se apegando a mulheres que não são a sua esposa. Kimberly está bem....

Foi o estopim. Todo o respeito que Finn sentia por John e a imagem paterna que via nele foram para o espaço quando as palavras "bem" e "Kimberly" foram usadas na mesma frase. Finn virou-se de súbito com a cara fechada e os ombros tensos. Balançava a cabeça em negativa e a boca e nariz estavam contorcidos de raiva, suas sobrancelhas quase unidas no meio.

- Kimberly está bem? Não fala uma merda dessa John. Não fala porra nenhuma! - Gritou sem medo de ser ouvido. Apontou o dedo acusadoramente para o irmão - Eu prometi que nada aconteceria com ela porque ela não permitiu que nada acontecesse comigo quando eu tinha a porra de quinze anos e vocês me enfiaram em um quarto com uma prostituta, apavorado, e eu tive o caralho de um ataque de pânico! - Finn continuou se exaltando e a medida que falava se aproximava do irmão completamente puto, de peito estufado e pronto para revidar qualquer reação de John. - Eu escuto ordens todos os dias, John. E eu faço o meu trabalho direito. Eu sou a porra do homem que vocês disseram que eu deveria ser, lembra? - Finn já estava de frente pra John, com o dedo acusador em seu peito e os olhos expressando raiva e magoa. Todas as emoções brigando por lugar. - Quando eu quase morri porque não estava pronto para algo. Quando vocês riram disso. Mas no fim das contas, só a palavra do Thomas, Arthur ou a sua conta. Sou um homem quando é conveniente para vocês.

- Eu não sabia disso. - John sibilou de olhos cravados nos de Finn. A diferença era que ele não estava com raiva. - Foi uma brincadeira, Finn. Você não tem mais quinze anos...

- Mas eu ainda sinto que não tenho controle sobre a minha vida e que sou a marionete de vocês. Especialmente agora, quando a única coisa que eu pensei fazer vivendo a minha vida e não a de vocês, deu errado. - Ele balançou a cabeça em negativa, afastou-se do irmão. Finn levou a mão até a nuca e a apertou forte. Comprimiu os olhos por alguns instantes enquanto tentava organizar a sua mente e depois voltou as bilhas claras para o irmão um pouco mais controlado, mas nem de longe calmo. - Eu não sou um imbecil sentimental, John. Não vou fazer birra. Não vou chorar na frente dos outros por isso ou qualquer coisa. Eu sou a porra de um Shelby, John.- Finn apertou a língua na bochecha interna direita, as narinas dilatando pela força as emoções correndo e formigando a pele. Deu uma breve olhada para o homem desmaiado no chão e John acompanhou isso. Os lábios de Finn se curvaram com escárnio e desgosto - E eu vou agir como um.

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⏰ Last updated: Apr 23, 2022 ⏰

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