Chegada ao Oeste

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E ali, na beira daquele precipício, o coração de Cassandra acelerou mais do que qualquer coisa no mundo. Sua respiração estava trêmula e pela primeira vez na vida suas mãos suavam frio por conta do nervosismo incontrolável que tomava conta de si.

O suor pingou de sua têmpora e tudo ficou em câmera lenta quando o disparo ocorreu e preencheu seus ouvidos com o som alto e terrível. Ela fechou os olhos e caiu de joelhos. Naquele momento desejou não sentir mais nada enquanto observava suas mãos sujas de seu próprio sangue.


Alguns dias antes:


O grupo acordou cedo e não demorou a partir em sua missão. Haviam descansado o suficiente e Sebastian havia bebido mais do que o suficiente – tudo estava indo conforme o planejado, de acordo com ele.

Sebastian cavalgava na frente e os outros três o acompanhavam de perto. Peach bocejava vez ou outra e Peter parecia ser o único que estava realmente desperto naquela manhã. Cassandra, portanto, parecia distante. Seu olhar vagava entre as árvores e logo entre o deserto quando começaram a se aproximar do oeste.

– Você está bem? – pergunta Peter, cavalgando mais perto da moça agora.

Cassandra o fita com um singelo sorriso e assente.

– Não é nada. – ela diz. – Acho que bebi demais noite passada e não dormi bem. – ela respira fundo.

– Não parece ser isso. – afirma Peter.

– Você é muito observador. – diz Cassandra com um sorriso ainda, mas revirava os olhos enquanto falava. – Na verdade, estou com um mau pressentimento. – ela admite.

– Isso se chama ressaca. – diz Sebastian, dando um gole em seu cantil.

– Não, não se chama. – responde Cassandra. – Eu não bebi como você e além do mais, algo não me cheira bem nesse lugar.

– É de se esperar. – diz Peach. – O deserto não tem um cheiro agradável e o cavalo de Peter cagou o caminho inteiro. Além do mais, estamos na terra em que a epidemia é mil vezes pior.

Cassandra respirou fundo e passou a mão no rosto enquanto Sebastian dava uma risadinha do que a ruiva dissera. E Peter parecia preocupado com o intestino de seu animal.

– Estou tentando dizer que estou com uma péssima intuição sobre isso tudo. – explica Cassandra. – Minha intuição raramente falha. Devemos tomar o dobro de cuidado por aqui, não quero que nada dê errado.

– Você pensa muito. – diz Sebastian. – Eu conheço bem esse lugar e devemos nos preocupar mais com os lobos do que com as gangues.

– Você é tão idiota. – resmunga Cassandra.

– De qualquer forma, eu confio na Cassandra. – diz Peter. – Acho que devemos dar uma chance para a intuição dela. Não vamos perder com isso.

A Tatsumi acabou sorrindo para ele e ele fez o mesmo enquanto assentia.

– Tanto faz. – diz Sebastian. – Só quero acabar logo com isso. Eu deveria me sentir em casa nessas redondezas, mas me sinto no inferno.

– Esse calor é insuportável. – diz Peach.

A ruiva tinha razão. O oeste era exatamente como Peter imaginou que seria. Os cactos, os abutres e aquele som de animais feridos ou do vento rondando por aí. Sem contar o fato de que quando o vento batia a areia subia e quase entrava em seus olhos – era terrível!

Bounty HunterWhere stories live. Discover now