Capítulo 8

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        Desde que o meu irmão chegou ao pé de mim ainda não tirou o sorriso do rosto e eu já o devo ter abraçado mais de quantas vezes. Que sensação incrível vê - lo feliz.
Vamos andando paro carro, uma vez que ele vai à festa logo à noite e ainda  quer ter tempo de sobra para se trocar e arranjar.
Na viagem falamos, e eu toco no assunto da nossa querida dona Carla senhora mãe não ver os jogos do filho mas ele não alonga muito a conversa nem dá respostas convicta, não percebo a razão. Mas já que ele ignora o assunto , então decido fazer o mesmo, por enquanto.

Quando chego a casa vou para o quarto no âmbito de estudar um bocado e a hora de jantar chega rápido.
São 8 quando começo a por a mesa, chamo o meu irmão para  vir   comer. Vem rapidamente.

Na refeição só a minha mãe é que fala e denota que esteve à conversa com o meu treinador e falaram sobre a minha "falta" de progressão, ela está a ser muito arrogante e a gota de água é quando ela refere o seguinte:

-" O Michael disse que tens que dedicar mais tempo à natação, agora vai ser mais a sério se quiseres manter o ritmo de campeã e é um sonho espetacular que tens".

-"Mas mãe..." - não sei o que lhe responder então exclamo - "Mãe, maioritariamente do meu tempo é dedicado à natação, e esse sonho é seu não meu!"- limito-me a dizer isto,  que lata porra.
Só me pergunto porque a mim? Que mal fiz eu? Está sempre a dizer isto.  Quero explodir e Enquanto penso isto o Hugo encara-me preocupado, e faz com que eu suavize a minha expressão facial de má que eu nem percebi que estava a fazer.
Acabo rápido a comida e vou-me embora , estou demasiado stressada, e desde quando é que o meu treinador fala assim? Ele sabe que me esforço ao máximo, qual foi a dele de dizer isto à minha mãe daquela maneira? Assim até parece que não ando lá a fazer nada!
...

Já são as 21:00 e  decido ir lavar os dentes e trocar o pijama,
Mas mal entro no quarto deparo-me com a minha mãe lá de pé, o que é foi desta vez?!

-"Marta Neto!"- praticamente grita, o que chama a atenção do meu irmão também.

-"Diga mãe"- basicamente não olho para ela. Estou farta disto, sempre a berrar, às vezes mais valia viver com o meu pai. Ao menos, sabia que não ia berrar comigo desta maneira.

-"Não gostei nada da maneira que me respondeste à mesa"- grita ainda mais alto, como é que aquelas cordas vocais ainda funcionam? Às vezes só gostava de uma mãe mais compreensível.

-" Também não era suposto gostar"- sei que estou a ser mal educada, mas a adrenalina que sinto supera isso. As mães são tudo e a minha mãe é tudo também pra mim, não lhe tiro isso, porém dizer-me aquilo sabendo que eu me esforço por ela não faz sentido.

-"Retira o que disseste se não, não te deixo ir aos treinos!"-

Deve pensar que me importo tanto quanto ela.

-"Olhe que sorte"-

-"Mãe, pare de lhe dizer isso, não vale a pena"- o meu irmão intervém, repreendendo a minha mãe. Chega-se mais perto de mim, cheira bem, e põe o braço dele atrás das minhas costas e faz "festinhas" com a finalidade de me acalmar. Encosto-me nele e sinto lágrimas salgadas a escorrer-me pelo rosto. Odeio discutir com a minha mãe, mas não tenho onde descarregar esta bagagem toda.

-"Bem, eu vou sair daqui vou ter com uma amiga a seguir e espero que os ânimos estejam mais calmos por estes lados"- diz a minha mãe é sai do quarto, como é que ela tem a lata de me falar assim e ainda ir ter com a amiga e dizer que está tudo bem? Honestamente, não faço puta ideia.

Os próximos 5 minutos são passados encostados ao meu irmão, eu a chorar a tentar acalmar-me e estou-lhe a molhar a camisa toda. Ele murmura-me coisas reconfortantes e abraça-me ainda mais forte Afasto-me quando ouço o telemóvel dele a tocar. Não percebo quem é que lhe ligou mas só o ouço dizer:

-" Sim...sim, eu ainda vou à festa claro, só estou um pouco atrasado"- afinal não foram apenas 5 minutos de tentativa de descanso que tive nos braços dele. Foram praticamente 20 minutos.

  Limpo as lágrimas do rosto e agradeço-lhe a atenção que me dedicou. Quando acabo de secar a cara, ocorre-me uma situação pela cabeça. E se eu for à festa? Tenho que espairecer e esquecer este turbilhão de emoções.
Então apenas digo:

-"H? Espera por mim 5 minutos por favor, enquanto me arranjo para ir contigo. Pode ser?" -

-"Tens a certeza que queres ir a uma festa? Comigo?"-

-"Tenho"- digo e ele assente com a cabeça.

-"Está vento?"- pergunto

-"Pelo menos não estava quando me vesti, mas pelo sim pelo não leva um casaco".-

Troco-me rápido porque opto por um vestido branco e com florzinhas no fim. É muito giro o vestido. Escolho um casaco de ganga a acompanhar e calço umas  sapatilhas totalmente brancas que combinam com o resto do vestuário.
Limpo novamente a cara e vejo-me ao espelho.  Pego no meu telemóvel e vou para o carro do meu irmão.

Noto que a minha mãe já se foi porque o carro dela não está na garagem quando lá chego. Só porque posso, mando uma mensagem de boa noite ao meu pai e vejo que são 21:40. A relação entre os meus pais não está nada boa.
Passou rápido este tempo, de uma maneira negativa, mas passou.

-"Nem parece que explodiste maninha"- diz o H quando chega ao carro.

-"Tens muita graça"- ironizo. -"Mas obrigado por tudo Hugo".

Encosto-me à janela do carro e fecho os olhos para descansar enquanto vamos de viagem






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O próximo capítulo sai daqui a umas horas.

Com amor,
                     Ana💖

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