Capítulo 10 - Família

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Aquele domingo foi maravilhoso. Ver Beth e Kátia juntas novamente, me deixou completamente feliz. O dia estava lindo e a casa cheia, com a vida correndo seu curso. O amor estava vencendo e eu desejei muito que tudo corresse bem como naquele dia. Sem problemas, sem tristezas.

É aquela utopia que perseguimos a vida inteira, mas sabia que nem tudo estava certo ainda. Eu estaria disposto a muita coisa para que o nosso amor fosse mais importante. Imerso em meus pensamentos, enquanto descíamos das terras altas de Santos, Beth falou animada:

— "Rê", sua família é linda! Amei todos eles, especialmente os pequenos...

Sorri feliz por ela ter aceitado minha família como ela é.

— Eles certamente te amaram. Minha mãe então, nem se fala. Agora eu tenho certeza absoluta que Kátia foi quem mais ficou feliz em te ver...

Decidi não continuar e novamente aquele pensamento me saltou à mente, então me detive. Não queria pensar nisso e até lembrei que não comentara nada com meu irmão sobre a visita falsa. Arrisquei uma situação, mas ainda bem que dera tudo certo.

— Sim, meu amor. Eu também fiquei muito feliz de revê-la [Kátia] e agora acredito que sei o motivo maior de tudo isso.

Eu não queria que ela entrasse nesse assunto, mas eu não poderia proibi-la.

— Penso que esse reencontro foi para mostrar que estávamos destinados um ao outro Regi. Eu e você, para sempre!

Comecei a perder a visão de tão emocionado e, ao volante do meu Fusca, as palavras de Elizabeth me trouxeram de volta ao verdadeiro. Não era Kátia, erámos nós. Eu nem sei como essa certeza se perdera naquele reencontro.

— Eu sei que você pensa o mesmo. Não tenho medo do futuro ao seu lado, porque sei que agora é definitivo – ela disse.

Beth continuava me resgatando de mim mesmo. Sim, o plano continuava e eu deveria seguir meu coração, assim como o amor que sentíamos um pelo outro. Deveria ser assim, contudo, ao lembrar-me disso, agora me entristece complemente.

Como eu pude fazer o que fiz? Como eu cai de tão alto e para aquele abismo profundo? Elizabeth estava certa em acreditar que tudo estava em torno de nós e eu sou grato por isso. Foi o que me sustentou em meus anos de "exílio".

— Sim, vida. Nós agora vamos lutar por nós e seremos felizes. Pode vir o que for, mas saiba que eu sempre te amarei – falei.

Beth parecia ter esgotado seu estoque de lágrimas, mas não precisava. Seus olhos verdes brilharam, refletindo todo o amor que ela tinha dentro de si. Pegou em meu braço e descansou a cabeça em meu ombro, como sempre fazia.

Quebra de confiança

Ao chegarmos a sua casa, percebi que sua face mudara. Antes de sair do carro para abrir-lhe a porta, Beth olhara para o castelo inglês. Joseph ainda estava lá lhe esperando e teria de tomar uma decisão sobre o futuro, mas eu não queria entrar nessa questão.

Era um assunto entre pai e filha, mas eu a apoiaria sempre, claro. Contudo, eu não poderia me esquivar, já que Beth estava visivelmente preocupada com seu pai. Então, tentei animá-la:

— Estou aqui Beth, vai dar tudo certo.

Ela ficou feliz e, ao entrarmos, Joseph se fazia presente no sofá verde da lareira, onde lia uma revista de mercado financeiro. Olhou-nos e sorriu levemente, dizendo:

— Chegaram cedo.

Sim, passara pouco das 18h, mas olhei para Beth e ela ainda tinha um ar de preocupação no lindo rosto, mas respondeu:

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora