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𝗧𝗨𝗗𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗘𝗖𝗜𝗔 𝗜𝗚𝗨𝗔𝗟, 𝗘𝗫𝗔𝗧𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗘 como há três anos atrás.

Encarei a fachada daquela mansão imponente, com as duas mãos apoiadas na cintura e uma bolsa com minhas coisas para passar o fim de semana pendurada no ombro. Bom, era isso. Tarde demais para voltar para minha linda e escandalosa cobertura no centro de Manhattan e dar uma ligadinha para Collin, propondo tomar umas quatro ou seis cervejas comigo — era o nosso limite, antes das coisas entrarem na zona colorida da amizade.

Tentávamos evitar isso ao máximo, depois que nos aproximamos mais ao longo dos anos. Não que mudasse alguma coisa ou nos deixasse confuso, é só que... passamos a nos usar sexualmente quando precisávamos. Era necessário que eu ou Cole estivéssemos no ápice do surto emocional em nossas vidas pessoais para que o sexo rolasse. Meu amigo tinha os casos de cafajeste dele e eu tinha os meus.

Bom, o lance do limite da bebida foi algo que vi em um filme e decidi adotar para nossa amizade seguir o caminho tradicional. Collin contestou no início, mas abaixou a guarda quando sentiu na pele o quanto realmente ficávamos com tesão quando bebíamos juntos. Suspiro e vejo o calor do meu hálito se condensando no ar. É, eu gostaria mesmo de estar no meu apartamento agora.

Olho para o casarão vizinho e familiar, a alguns metros à minha direita, pouco menor do que o meu, e torno a olhar para frente. Nosso antigo bairro era como se fosse um condomínio privado — bem elitista, eu sei. Havia uma lagoa artificial a uns poucos quilômetros dali e as casas, em sua totalidade, pareciam querer competir uma com a outra no quesito arquitetura e paisagismo. Para o deleite da minha família, a nossa estava no TOP dez.

Luke estava descarregando as coisas de dentro do carro e Meri havia acabado de parar ao meu lado. Minha amiga solta um suspiro meio dramático e um tanto quanto espalhafatoso.

– Bom, eu esperava uma recepção mais calorosa. – ela diz. Solto um riso nasalado e, mais uma vez, minha respiração condensa à minha frente. Eu curtia o inverno. Geralmente, as campanhas na revista ficavam ainda melhores nessa época do ano. Embora nada se comparasse ao outono.

– É a sina de se tornar adulto, baby. Nossos pais param de se importar tanto assim conosco e passam a se intrometer ainda mais em nossas vidas. – opino meu triste testemunho, ainda tomando coragem para entrar naquela casa. Tudo parecia tão tranquilo, tão pacífico, que eu quase poderia sorrir.

– E então, o que vai ser? – Luke questiona, parando ao meu lado. Ele carregava sua mochila em um dos ombros e a mala pequena de Meri na mão.

Assim como eu, suas íris correram por cada detalhe das casas vizinhas. E, assim como eu, também, Luke não parecia nem um pouco surpreso pela falta de mudança. Não sei ao certo quando, geralmente, ele vinha visitar a família durante o tempo que me coloquei em ostracismo, mas também não iria perguntar.

Ele suspira e nos olha, erguendo uma das sobrancelhas escuras.

– Quem vai tocar a campainha primeiro?

– E adentrar o inferno? – faço uma mensura com a mão. – Por favor, vá na frente.

Luke começa uma piadinha rápida e batida sobre eu estar habituada ao inferno, por ser a servente de Satã e blá-blá-blá e, por um momento, quase me sinto nos velhos tempos. Espero por uma queimação no estômago, que não vem. Bom. Progresso.

Vocês são muito melodramáticos. – Meri se vira para mim e me aponta o dedo em riste. – Principalmente você. Eu estou congelando e com saudade dos meus pais, então...Charlie, querida, nos vemos no jantar dos Carter-Monthgomery. – A morena semicerra os olhos para o irmão. – Não demore para entrar. Nossos pais sentiram sua falta. – E dito isso, minha amiga foi saltitando em direção à sua casa, se mesclando ao tempo nublado.

Sempre Foi Você #1 [REESCRITA]Where stories live. Discover now