Capítulo 4

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  Cinco anos se passou desde o dia em que Kalel retornou para o exército. Cinco anos que nada de bom aconteceu e constantemente o pesadelo que ele passou na guerra o atormenta sem deixá-lo dormir.

  Ele sabe que não foi a única vítima disso tudo, pois as maiores vítimas foram os soldados que acabaram falecendo e entre eles estava o irmão mais velho dele.

  Quando finalmente o avião pousou e os seus pés pisam o solo ele arrastou a mala para fora da rodoviária em passos apressados antes que algum soldado dos que estavam com ele no avião dissessem novamente o quanto sentiam muito pela morte de Noah.

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  Kalel aproximou-se da lápide que o irmão foi enterrado e se sentou no gramado úmido do cemitério deslizando os dedos sobre o nome dele sentindo as lágrimas que escorreram pelo seu rosto. Lágrimas carregadas de dor.

EM MEMÓRIA
DE
NOAH SONW

1985 - 2019

- Sinto sua falta - disse ele com a voz embargada. - e me recuso a acreditar que você se foi, irmão.

  Ele fechou os olhos quando sentiu o vento frio tocar o rosto dele e a chuva se misturou com as suas lágrimas.

- Irmão? - ouviu a voz embargada da irmã caçula, atrás de si.

  Kalel abriu os olhos e os fixou em seu rosto soltando um fraco sorriso e Caitlin aproximou-se dele debaixo de um guarda-chuva.

- Me deixe sozinho, por favor.

- Irmão, vamos - chamou a irmã dele estendendo a mão esquerda para ele enquanto segurava o guarda-chuva com a direita.

  Silêncio.

- Kalel, não seja tão teimoso se você continuar nessa chuva vai acaba pegando um resfriado.

- Não deves se preocupar comigo, Caitlin. Você deveria me odiar isso sim - confessou ele com a voz carregada de dor.

- Por que diz isso? - questionou ela com o semblante confuso.

- Porque o nosso irmão faleceu por minha causa. Fui eu que não percebi que estava sobre a mira de uma arma e ele acabou se atirando em minha frente - ele levantou-se do chão. - Era ele que deveria está vivo, não eu.

- Eu também sinto muita falta do Noah e fiquei bastante aflita quando soube o que havia acontecido - as lágrimas escorreram pelo rosto dela. - Tive muito medo que tivesse acontecido o mesmo com você, mas graças a Deus estás bem. Eu não suportaria tanta dor.

- Eu não estou bem, Cait. Estou bem longe de está bem.

- Sinto muito, irmão. Posso o abraçar?

- Eu não quero que você pegue um resfriado por minha causa.

  Caitlin assentiu com um balançar de cabeça e aproximou-se da lápide de Noah depositando uma rosa vermelha no gramado úmido do cemitério.

- Você sempre será lembrado - ela soltou um fraco sorriso deslizando os dedos sobre o nome do irmão.

- Uma vez quando Noah e eu estávamos de guarda perguntei quem era o preferido dele.

- E o que ele respondeu? - questionou de forma curiosa.

- Ele disse que era você.

- Sério? - um sorriso brincalhão se formou em seus lábios. - O meu também é ele.

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