Capítulo 36

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Quando chegamos finalmente ao portão de fora de casa, ainda está a chover, o que vai implicar que a nossa despedida seja rápida.

-"Até segunda Mar."- segura-me nas mãos, reflete e diz -"Obrigado por teres partilhado comigo essa tua história, espero que continues a confiar em mim, espero mesmo."- procura expressões minhas que confirmem o que ele disse, que mais pareceu uma pergunta e um pedido do que uma simples frase.

-" Eu vou continuar a confiar em ti, até que me faças algo para que eu não acredite."- digo sem hesitar, porque é verdade. Assim que ou ele ou até mesmo eu façamos merda e magoemos a sério um ao outro, e isso abale profundamente a nossa confiança, prefiro deixa-lo ir e saber que vai ser mais feliz com outra pessoa do que comigo, ou vice versa....

Abraça-me forte e eu quase sufoco, então debaixo desta chuva ainda pior.
Dá-me um beijo rápido nos lábios e outro na bochecha em modo de despedida.

-"Até segunda Tiago"- Viro-me de costas para ele.

-"Marta... Espera"-

-"Diz-me"-

-"Está tudo bem certo? Eu não te forcei a nada pois não? Tens a certeza que estás bem?"- os olhos dele estão confusos, mas carinhosos.

A luz do candeeiro aqui presente torna isso tudo mais claro e evidente.

Coloco, agora eu, uma mão na face dele, e digo:
"-Está tudo bem Tg. Eu estou bem, nós estamos normais e bem. Não te preocupes, sim?"-

-"Sim"- dou-lhe um beijo e um abraço forte antes de ir para o carro.

...

O Tiago e o Hugo acenam-se mutuamente, e eu saio do pé do Tg.
Ele desaparece por entre a chuva.

Agora que estou lúcida tudo parece mais real, mais louco e mais estúpido. Meu deus, o que é que eu fui fazer? O meu cabelo com a chuva está uma merda.

-"Olha quem é a minha menina"- diz o Hugo assim que abro a porta da frente do carro. Mas sou parada com quando me deparo com algo, hummm, oh meu deus, eu não acredito. Estou chocada ao ver uma certa coisa no chão do carro.
Definitiva, assegurada e efetivamente estou de boca aberta. Ele que nem pense que eu entro ali.
-" O que é Marta?"- O Hugo parece confuso com a minha reação, não entende o porque desta minha reação.

"-Ai Hugo, eu não acredito. Nem penses que me vou sentar ai. Nem penses."-

Começo-me a rir feita de parva e vejo o Hugo a corar.

-"Eu pensei que tinha deitado ao lixo"-

-"Oh meu deus Hugo, como é que alguém se esquece de deitar um preservativo ao lixo?! Nem penses que me vou sentar aqui."-

Abro a porta da parte de trás e decido-me sentar lá. Ou será que é pior sentar-me atrás? E se eu for na mala? Acho que era melhor ir na mala!

Cruzo os braços e refilo na brincadeira com o meu irmão:
-"Cheira a sexo aqui dentro!"- rosno com sarcasmo.

-"Marta!"- ri-se.

Ponho o cinto e quando ele volta do lixo pergunto-me em voz alta.

-"É seguro ir aqui atrás?"- Não responde. -" Seu pervertido! Vou é a pé!"- começo a tirar o cinto, mas ele arranca com o carro. -"Abre os vidros, nem quero saber se está a chover."- ordeno.

Eu não vou tocar em nada mais. Recuso-me, meu deus, estou tão chocada, de uma forma irónica.

-"Quando tiveres o teu carro falamos"-
Durante a viagem reclamo mais um bocado, mas sem intenção de o criticar.
Já que literalmente me encarei com aquilo, decido usar isso em meu favor e tiro informações:

Do outro lado da pistaWhere stories live. Discover now