Prólogo

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30 de outubro de 2021, trinta e seis horas até o show.







-Não acho que seja uma boa ideia, Sofia, só isso.

Reviro os olhos e termino de raspar o último pedaço de maçã, colocando no pratinho cor de rosa.

-Claro que não acha, mãe. Assim você não vai poder tentar interferir no jeito que eu crio a minha filha e apontar os defeitos na forma que eu decidi criá-la porque sabe que preciso da sua ajuda e do papai.

Caminho até a bancada, batendo os pés, e encho o potinho em forma de elefante com água.

-Alias, não entendi o porquê do que todo esse aue sobre a viagem. Nos primeiros três meses você dizia que era melhor contar logo, que manter segredo era um erro e que eu não ia aguentar ser mãe solteira nem por seis meses. Ainda tenho a missa toda que você e o papai me deram gravada na cabeça!- coloco o café da manhã em cima de uma bandeja.- Então desde que a menina fez um ano, você trás homens que se encaixam no seu papel de genro perfeito. E agora que eu finalmente decidi ir atrás dele, você quer me julgar? Não passei o último ano trabalhando em dois empregos a toa. Agradeço e muito a ajuda que você e o papai tem me dado enquanto Darcy não tem idade o suficiente para ir à escola, mas ela é minha filha e eu decido o que é melhor para ela.

Saio da cozinha e vou até o quarto, que antes era de hóspedes, mas agora se tornou uma bagunça de brinquedos de morder e pelúcias. Sem contar o papel de parede de girassol.

Nanda e Gabi estão sentadas, fazendo vozes estranhas com dois ursinhos. Me distraio com a cena e tropeço em um trenzinho, que começa a apitar loucamente.

Quase caio quando sinto dois bracinhos se agarrarem nas minhas pernas.

-Darcy, espera a mamãe colocar isso aqui na mesa- digo tentando não rir.

Ela finge não escutar e se pendura em uma das minhas pernas enquanto me arrasto até a mesa.

A pego no colo e a levanto até a altura dos olhos.

-A senhorita está ficando muito sapeca pro meu gosto.

Faço cócegas na barriga dela, que solta risadinhas.

-E então? O que ela disse?- pergunta Nanda.

Bufo enquanto coloco Darcy no chão e começo a dar a maçã.

-O que eu imaginava. Foi por isso que não disse nada a ela antes, esperei as malas já estarem no carro. Era óbvio que ela não ia concordar. Sorte que meu pai não tá aqui.

Nanda balança a cabeça, desapontada. Gabi apoia a cabeça no ombro dela.

-A gente sai depois que a Darcy terminar de comer, pode ser?

-Acho que é hora da despedida- diz Gabi.

Nanda respira fundo.

-Sua cama tá livre?

Aponto a colherzinha na direção dela.

-Você nem pense nisso.

As duas riram.

-Você não tem ideia do que foi feito naquele quarto enquanto você não tava aqui.

Fecho os olhos e ouço um soluço vindo de Darcy. Encontro os olhinhos verdes me encarando. Ela sorri e eu devolvo o sorriso.

-Não quero nem imaginar.

Durante os sete meses que morei na faculdade, Gabi e Nanda moraram aqui em casa, como era combinado. Mas, assim que contei a grande surpresa, elas alugaram uma casa a beira da praia e se mudaram juntas.

you're still the one || h.sWhere stories live. Discover now