Capítulo 14 - Furacão se aproxima

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Aquela semana foi a última e seus dias foram os derradeiros. Eu acreditara que tudo ficaria bem e que logo poderíamos marcar até uma data para o noivado. Aliás, ainda tinha uma missão: pedir a mão dela em casamento para Joseph.

Eu ainda não havia informado meus pais sobre o pedido aceito, mas não queria que fossem os últimos. Naquela mesma noite anunciei isso à minha mãe, por telefone. Estava muito ansioso e, por isso, nem esperei para ir até lá.

Dona Maria de Fátima ficou muito feliz e chorou ao telefone, o que me fez segui-la também. Liguei para meu irmão, Rogério, informando da novidade.

Kátia ficara muito feliz e disse que queria ser madrinha. Claro, qual a pessoa mais indicada para isso, que não ela? Ainda questionei-a:

— Madrinha de quem? Do noivo ou da noiva?

Sim, Kátia estava ligada aos dois de uma forma intensa. Era nosso elo em comum, mas nem titubeou:

— Dos dois! – respondeu e riu a seguir.

Fora uma noite muito boa e, antes de cair na cama, Beth me informara que Kelly e Mark já sabiam. Contudo, preservaria os pais por mais algum tempo, especialmente Joseph. Eles conversaram sobre a Inglaterra e ela confirmou que iria fazer a pós-graduação.

— Minha mãe desconfiou. Eu ainda tentei fingir que não estava muito de acordo, contudo, Ana Maria é muito esperta – disse Beth ao telefone.

Sim, Ana Maria tinha poderes e certamente já sabia que havia algo ali, mas eu a alertei:

— Sua mãe certamente vai saber antes de você contar. Então, é melhor dizer logo a ela.

Beth concordou, pois, sabia que Ana Maria descobriria cedo ou tarde. Então, decidira que faria a revelação no outro dia, ao café. Naquela terça-feira especial, tudo correra bem, ou quase, tirando o episódio do Fusca.

Na quarta, tudo foi como planejamos e Beth contou aos pais sobre meu pedido de casamento. Não estava muito animada, pois, Joseph parecia entender que aquilo tinha relação com a Inglaterra.

Contudo, dissera que em parte era isso mesmo. Que iríamos de fato casar cedo ou tarde e isso não faria diferença para ela, mas que eu iria junto para o Reino Unido. Joseph não teria emitido opinião sobre o assunto, mas Ana Maria sim.

Beth disse:

— Minha mãe falou que isso era insensato e até irresponsável, dado que nos conhecemos há tão pouco tempo.

Pensei: insensato é beijar a boca do genro como se tivesse 25 anos. Mas, Ana Maria apenas estava tendo uma reação natural de mãe, nesse assunto. No fundo, ela sabia bem do nosso destino...

— Eu não fiquei para discutir com ela. Sei que ela não aprovou, mas a vida é minha, quero dizer, minha vida é sua...

Fiquei feliz de ouvir isso, que fixara tão bem em minha memória, muito boa por sinal. Lembro-me daqueles dias como se fosse ontem. Estão tão vivos em mim quanto as células que formam o meu corpo e ainda tinha aquilo...

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Na noite seguinte, ao chegar, precisei bater na casa de Amanda. Tinha que pegar uma receita médica que ficara no interior do Volkswagen. Ela mesma atendeu o portão e se apresentou com um ar cansado.

— Oi, desculpa te incomodar, mas é que preciso pegar uma receita que ficou no carro – falei sem jeito.

Parecendo exausta e arrumando o cabelo, falou:

— Entra...

Amanda não era a mesma do dia anterior, visto que o cansaço aparente encobria algo mais, uma coisa que eu não queria encarar. Abri o carro e peguei a receita, já que tinha esquecido a frequência do relaxante muscular dado pelo médico na segunda.

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora