Uma pequena folga

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A claridade do sol adentrava pelo alojamento naquela manhã e Peter se espreguiçava enquanto saia de seu quarto. Já era costume para o rapaz ir até a varanda assim que acordava. A vista dali podia ser melhor, mas não mudava o fato de que ele estava feliz por estar na capital.

Apesar dos arranha-céus e da poluição que invadia a cidade, era excessivamente gratificante ter um lugar para ficar. Deitar a cabeça no travesseiro, tomar um banho e comer no horário era o tipo de vida que Peter gostava e quem mais não gostaria? Não era muito interessante não ter onde deitar e tampouco passar fome.

Ainda na varanda, ele ouviu uma porta se abrir e ao olhar para trás percebeu que era Sebastian saindo de seu quarto. Peach estava na cozinha comendo alguma coisa e Cassandra continuava querendo ficar sozinha. Desde o último serviço ela não parecia muito bem e Peter entendia isso. Amora havia ocultado informações importantes de Cassandra e é provável que eles fossem atrás do tal Dominic – também conhecido como o pai da Tatsumi.

Nem Peter e nem os outros sabiam do passado da garota. Quer dizer, ninguém ali conversava muito sobre seu passado. As coisas que passaram e as coisas que fizeram estavam trancadas a sete chaves em suas mentes. No entanto, Peter não se importaria de dividir lembranças. Para ele era importante que eles tivessem confiança um no outro. Podiam trabalhar juntos, mas isso era por obrigação e Peter não queria que fosse só por isso.

O prateado passou a mão pelos cabelos bagunçados e entrou novamente no apartamento. Seu olhar voltou-se para a porta do quarto fechado de Cassandra e ele suspirou.

– Será que não deveríamos tentar animá-la? – ele se questiona em voz alta.

– Ela já é adulta, Peter. – diz Sebastian, que estava sentado no sofá. – O que ela está sentindo não é da nossa conta.

De fato, Peter não queria se intrometer, sabia que Cassandra precisava de tempo, mas querendo ou não seu lado empático falava mais alto e ele virou-se para ir até a porta dela e antes que sua mão tocasse na maçaneta a porta foi aberta e Cassandra o encarou.

Ele arregalou os olhos e se afastou um pouco para lhe dar espaço. Em questão de segundos seu rosto corou levemente e ele ficou sem reação.

– Eu estava indo ver como você estava. – ele diz, passando a mão pelos cabelos.

– Estou bem. – ela diz, mas não sorri. – Eu só preciso de uma bebida.

– Isso é comigo mesmo! – diz Sebastian com empolgação e se levantando do sofá. – Tem um ótimo bar aqui perto. O que acham de todos irmos lá?

– Agora? – pergunta Peach, com as sobrancelhas franzidas. – São onze da manhã.

– Por mim tudo bem. – diz Cassandra.

– Tá decido! – diz Sebastian com um sorriso.

O Stavinsk puxa seu casaco que estava pendurado na cadeira e logo o coloca e Cassandra não demora a fazer o mesmo. Eles definitivamente estavam com pressa e Peter acabou os seguindo.

– Epa! – diz Peach. – Eu também vou!

+

Apesar da claridade do sol, não era possível vê-lo no céu. As nuvens estavam o cobrindo e a fumaça quase tornava impossível ver o céu azul – que por conta disso ficava cinza. Além do mais, estava chovendo um pouco e a rua estava começando a ficar mais suja do que o normal.

Aquele bairro era malcuidado. Se fosse compará-lo ao bairro nobre, esse com certeza era o fim do mundo da capital – de acordo com os moradores. Você não via lama nos bairros ricos e muito menos via mendigos.

Bounty HunterWhere stories live. Discover now