De volta a rotina

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Cheguei em casa no fim da tarde, meus pais estavam na cozinha com Glorinha tomando café, aproveitei para sentar com eles e contar como foi o dia com Bernardo. Não quis expor as coisas mais íntimas que ele me disse, então apenas falei que o pai dele estava preso injustamente e que Yago descobriu por seu pai.


- Que bom que tudo se esclareceu - disse Glorinha com a mão no meu ombro.


- Mas aquele menino, o Yago, não podia ter feito o que fez – minha mãe ressaltou balançando a cabeça em negação. – Ele nem deveria ter acesso à informações assim sobre os casos do pai dele, muito menos expor para nós, no meio de um jantar.


- Sim, foi antiético. – meu pai concordou – Fico feliz que tenha conversado com teu namorado, eu gostei dele. Convida o Bernardo pra jantar conosco no sábado, dessa vez aqui em casa e só com a família.


- Eu vou falar com ele, pai. Com certeza ele vem.


- E sobre o Yago, pedi pra afastarem ele do projeto e evitarem a ida dele à emissora.


- Sério? – falei aliviada – Então não preciso esbarrar com ele no trabalho?


- Não, não precisa, filha. O homem que estava conosco é o sr. Cerqueira coordenador do projeto e superior do Yago, ele entrou em contato comigo para se desculpar e entendeu completamente o pedido de afastamento.


- Não é pra menos! – Glorinha falou indignada.


- Fico aliviada de saber que não vou ter que esbarrar o Yago todos os dias, já não gostava dele, depois da noite passada não quero nem olhar pra cara dele. – falei irritada. – Vou me arrumar para a aula. – falei tomando o ultimo gole do café e levantando da mesa.


Tomei um banho, coloquei qualquer blusinha com uma calça e um tênis confortável, mandei mensagem oferecendo carona para Jonas que estudava na mesma instituição que eu, porém nossos horários nem sempre batiam. Dessa vez ele aceitou dizendo que teria aula somente nos dois primeiros horários e que estava pensando em ir para um barzinho próximo depois do intervalo, decidi que tudo bem não assistir as duas últimas aulas também já que era uma palestra nada interessante.


Tirei meu Ford Ka da garagem e Jonas já estava na calçada de casa com a mochila nas costas. Ele entrou no carro já perguntando:


- E aí, se resolveu com teu namorado? Tá com a carinha boa.


- Passei a tarde com ele – sorri. – Obrigado por perguntar.


- E aí que loucura foi a de ontem?


- Longa história...


- Considerando o transito que a gente vai pegar daqui até a faculdade acho que temos tempo. – Jonas riu.


Contei para ele da mesma forma que contei para meus pais, sem expor muito Bernardo, mas como Jonas era meu melhor amigo aproveitei para desabafar como me sentia em relação a tudo isso, como fiquei mal por ouvir o que Bernardo me contou, como quis poder fazer algo para ajudar e como sinto raiva de Yago.

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