Um breve descanso

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O vento assoviava e batia com força nas poucas folhagens remanescentes do deserto. Conforme as estrelas tingiam o céu noturno, os cansados caçadores bocejavam vez ou outra e lutavam para manterem-se acordados em cima de suas montarias.

– Acho melhor descansarmos aqui. – sugere Sebastian, desacelerando o trote.

– Tem certeza? – questionou Jean, com a sobrancelha levantada. – Não é um lugar tão bom assim.

– Mas é tudo o que temos. Não vamos achar nada melhor e precisamos descansar. – lembrou Sebastian.

Jean assentiu e com um único gesto os seus subordinados entenderam e desceram de seus cavalos para começar a montar suas tendas. Aquilo fez Peter perceber que aquele grupo não precisava dizer muita coisa para poder se entender. Esses gestos deveriam ser muito úteis em meio às batalhas. E o rapaz não sabia se Sebastian estava impressionado ou sentindo inveja, pois o moreno fez um gesto similar e conseguiu apenas olhares confusos e irritados das garotas.

– Está querendo dizer que quer ir ao banheiro? – perguntou Peach. – Não somos seus pais, pode ir à vontade.

Sebastian bufou e resmungou algo indecifrável.

– Só arrumem suas tendas também, inúteis. – dissera o capitão, com certa raiva na voz.

– Inúteis. – riu Cassandra. – Essa é nova.

Concordando ou não, as garotas – e Peter – desmontaram de seus cavalos e começaram a arrumar as coisas. Peter não era o único cansado ali. Entre bocejos e esfregadas nos olhos, ele tentava não dormir em pé. Além disso, a fome também estava começando a lhe incomodar.

Não demorou muito para que todos arrumassem suas tendas e Jean acendesse uma fogueira e preparasse uma grelha improvisada, mas bastante útil. E Hvitserk retornara com a caça – dois coelhos bastante gordos e peludos já sem vida sendo carregados pelas patas.

Peach olhou para as carcaças dos coelhos como se Hvitserk fosse um monstro.

– Vocês realmente vão comer isso? – questionou a ruiva.

– Não, eu cacei apenas para admirarmos a pele e empalharmos eles. – debochou Hvitserk. – É claro que vamos comer. Não comemos nada o dia inteiro.

– Eu não posso comer isso.

– Não gosta de carne de coelho? – perguntou Hvitserk, cruzando os braços logo após entregar os coelhos para Sebastian.

– Eu não como carne.

Peter não lembrava se em algum momento Peach havia lhe contado sobre isso, mas ele sentiu-se mal por não saber de algo importante de uma de suas parceiras.

Hvitserk pareceu não saber o que dizer e isso só fez Peach revirar os olhos e sair de perto dele.

– Eu também não comeria a sua caça. – provocou Flea.

– Cala a boca. – falou Hvitserk, irritado.

Enquanto Peach procurava algumas coisas na sua mochila, Peter resolveu ir até ela. Ele sentou-se ao lado dela na tenda e ela continuou focada no que estava fazendo.

– Posso procurar algo para você, se quiser. – ofereceu o rapaz. – Não sou bom com ervas e essas coisas, mas posso tentar.

Peach deu uma risadinha.

– Obrigada, mas não é necessário. Eu trouxe algumas coisas na minha bolsa para me precaver.

– Você nunca disse que era vegetariana, não é?

Bounty HunterWhere stories live. Discover now