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O dia de ir para Los Angeles chegou.

Harry tentou conseguir que ficássemos aqui pelo menos por mais alguns dias, mas Jeffrey não queria que a reunião adiasse mais. Iriamos embora de Holmes Chapel depois do almoço, pegando o jato de Harry em Londres.

Eu estava sentada no quintal, observando Darcy e Harry brincarem na grama, aproveitando o sol do meio-dia, que eu percebi ser raro por aqui. Pude ouvir Nanda conversando no telefone com Gabi e Gemma lavando a louça na cozinha.

Tudo aqui parece tão simples.

Ontem, no festival, fomos como uma família. Minha mente esqueceu toda a angústia e o conflito. Me senti amada como fazia tempo que não sentia. Darcy se apegou rapidamente ao pai, como eu imaginei, e ele parecia feliz com isso.

Harry e eu fizemos um pacto silencioso de não falar sobre o que aconteceu na noite do encontro de classe. Suspeitava que fosse pelo reencontro que ele teria com a Olivia em breve, já os meus motivos eram opostos. Tentaria o melhor para manter uma relação amigável com ele.

Me tirando dos meus pensamentos, Anne se senta ao meu lado, entregando uma xícara de chá.

-Não sabia o quanto de açúcar você gosta de colocar, então adocei com duas colheres só- diz ela, tomando um gole da própria xícara.

-Obrigada.

Ela volta o olhar para a cena que eu observava antes.

-Eu sempre soube que ele daria um bom pai. Sempre teve jeito com crianças- seu rosto se vira na minha direção.- Sei que mal nos conhecemos e que confiança é algo a ser conquistado, mas quero que confie em mim.

Franzo o cenho.

-Eu sei...- ela começa, mas respira fundo antes de continuar.- Eu sei que o Harry pode ser... difícil. Não sei muito sobre o relacionamento de vocês além do que ele contou, porém imagino que não tenha sido fácil.

Anne abaixa o olhar para a xícara por um momento.

-O meu divórcio com o pai dele, por mais que não admita, teve certo impacto sobre ele, mesmo que tenha sido pacífico e eu seja amiga do Desmond até hoje- os olhos dela vagam para Harry e Darcy novamente.- Ele puxou o pai nesse lado sentimental.

Vejo que lágrimas brotam nos olhos dela.

-Eu me culpo às vezes. Se eu tivesse tentado mais...

Quando me tomo fôlego para dizer alguma coisa, ela se recompõem com um sorriso.

-Mas não é por isso que vim falar com você- Anne toma minha mão.- Eu sei o sofrimento de uma mãe quando o vejo. Você está sofrendo, criança.

Foi a minha vez de desviar o olhar.

-Não sei se Harry é o motivo ou se é alguma outra questão, mas quero que confie em mim e, quando precisar de ajuda, me procure- ela levanta meu queixo.- Mesmo que vocês não estejam juntos, ainda sou sua sogra.

Fungo, tentando não chorar e avanço para abraçá-la.

-Obrigada- sussurro contra o ombro dela.







(...)







A despedida foi dolorida. Até Darcy chorou por ter que ir embora.

O percurso da estrada foi silencioso, todos tristes por deixar o conforto de Holmes Chapel para trás. O voo depois foi silencioso também, mas porque todos dormiram.

Quando chegamos à Los Angeles o sol estava alto no céu e não pude deixar de me perguntar como Harry se acostumava com o fuso horário dos lugares. Assim que chegamos a casa dele, eu me enganei em pensar que não poderia ficar mais impressionada.

you're still the one || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora