Capítulo 23 - Acertos

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Meses depois...

Miranda estava no seu oitavo mês de gravidez e tudo que ela queria era sossego. Por uma razão simples esse sossego não estava na vida dela aquela semana. Ligou para sua mãe e apenas esperou que ela atendesse. 

Famílias são complexas. Aqueles que não as tem sofrem pela ausência e as que as têm pela complicada teia que é administrar as frustrações e necessidades de cada um. Uma grávida sensível precisava não esquecer de olhar a volta e perceber o que as pessoas queriam dela. 

Marlene atendeu depois do quarto toque e Miranda sorriu amorosa para sua mãe. Mesmo que ela acreditasse que sua mãe estava em constante excesso, era o amor real o que sentia pela mulher que lhe deu a vida. 

― Mamãe? O que houve que a senhora sumiu?― disse amorosa ainda sentada em sua poderosa cadeira de Runway. 

― Querida, como estão meus netos?― disse amorosa.

Todos tinham ficado espantados quando Miranda descobriu que eram dois bebês alguns meses antes. Agora, a realidade de ser mãe de mais um par de gêmeos atraí como nada mais. A pequena Ana estava linda. Sorrindo, sendo feliz e o processo de adoção tinha sido efetivado sem grandes questões. 

Miranda suspirou sabendo que a mãe estava mudando de assunto. Era como se Marlene nem quisesse discutir o que a estava maltratando. A tristeza na voz era evidente. Suspirou com medo de ser invasiva, mas precisava entender.

Uma pessoa pode perdoar tudo, mas família é sagrado e ninguém toca na família de ninguém a menos que queira problemas. 

― Estamos com saudades, as meninas e eu queríamos que a senhora viesse esse fim de semana. Assim pode ver os gêmeos se revirando em meu ventre.― disse amorosa e a mãe suspirou.― Ficar um pouco em nossa casa.

Marlene suspirou de um modo meio doloroso e em seguida proferiu suas palavras. 

― Seremos apenas nós?― disse com amor e sabia que Miranda ia entender o que ela queria dizer. Não aguentava mais ir a casa da filha e topar com o ex-marido. Paulo Antônio a estava perseguindo.

― Sim, mamãe. O que houve? Você e papai brigaram?― disse com um pouco de tristeza por não ter falado com o pai sobre as coisas que Andrea tinha contado meses antes. Saber que seu pai estava se comportando mal com sua mãe era algo que Miranda nunca perdoaria. 

A vida corrida a tinha feito adiar aquele momento com Paulo, era a hora. Miranda apenas suspirou de novo e disse amorosa.

― Mamãe, quero que faça a mala e espere amanhã que passarei para pegar a senhor assim que sair de Runway. Quero que passe um tempo comigo e isso é importante para nossa família. Não aceito que fique longe. Eu sei que não sou uma filha muito amorosa, mas eu te amo...

Marlene começou a chorar do outro lado da linha e Miranda sentiu o coração partir. Existia mais coisas que ela não estava contando e ouvir a mãe chorando partia o coração ao meio. Segurou o celular de modo firme.

― Mãe, eu quero ajudar. Precisa me contar... o que houve?

― Não houve, nada, filha, apenas estou triste. Vou fazer minhas malas e ficar uma semana assim posso conversar com minhas pequenas. ― sorriu meio sem vontade, as netas eram tudo na vida dela. 

― Faça isso, mãe. Eu quero isso.― Miranda sorriu e depois se despediu desligando. 

Ergueu-se da mesa e pegou suas coisas para ir embora. Emily apareceu e perguntou se Miranda precisava de alguma coisa, a mesma acenou e apenas seguiu com seus pertences. O elevador ajudou Miranda a refletir sobre o que devia fazer e quando Roy abriu a porta do carro dando boa noite, a mulher apenas respondeu indicando seu destino.

O infinitivo - Intersexual MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora