Capítulo 17

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  Depois que se levantaram do chão Eloise foi até o quarto e pegou uma pomada de dor para passar nas costas do marido.

  Então quando voltou para a sala encontrou Kalel com o olhar bravo direcionado a Sirius.

  O filhote colocou as orelhas para trás e se deitou no tapete do cômodo com o típico olhar de gato de botas fixo no humano.

- Aqui está - ela se sentou ao seu lado no sofá e colocou a pomada em seu colo. - Suas costas estão doendo muito?

- Só um pouco - ele estendeu a mão para pegar a pomada.

- Não se preocupe eu passo para você - ela deu um meio sorriso. - Agora preciso que você vire e tire a camisa.

- Não quero incomodar você - ele forçou um sorriso.

- Você não incomoda.

  O semblante de Kalel se tornou abatido. Eloise franziu a testa confusa pela sua reação.

  Ele levantou-se e se virou tirando a camisa. Ela colocou ambas as mãos na boca e uma lágrima escorreu de seus olhos quando viu as cicatrizes nas costas dele.

- Kal, quem fez isso com você e por que?

  Kalel se sentou novamente ao lado da esposa.

- Uma semana antes de voltar para casa eu e mais três soldados fomos capturados pelo homem que tirou a vida do meu irmão - confessou ele. - Ele ordenou que seus capangas tirassem a vida de dois deles e nem eu, nem o outro soldado pudemos fazer nada para impedir.

- Se você não quiser falar sobre isso agora eu vou entender - indagou ela sentindo um aperto no peito tendo conhecimento de que nada poderia fazer para tirar a dor do marido.

  Ele balançou a cabeça negativamente e respirou fundo antes de continuar.

- Então ele nos manteve refém - ele fechou os olhos. - Dia após dia um de seus homens nos levava até um lugar onde eles se reuniam para nos chicotear.

- E como vocês conseguiram sair de lá? - ela levou as mãos até os cabelos dele e os afagou.

- Deus enviou um anjo e assim como libertou Pedro da prisão Ele também fez o mesmo conosco - ele sorriu em meio as lágrimas. - Entre os homens que ali estavam presos teve um senhor que aparentava ter uns sessenta anos. O nome dele era Simon e o nosso Criador o usou como instrumento para nos tirar daquele cativeiro.

- E o outro soldado que estava lá com você por acaso é o Lorenzo?

- Não, infelizmente esse soldado estava muito machucado e não conseguiu resistir a fuga. Lorenzo prometeu que se vingaria de mim e desde então me culpa pela morte de Alaric, seu irmão.

- A culpa não foi sua, Kalel. Você não tem culpa do que homens ruins fizeram - uma lágrima escorreu de seus olhos. - E o senhor Simon está vivo?

- Infelizmente não, mas o que me conforta é saber que Deus realizou o sonho dele. O senhor Simon está nos braços daquEle que sempre cuidou de nós.

- Eu sinto muito, Kal - outra lágrima escorreu de seus olhos e em seguida várias outras. - Me sinto tão inútil. Queria tanto fazer algo para ajudá-lo.

  Kalel abriu os olhos e a encarou com o olhar carregado de dor.

- Ei, não se sinta assim - ele encostou a testa na dela e tocou o seu rosto com ambas as mãos limpando as suas lágrimas. - Você fez o suficiente.

- O suficiente? Como assim o suficiente? Se o suficiente para você for nada então foi isso que fiz e continuo fazendo.

- Jamais diga isso novamente, está bem? Você orou por mim sem nem saber o que eu estava passando e isso foi o suficiente - ele beijou a ponta de seu nariz. - Continua sendo o suficiente para Deus e para mim.

  Um fraco sorriso se formou nos lábios de Eloise.

- Você está com fome, garoto? - perguntou Kalel com a atenção voltada para o filhote. - Não se preocupe, eu faço isso - apontou para a pomada sobre o colo dela e ela a entregou em suas mãos. - Agora vá Sirius quer um pouco de atenção.

  Ela assentiu com um balançar de cabeça e deu um beijo rápido nos lábios dele.

  Então levantou-se do sofá e o pequeno filhote de Pitbull a seguiu com o rabinho abanando.

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