Capítulo 8 - Para sempre?

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Ao entrar em casa, meus pensamentos se mantiveram em Elizabeth. Eu já não me via mais vivendo sem ela. Não havia possibilidade de não estar junto dela, no entanto, enquanto me cegava totalmente sobre o que me circundava, eu deixei espaço para o mal se estabelecer em meu caminho.

Confesso que, se eu tivesse tido um pouco mais de percepção, não teria me arriscado tanto. Pensei que a força que nos unia era poderosa o suficiente para nos proteger de tudo e de todos. Ledo engano, porém...

Era por volta das 10h quando o telefone tocou, não poderia ser ninguém menos que Elizabeth, eu pensei. Entretanto, não era, mas Maria de Fátima a minha mãe. Perguntara como eu estava e respondi transparecendo minha felicidade.

— Mãe, eu comecei a namorar de fato e ela é muito especial.

Maria de Fátima ficou muito feliz e sua voz embargou...

— Estou tão... – respondeu, mas não conseguiu concluir.

Meu Deus, quantas lágrimas ela ainda derramaria por mim... Mas, naquele momento eram de alegria. Enxugando o nariz, continuou:

— Estou muito feliz, meu filho. Sei que você também está e é isso o que eu quero para sempre.

Meus olhos brilhavam, marejando.

— Obrigado mãe. Eu sei disso e logo mais vou levá-la até aí para conhecê-la. Ela é linda...

Maria de Fátima cuidara de três filhos, que nunca lhe deram trabalho além do normal. Dois já haviam casado e eu era o único que sobrara. Sentia-me o patinho-feio da família porque não sustentara nenhum relacionamento. Contudo, agora esse sentimento havia morrido e já me sentia muito bem diante disso.

— Eu imagino que ela seja mesmo, Regi. Você merece tudo de bom, não só a beleza, mas o amor também.

Minha mãe sempre lutou por nós e queria que cada um fosse feliz ao máximo. Chegou a brigar com nora e até parentes de namoradas de meus irmãos para defendê-los, quando pensava que estavam certos.

Enganou-se algumas vezes, é verdade. Deu perdão e também foi perdoada, porque sabia ser o certo a fazer. Ela era como a águia que protege seus filhotes de todo o perigo.

— Estou muito feliz, mãe, como nunca antes. A senhora vai gostar dela, eu sei.

Então, dona Fátima arrancou um pedaço de mim ao dizer:

— Eu ainda não sei quem é ela, mas se ela te ama, eu também amo ela.

Minhas lágrimas caíram pelo rosto. Dona Fátima, com seu coração enorme, tem essa capacidade de amar aqueles que a cercam. Sim, ela ama também a Kátia, que chama de "menina dos olhos azuis".

Peguei-me pensando nela enquanto falava com minha mãe. Aqueles olhos azuis e profundos que renderam um dos maiores pegadores que eu já conheci, agora era um problema que eu tinha de resolver.

O mais estranho era que, por algum motivo, mesmo sabendo que poderia haver confusão adiante, Kátia era um elo perdido que me ligaria a Elizabeth, sob outras circunstâncias. Hoje, fico me perguntando: como teria sido isso?

Em outra realidade, possivelmente Kátia levaria Kaio para um almoço com a família de seu marido e então... Ou, eu iria visitá-los num momento em que o irmão dela estaria com a namorada em sua casa.

Rememorando, não consigo lembrar-se de nenhum fato anterior que nos tenha aproximado de alguma forma.

Decerto, desde aquela noite da visita, quando Kátia me assombrou com aquela foto nas mãos, minha mente sempre considerava que algo falhara no passado. Penso que a traição de Kaio tenha sido providencial, porém, e se não tivesse acontecido?

O que ela viu em mim? - Volume 1Where stories live. Discover now