VOCÊ é um idiota, Kalel.
Sua esposa só quer te ajudar, mas tudo que você faz é afastá-la.
Kalel sentiu uma raiva incontrolável dentro de si e bateu no volante do carro com ambas as mãos.
Uma lágrima escorreu de seus olhos.
- Ahh - gritou ele.
Ele encostou a testa no volante e respirou fundo.
- Senhor, meu Deus, eu imploro de todo meu coração tira essa dor de mim - pediu Kalel entre lágrimas.
🍁
Kalel abriu a porta da casa encontrando apenas o silêncio presente na sala e a trancou.
Ele viu a esposa dormindo sentada no sofá e subiu as escadas apressadamente, tomou um banho no banheiro do seu quarto, vestiu o seu moletom cinza e a calça preta.
Desceu as escadas da sala em passos lentos e aproximou-se da esposa colocando uma mecha cacheada teimosa do cabelo dela atrás da sua orelha e ela se remexeu ao toque dele.
Ela abriu os olhos lentamente e ajustou o corpo sobre o sofá.
- Pensei que quisesse ficar sozinho - disse ela com a voz sonolenta.
- Onde está a nossa filha? - perguntou ele mudando de assunto.
- Dormindo.
- De quem é aquele cachorro? - ele franziu a testa com o semblante confuso quando percebeu a presença do filhote na sala.
- Ele é o presente que Elijah deu para a Aslin - ela encarou o filhote de Pitbull que estava dando um cochilo em cima do seu tapete.
Kalel assentiu e se sentou ao seu lado. Ele segurou o braço dela e fixou os olhos no machucado em seu pulso o acariciando com o polegar.
- Ainda dói?
Ela negou com um balançar de cabeça.
- Seja sincera, por favor.
- Sim, um pouco - fez uma careta de dor. - O que aconteceu?
Ele soltou o braço dela delicadamente.
- Havia uma voz na minha cabeça me dizendo que a culpa era minha e que eu deveria ter percebido que o alvo era eu e não o meu irmão - ele respirou fundo, antes de continuar. - E quando você tocou o meu ombro flashes de memórias invadiram a minha mente me fazendo recordar do pesadelo que vivi na guerra.
Kalel ficou em silêncio por alguns instantes com os olhos fixos nos dela.
- Peço desculpas por ter a machucado.
- Você não me deve desculpas, sei que não foi intencional.
- Eu também peço desculpas por ter virado as costas e te deixado na chuva. Você poderia me perdoar mesmo eu não merecendo?
Eloise assentiu com um balançar de cabeça.
- Lembre-se que não está sozinho nessa guerra interior Deus está contigo e você pode o sentir bem aqui - ela colocou as mãos no coração dele.
Ele segurou as mãos dela entre as suas e depositou um beijo demorado nelas. Ela soltou as mãos das dele e as colocou sobre a boca soltando um espirro.
- Desculpa.
- Tudo bem nada que um bom suco de limão não resolva - ele pegou um lenço umedecido de cima da mesinha de centro e entregou nas mãos da esposa. - Aqui.
- Obrigada - ela esfregou o nariz.
Kalel levantou-se do sofá e depositou um beijo em sua testa.
- Volto num instante.
Depois que ele preparou o suco ele voltou para a sala entregando o copo nas mãos dela e ele se sentou novamente no sofá com os olhos fixos no teto.
- Deus abençoe - ela deitou a cabeça no ombro dele.
- Amém - ele a encarou. - Se eu não tivesse saído de casa você não teria ido até mim e consequentemente não teria ficado resfriada ou seja a culpa foi minha.
- Já o perdoei por isso, lembra? - ela ergueu o olhar e o fixou em seu rosto. - Kal, ouça-me. Não é verdade.
Kalel franziu a testa.
- Você não é um péssimo marido, nem muito menos um péssimo pai - referiu-se ao que ele escreveu na carta. - Eu o entendo estás passando por uma tempestade difícil, mas isso não te faz ser péssimo.
Ele soltou um fraco sorriso e a esposa depositou um beijo demorado em sua bochecha.
Eloise colocou ambas as mãos na boca, mas dessa vez soltou apenas um bocejo e fechou os olhos.
Kalel passou os braços ao redor da cintura dela puxando ela para deitar no sofá e deitou a cabeça da esposa em seu peitoral.
- Bons sonhos, love.
Ele depositou um beijo demorado em sua testa e observou ela dormir. Então sentiu a respiração serena dela contra o seu peito e fechou os olhos se entregando ao sono.
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Porto Seguro | R O M A N C E C R I S T Ã O |
SpiritualLivro único Quando Deus é o nosso porto seguro não há dor que sufoque nossa fé. Depois de ter passado cinco anos na guerra Kalel retorna para casa com feridas interiores e cicatrizes que o atormentam. ©2021