Capítulo 31

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Sexta-feira

-"Mas que episódio tão dramático!"- começa o meu irmão quando estamos no carro.

-"Dramático é pouco."- rebato.

-"Vou-te levar a casa para descansares, preciso de ir ao treino. Depois disso vou-te comprar um telemóvel novo."-

-"Podes dizer ao Tiago para ir lá a casa?"-

-"A mãe está em casa, não me parece que a ideia lhe agrade."-

   Tem razão. No resto do caminho para casa tento achar uma posição confortável, em que me seja emitido o mínimo de dores possíveis. Tenho mesmo de descansar e recuperar o mais depressa possível.  Sei que assim que tiver apta tenho de voltar aos treinos, se bem que eu não quero, mas também não posso ficar parada para sempre.
     A música ambiente é agradável e calma, não podia ser melhor.


......

   Assim que estaciona noto a porta de entrada a ser aberta pela minha mãe. Ela devia estar a descansar também, que não se arme em heroína porque não é tempo para isso.
Permanece à entrada da porta com o seu roupão absurdamente caro para que eu entre em casa.

   O meu irmão vem a meu lado com o saco das coisinhas e a auxiliar-me.

-"Oh filha"- lamenta a minha mãe quando me aproximo do pequeno degrau que separa a porta de entrada do tapete.

-"Como está?"-

-"A mãe e tu precisam de ir descansar não estar aqui à conversa. Subam para os quartos, não quero outro acidente."- uau, está mesmo agressivo.

Ainda não lhe deve ter passado o toco e a cisma de que a culpa foi da mãe.... uau. Faz sinal para que prossigamos para os quartos enquanto pega na mala de desporto. Sai para a ir por no seu carro.

-"Marta, queres alguma coisa que a mãe faz?"-

-"Dormir, só quero dormir mãe"-
Terminamos de subir as escadas nos nossos esforços árduos, e ela prossegue com o dialógo:

-"Tens de manter a tua alimentação"- a sério? Só quero ficar bem e ela focada nos treinos?

-"Eu sei"- em vez de virar para o quarto viro para a cozinha e bebo já um copo de água com a medicação das dores. Tiro outro para a mãe.

Nada digo, nada me diz, nada é dito.

-"Mãe, eu vou demorar porque ainda vou comprar o telemóvel da Marta e tratar dos papéis do seu carro."- diz assim que entra na cozinha.

-"Jantas cá?"- pergunta ao Hugo.

-"Sim, eu depois faço o jantar. Vá descansar."-

Sai o Hugo e depois a mãe, já eu permaneço na cozinha a olhar para o nada. A vontade de falar com a Sara neste momento é zero, mas ela sempre foi tão amigável comigo.

Nunca se lhe tinha dado estes chiliques. Será que algo não está bem em casa? Mas isso não é motivo para descarregar em mim, não quando eu precisava dela sendo que eu sempre a apoiei.

Quando dou por mim estou deitada na cama com a televisão num programa de comprar e vender casas americano, acho que é americano, e com o som no mínimo para que não seja irritante.
   Este fim de semana ia a casa do pai, por um lado ainda bem que não vou. Assim, posso estudar, mas Nao me parece que a minha condicao o permita...mas vou tentar.E pode ser que seja mais fácil de o convencer a me deixar ir jantar a casa do Tiago.

Veremos como correm as coisas... este comprimidos dão sono... e faço o que tenho feito muitas vezes nestes 2 dias, tirar proveito da situação para dormir. Desligo a televisão, agarro-me a uma das almofadas, viro-me para o lado esquerdo assim apoio-me desse mesmo lado e não do que está dorido, e puxo o edredom até aos joelhos. A cabeça está pesada mas Limpo a mente, fecho os olhos e tenho novamente paz.... muita paz e as batalhas interiores acalmam à medida que a minha cabeça esquece o mundo e se foca no descanso....

Do outro lado da pistaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora