IX

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Mil perdões pelo sumiço de quase três meses. Minha vida deu uma guinada e uma despencada numa tacada só, mas agora voltamos a programação normal. Boa leitura :)






21 de dezembro






É estranho- e provavelmente muito egoísta da minha parte- mas eu nunca achei que ia ver a Nanda casar. Não que ela não merecesse, mas sempre tive comigo que ela seria aquelas mulheres, como a minha tia, que se diverte com alguns casos aqui e ali, mas não se prendem. Agora, assistindo do canto a forma que ela e a Gabi se olham, é quase como se eu estivesse assistindo um filme.

Elas decidiram se casar o quanto antes, mas a data marcada era a mesma da minha viagem, então elas jogaram a data para o começo de fevereiro.

Hoje é o meu último dia na ilha e o dia do chá de panela das duas. Não que elas precisem ganhar as coisas, as duas têm dinheiro mais que suficiente, mas elas não perdem a chance de fazer uma festa. E eu, por algum motivo, estou com um sentimento estranho.

Estamos sentados na lancha dela, que foi lindamente decorada. Nossos amigos estão aqui- não sei se ainda posso chamar eles de meus amigos- e chegou no momento da festa onde começamos a contar histórias antigas. Eu não disse nenhuma palavra se quer. Olhando em volta, vendo o rostos das pessoas que eu cresci e considerei tanto, mas agora são completamente estranhos para mim, é como se eu fosse um fantasma.

Eles já arranjaram empregos ou estão fazendo faculdade, a Nanda vai casar, e eu continuo no mesmo lugar. O que eu conquistei desde que saí da escola? Ilusões, traumas e um coração partido. Além de uma filha, não se pode esquecer. Filha essa que derrubou todo o suco no meu vestido, que agora está grudento por conta disso.

Sei que pensar em mim no momento mais importante na vida da minha melhor amiga é muito egoísta, mas é meio impossível de impedir minha cabeça de pensar nessas coisas. Acho que o que mais machuca é que metade das pessoas daqui me abandonaram depois que revelei a minha gravidez e, novamente, eu me pergunto o por que.

Alguém diz alguma que faz Nanda rir e ela olha para Gabi, que automaticamente se viras para encará-la. É quase como ver mágica. Os olhos das duas brilham.

Abaixo o olhar para o meu colo quando ouço Darcy suspirar enquanto dorme e acaricio o cabelo dela.

Amanhã vamos pegar um voo para Londres e depois, no dia 23, vamos para Holmes Chapel. Por incrível que pareça quase me sinto aliviada de sair daqui.

Já tenho uma casa alugada e mobiliada na cidade da minha faculdade, consegui fazer tudo isso sozinha e por telefone, o que me deixou orgulhosa de mim mesma. Vou deixar a minha casa aqui desocupada, por enquanto. Não me sinto bem pensando em algum desconhecido morando no imóvel que goi meu lar por anos.

Percebo uma comoção e vejo que estamos voltando para o píer. O tempo passou muito rápido. Queria que hoje eu tivesse mais tempo com Nanda, mas ela tem mais coisas com o que se preocupar e vou vê-la daqui uns dias, de qualquer forma.

Demora um pouco para que todos se despeçam e saíam, mas eu permaneço sentada, esperando.

Quando Nanda fica sozinha, finalmente, caminho até o seu lado, observando a paisagem como ela.

-Eu lembro do dia que você quebrou o tornozelo nesse píer. Seu pé virou num ângulo muito esquisito, não sei como você se recuperou daquilo- comenta ela em voz baixa.

Olho para Nanda. A brisa fresca do mar bate em seus cabelos, jogando-os para a frente de seu rosto. O luar e a iluminação fazem um jogo de sombras em seu rosto e percebo que está chorando.

you're still the one || h.sWhere stories live. Discover now