Capítulo 4 - Revelação

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Não sei o que pensaria Sir Joseph se me visse em seu "castelo". Sua casa era grande e antiga, parecia dos anos 30, mas a arquitetura tinha influência inglesa.

O muro de pedra com mais ou menos 1,5 m de altura tinha grades grossas de ferro esverdeado e um portão pequeno em forma de arco, no lado esquerdo da entrada. No direito, um portão grande, também em forma de arco. Em todos eles, lanças pontiagudas tentavam desanimar o alheio...

Na entrada dos carros havia um pavimento de pedra que servia de caminho para os veículos e ia dar na garagem ao fundo. Ela parecia grande e pensei que cabiam uns dois carros lá.

A frente harmônica daquela casa "inglesa" tinha uma pequena escada de pedra branca com pequenos corrimãos em granito. Um arco romano dava as boas-vindas na pequena área e as imensas paredes eram de cor caqui, mas já pediam um retoque.

A janela da sala era de ferro e avançava para fora, coberta por vidros multifacetados. Ela, de certa forma, ampliava mais a área da sala. Mais acima, as janelas eram de madeira e estavam fechadas. O verde dominava-as, assim como as barras de ferro do janelão inferior.

Ao lado da entrada, havia um jardim bem podado e uma pequena fonte... Sim! O "castelo de Lady Elizabeth" tinha uma fonte!

A estátua de uma mulher seminua com um jarro virado dominava o local. Posicionava-se sobre uma base de pedra em estilo grego ou romano, acredito. Reparei que a tal mulher sentava sobre uma pedra. A água estava desligada, mas não perguntei se funcionava.

O jardim em volta dava passagem para se alcançar essa fonte de cor bem branca. Quando passamos pela porta de madeira grossa, de duas faces, com direito a alças de ferro para bater, vi uma impressionante sala. Era uma das duas do casarão.

Elizabeth me olhou curiosa, talvez imaginando meu espanto, já que meus olhos brilhavam diante daquela arquitetura. Ela sorriu e apontou para a lareira, formulando uma pergunta:

— Quem é que tem uma lareira em Santos? Só meu pai mesmo... – deu risada.

Eu ri também, mas estava realmente impressionado. Não havia reparado na chaminé no corredor externo dos carros. Muitos móveis e detalhes antigos estavam bem dispostos, mas vi algo que mexeu comigo. Perto de uma estante baixa em mogno, havia um quadro na parede.

Nele estava reproduzida em tinta a óleo uma mulher, vestida com uma roupa que deveria ser dos anos 30, não sabia dizer. Só foi retratada até a altura do busto e tinha os olhos verdes bem vivos, assim como cabelos loiros penteados de lado.

Carregava uma joia numa corrente prateada e, apesar da posição quase de perfil, seu rosto parecia iluminado e tinha um semblante sério. Por incrível que pareça, eu conhecia aquela mulher... Bom, pelo menos pensava que conhecia.

— Belo retrato seu. – disse a Elizabeth, que se virou para mim e argumentou:

— Onde?

Respondi, apontando para o quadro na parede:

— Ali, você em roupas de época.

Ao virar-se, Beth viu que eu estava falando da imagem sobre a estante pequena, com suas portas de madeira dotadas de vidros e cor enegrecida.

Ela ficou ali por alguns segundos e voltou-se para mim, sorrindo. Poderia ter dado risada ou tirado sarro de mim, afinal, ela sabia do que se tratava, porém, Beth era diferente.

— Essa é minha avó Margareth, quando jovem – respondeu, procurando desfazer a confusão.

— Vocês são idênticas! Meu Deus! – respondi estupefato.

O que ela viu em mim? - Volume 1Where stories live. Discover now