três

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!AVISO NO FIM DO CAPÍTULO!

8 anos atrás

ANTES









            𝗛𝗢𝗝𝗘 𝗠𝗔𝗥𝗖𝗔 𝗢𝗙𝗜𝗖𝗜𝗔𝗟𝗠𝗘𝗡𝗧𝗘 𝗢 𝗙𝗜𝗠 do verão. Sei disso porque as férias acabam e o outono chega, sorrindo para mim com suas tímidas cores castanhas. Eu amava o outono, mas odiava o fim das férias.

Era engraçado esse lance de amar e odiar alguma coisa. Por exemplo: eu amava sorvete, mas odiava a sensação de congelamento em meus dentes e cérebro. Também amava a liberdade de fazer o que eu quisesse quando meus pais precisavam trabalhar até tarde na firma, em Bridgeport, Connecticut, mas detestava as consequências das burradas nas quais eu acabava me metendo nesses momentos de liberdade.

Como, por exemplo e hipoteticamente falando, perder a virgindade com um pseudo namorado no qual a hipotética eu só estava junto havia uma semana. Nesse mundo paralelo, isso já havia acontecido há aproximadamente um mês e a garota em questão — a eu hipotética —, não sentia nada da mudança extraordinária que os pornôs prometiam. Injusto, muito, muito injusto. E, acima de tudo, eles sequer se falavam atualmente. Algo que ela estava mais do que satisfeita, obrigada.

Quer dizer, não era para o lance hipotético ter durado quatro minutos, certo?

Enfim.

Certa vez, minha professora de literatura estrangeira recitou um pensamento de uma escritora de origem ucraniana, que dizia: somos livres, e esse é o inferno. Só agora fui entender verdadeiramente essas palavras. A liberdade não existe, não em essência, e ela é uma vaca traiçoeira.

Passo o baseado para Meri, sem ao menos desviar o olhar da vista iluminada pelas luzes noturnas da cidade, no bairro abastado de Providence, onde morávamos. Sopro a fumaça lentamente e fecho os olhos, sentindo todos os pensamentos se esvaírem de mim como quando se encontra a ponta da linha de tricô e puxa e puxa e puxa até desmanchar todo o cachecol. Abro um sorriso enviezado, parecendo brotar em câmera lenta no meu rosto. Ok, parece que já estou alta.

Meri tosse sentada no telhado ao meu lado e começa a rir, meio que pigarreando. Isso me faz abrir os olhos, querendo rir também.

– Cara, esse é o melhor aniversário de todos. – afirma Meri, passando um dos braços sobre o meu ombro e quase nos fazendo cair de cara no jardim adjacente que separa nossas residências.

– Dezessete anos de PURA CACHORRADA E MACONHA, SEUS RICOS FILHOS DA PUTA! – Arregalo os olhos alguns segundos depois de processar que minha amiga passou a gritar no meio da frase; as mãos em concha ao redor da boca, como se fosse uma espécie de amplificador ou coisa assim.

Começo a rir. Rio tanto que sinto minha barriga doer e lágrimas escorrerem pelos meus olhos. Meri está rindo também, enquanto funga e traga o que resta do nosso baseado. Minha nossa, como eu amo essa garota.

É a primeira vez que Meri fuma maconha e admito que fiquei um tanto quanto surpresa quando ela, por conta própria, decidiu que gostaria de experimentar. Confesso que não era a minha primeira vez, embora não fosse algo que eu curtisse. Sei lá, a possibilidade de ter paranoia e alucinações não me atraía nem um pouco. Mas, cá estou eu, fumando maconha como uma verdadeira veterana para Meri Carter não fazer isso sozinha, no dia de seu aniversário.

Sempre Foi Você #1 [REESCRITA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora