sete

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AGORA










            𝗕𝗔𝗧𝗢 𝗡𝗔 𝗦𝗨𝗣𝗘𝗥𝗙𝗜́𝗖𝗜𝗘 𝗟𝗔𝗦𝗖𝗔𝗗𝗔 de madeira e aguardo no corredor mal iluminado, do apartamento em Bushwick. Tínhamos um código, então não demora muito para que a figura loira, bronzeada e de 1,80 me receba com um sorriso de rasgar o rosto. A expressão sempre descontraída de Collin desvanece conforme escrutina minha postura derrotada.

– Eu sei, estou péssima. – digo, passando por ele. Jogo minha bolsa e casaco no sofá e praticamente desmonto ao lado dos dois. Meu corpo afunda no estofado e meu rosto se enterra nas mãos.

– Ah, sim. Claro. Fique à vontade. A casa é sua. – ergo o olhar para Collin. A figura estava com as costas repousada na porta, agora fechada; as íris cor de chocolate me engolindo. – Oh, como eu estou? Ótimo, obrigado por perguntar. Também senti sua falta, a propósito.

Não dei importância ao sarcasmo descarado e voltei a fechar as pálpebras. Inclinando meu corpo para trás, acomodei minhas costas no estofado e massageei as têmporas. Que dia do inferno.

Cole suspira e se senta, afundando ainda mais o assento fofo. Sinto sua mão macia puxar minhas pernas para o seu colo. Logo depois, o primeiro salto cai no chão seguido pelo segundo. Abro os olhos e encaro preguiçosamente o homem acomodado ao meu lado, massageando meus pés num movimento quase erótico.

– Qual o problema? – ele pergunta, antes de chegar perto o bastante para roçar o nariz no meu. Collin suspira, me inalando, e se distancia para travar as íris sacanas nas minhas. Logo então estala a língua no céu da boca, o típico sorrisinho mulherengo estampando um dos cantos dos lábios bonitos. – Whisky e coca. Definitivamente temos um problema aqui.

Sopro uma risada nasalada e aconchego a lateral do meu corpo nele. Collin passa um dos braços sobre os meus ombros, nos aproximando ainda mais. Só então percebo que ele estava sem camisa, em pleno inverno de Nova Iorque. E vale dizer que o apartamento não possuía o melhor dos aquecedores, aliás.

Me afasto alguns centímetros e examino minuciosamente o homem ao meu lado. Collin de Lins era lindo, não dava para ignorar o óbvio. Pele naturalmente bronzeada, num tom meio oliva no verão e camomila no inverno. O cabelo era loiro e macio e, diferente da bagunça organizada e cor de nanquim de Luke, o de Cole estava sempre bem aparado nos lados.

Éramos próximos há alguns anos, quase uns três. Ele foi muito importante para mim, especialmente na minha época fundo do poço. Não consegui me livrar dele desde então, por mais que eu tentasse nos momentos de "cara, você é muito sem noção. Por que diabos ainda sou sua amiga?". E Cole, com o típico sorriso sacana e olhos luxurioso, respondia: porque a companhia é ótima e o sexo fenomenal. E disso, eu não poderia discordar. Por fim, uma coisa era certa: nós nos dávamos bem juntos — em todos os sentidos.

– Tinha alguém aqui? Estou com a sensação incômoda de ter interrompido algo.

Collin dá de ombros e se levanta, alongando as costas e, consequentemente, exibindo a bunda redondinha sob o tecido fino da calça de moletom azul e os músculos definidos dos ombros. Mordo o lábio inferior.

– Você está no topo da lista de prioridade, querida.

Reviro os olhos e finjo ânsia.

– Você é nojento. E me deu uma evasiva.

Collin fixa as íris em mim por uns segundos a mais, antes de caminhar preguiçosamente rumo à cozinha americana às minhas costas. Viro meu corpo para conseguir assistí-lo, enquanto o mesmo procura algo descentemente comível dentro da geladeira.

Sempre Foi Você #1 [REESCRITA]Where stories live. Discover now