Prólogo

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P R Ó L O G O

A noite ameaçava cair sobre Birmigham, o céu tornava-se escuro como o coração dos que perambulavam pela rua. Finn soprou a fumaça que jazia em sua boca, depositou o maço de cigarros outra vez no bolso do sobretudo. Seus fios dourados estavam penteados de forma costumeira, as laterais bem aparadas como sempre.

A bota de couro em seus pés esmagava as pedras e poeira preta pelo chão. Olhou, primeiramente, para cima. Para as misturas de cores no céu, frustrando-se um pouco com a névoa maldita que o impedia de vê-lo com clareza.

Deu de ombros, atravessou a rua e enfim adentrou o pub.

Não haviam homens ali comuns ali, aqueles que frequentavam o lugar para bebedeira e conversa barata, mas haviam homens bem vestidos, com carrancas estampando seus rostos.

Impassível, ele continuou fazendo o seu caminho. Não se abalou, tão pouco pareceu se importar com os visitantes que, ao contrário dele, pareciam erguer a guarda com a presença do garoto. A boina antes em sua mão fora direcionada até o topo de sua cabeça, fazendo os homens recuarem.

Mas nunca relaxarem. Ainda tinham expressão de quem poderia quebrar um pescoço a qualquer instante. Norman, o barista atual, não estava ali, então Finn presumiu por isso, pelos homens presentes ali  e pela porta da sala dos Blinders estar trancada que algo importante acontecia lá dentro.

Serviu-se de bourbon.

Sentado na banqueta, Finn abaixou um pouco a cabeça. Seus olhos pousaram sob o copo em sua mão direta, o braço apoiado sobre a bancada. Estava de costas para a porta, um pouco curvado para frente.

Ouvia até mesmo a respiração dos outros ali presentes, era instinto, estava sempre em alerta.  Mesmo quando alguém parecia estar fazendo algum tipo de negócio com o seu irmão, ainda não era suficiente para ser confiável.

Fora tirado de seus devaneios com o estrondo das portas sendo abertas sem nenhuma delicadeza, o que ele julgou uma possível invasão. Foi uma batida bruta, do tipo que um homem raivoso causaria.

O copo escorregou de suas mãos com o impulso que tomou para virar-se rapidamente, mas ele teria caído de qualquer forma, pois a garota que varreu todo o lugar com os olhos finalmente o encontrou.

Finn cerrou um pouco os olhos, os músculos rígidos.

— Srta MacGyver — os primeiros homens que ele avistou ao entrar se ergueram, a voz contida e carregada de respeito.

Havia um quinto homem, atrás da garota, sua expressão fechada não o permitia esconder a preocupação que transbordava.

— Se algum de vocês tocar em mim, eu juro que me encarregarei de deixar o meu pai bem nervoso. Eu não quero mais esperar!  — seu tom era ameaçador e uau, pareceu ameaçador o suficiente para conter homens com o dobro de seu tamanho.

Mas Finn não tinha o dobro de seu tamanho, só o suficiente para bons centímetros a mais.

— Quem são vocês? — a voz de Finn irrompeu o silêncio que se sucedeu ao tom autoritário de garota, ao qual ele respondeu algumas oitavas a mais de autoridade.

Os homens o olharam de cima a baixo.

— São os meus homens — a porta da sala se abriu, revelando um homem robusto, entre a casa dos quarenta e cinco. Seu olhar pareceu  finamente captar a garota presente no ambiente, sendo tomado de surpresa no mesmo instante.

Thommy tinha as sobrancelhas erguidas.

— É a minha filha.

— Costuma levar sua filha para negociações? — Já era de se esperar algo imprudente de Arthur, e foi exatamente o que ele fez ao pronunciar tais palavras.

Thommy abriu a boca provavelmente para  silbilar um "cala a porra da boca " para o irmão, mas foi interrompido pela única voz feminina possível:

— Não seja estupido! — ela se ofendeu.

— Trinity! — Airon a repreendeu em alto e bom tom, então ela deu um passo para trás, assustada com a força de sua voz. O homem virou-se para Arthur, este que provavelmente estaria morto caso os olhos de Airon fossem fuzis — Minha filha nunca está em negociação.

— Com certeza não. Não é, Arthur?

O Blinder mais velho apenas ergueu as mãos em rendição. Se direcionou ao balcão, precisava de uma bebida.

— Hey, Finn — trombou os seus ombros levemente.

Só então o garoto pareceu ser notado outra vez e, desta vez, também por ela e por mais que alguns segundos. Ele tentou não retribuir, focar-se nos outros, mas foi impossível não permitir-se cair por alguns, segundos. Sendo sincero, ele não permitiu de fato, porque não teve escolha. Odiou o instante em que seu o seu olhar frio voltou-se para os homens para, depois, voltar-se outra vez para o balcão.

A última coisa que Trinity pôde ver antes de deixar de vez o Garrison fora os ombros de Finn cobertos pelo tecido escuro feito sob medida.

Peaky Fucking Blinder Where stories live. Discover now