II

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Pegamos o voo no jato de Harry para Londres na tarde seguinte. A ida para Los Angeles foi adiada porque, segundo Jeffrey, o único lugar de confiança em que poderíamos fazer o exame seria no médico de Harry em Londres. Nos despedimos de Sarah e Olivia, que disse que gostaria muito de ir com a gente, mas era a semana dela de ficar com os filhos. Jeffrey não gostou nenhum pouco da ideia de Nanda ir junto, mas eu afirmei que precisava dela para me ajudar com Darcy, o que é uma meia verdade.

Sinceramente, se arrependimento matasse, eu já estaria morta a muito tempo. Não queria passar nem mais um minuto perto de ninguém relacionado a Harry. Não falei com ele desde a conversa na sala, grande parte porque bateria na cara dele e outra porque Darcy estava extremamente irritada e agitada, parecia que estava com inicio de uma febre também.

Quando chegamos em Londres, Jeffrey mandou um carro com nossas coisas direto para casa do Harry, já que o mesmo se negou a deixar que ficássemos hospedados em um hotel. Nós fomos direto para o consultório do tal médico.

O lugar estava vazio e um homem de meia idade bem apessoado nós atendeu. Ele primeiro tirou sangue do Harry, pegou um fio de cabelo e passou cotonete na parte interna da bochecha. O doutor foi paciente com Darcy, que estava chorona, ao repetir o processo. Jeffrey observou o procedimento todo com um ar de autoridade. Nanda ficou tão em choque quando contei a ela tudo o que ele disse que observava cada passo dele, prestes a atacar.

Eu estava tão exausta que não desenvolvi nenhum pensamento concreto durante aquele tempo todo. Me lembro vagamente do doutor dizendo que o exame sairia em vinte e quatro horas.

Darcy e eu dormimos no caminho do consultório até a casa de Harry. Fui acordada por Nanda aos chacoalhões quando chegamos. Nem prestei muito atenção na mansão enorme e nem falei com ninguém. Só segui para o quarto que fui guiada e dormi, com Darcy ao meu lado.

Acordo no dia seguinte um pouco perdida e demoro a me lembrar onde estou. Minha garganta queima de sede então, faço uma proteção de travesseiros para que Darcy não caia da cama, e saio à procura da cozinha.

A luz do sol brilha timidamente pelos corredores enquanto caminho em silêncio. Parece cedo demais e a casa parece dormir.

Percebo um padrão em relação ao gosto de Harry. A casa é decorada em cores claras e tem um estilo clássico. Quadros e colunas por toda parte, a estrutura da casa remete a um castelo.

Desço as escadas, percebendo que a "humilde" casa tem três andares. Já no térreo, olho em volta, pensando onde iria. Sigo para minha esquerda, atraída por uma grande janela que dava para um enorme quintal com gramado e uma piscina enorme. Acima da minha cabeça, um vitral se formava no teto. Vejo que a sala tem algumas estantes e não contenho a curiosidade. Me aproximei.

Muitos livros de Bukowski, para o meu desprazer, mas era possível ver algumas biografias e livros contemporâneos. Senti uma pontada de tristeza quando não vejo que a cópia que dei a ele de Morro dos Ventos Uivantes.

-Não sei por que, mas tinha certeza que ia te achar aqui.

Dou um passo para trás, assustada pela voz que quebrou o silêncio da casa.

Harry está encostado na parede, o cabelo desgrenhado, o rosto mostrava uma expressão cansada. Ele usa um roupão lilás. Com essa visão inocente dele, quase me esqueço do porque não estou falando com ele.

-Livros- digo me virando para a estante novamente.- Eu sinto o cheiro deles.

Ele sorri e reparo na xícara em sua mão.

-Eu estava procurando a cozinha. Acho que vim para a parte errada da casa.

Ele aponta com a cabeça para o corredor.

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