O pai e o irmão

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Soares começou a ligação explicando a Bernardo e Osvaldo o porquê de estar nos ajudando, repetiu o motivo que me deu na última ligação: tentaram mata-lo na cadeia e ele queria se livrar da quadrilha. Enquanto ele falava meu celular vibrou dentro do meu bolso, resolvi ignorar por hora e continuei prestando atenção no homem de cabelos descoloridos na tela do celular de Bernardo.

– Pois bem – Soares disse após as explicações iniciais. – Eu não sei muita coisa, afinal a maior parte das conversas que tive com os caras foi por telefone, mas posso dizer o que sei se concordarem em me deixarem fora disso.

Be e o pai se entreolharam e Osvaldo assentiu.

– Tudo bem, a gente repassa as informações para a polícia, mas não entregamos você – Bernardo concordou.

Antes que Soares começasse a falar, meu celular voltou a vibrar dessa vez com uma ligação, olhei o visor e vi o nome de Jonas. Recusei a chamada, mas o telefone voltou a tocar, então pedi licença e saí do escritório para atender avisando que poderiam continuar sem mim, atendi já fechando a porta.

– Oi, Jonas. O que houve? Estou um pouco ocupada agora.

– O que quer que esteja fazendo pode esperar, Cami. Isso é muito importante – ele disse do outro lado da linha.

– Tudo bem, então. Estou ouvindo.

– O Yago precisa falar com você.

– O Yago? – Repeti com estranheza. – Ele acordou?

– É, ele acordou e pediu para a mãe dele me chamar aqui no hospital. Tem algo que ele precisa te dizer.

– Jonas, não tenho tempo para ouvir o Yago falando mal do Bernardo agora, estou realmente ocupada! – Esbravejei.

– Eu não te ligaria se fosse por isso – o tom de voz dele era sério e me fez considerar. – Ouça o que ele tem a dizer.

– Tudo bem, passa para ele.

– Camilla... – a voz de Yago era fraca e pouco audível ao telefone – Primeiro eu preciso que acredite que eu não sabia de nada, eu juro...

– Sabia do que?

Eu já estava sem paciência e querendo desligar o quanto antes para voltar ao escritório e ouvir o que Soares tinha a dizer, mas quando ouvi as palavras de Yago senti minhas pernas amolecerem. Caminhei até o banco onde estive com Guilhermina e me sentei sentindo minha cabeça rodar.

– Você ouviu o que eu disse? – Yago perguntou ao não obter resposta minha.

– Como assim o teu irmão? – Eu estava atônita.

– Eu descobri no dia do meu acidente, eu estava indo falar com o Jonas – ele explicou, – o Yuri estava atrás de mim, eu me lembro de acelerar para despistá-lo, acho que furei um sinal vermelho e precisei desviar de um carro, então acordei aqui no hospital. Eu teria contado antes, Cami. Se eu soubesse teria impedido até.

– E o teu pai? – Perguntei.

– Ele também está envolvido – Yago admitiu.

– Por que? Por que fizeram isso comigo?

– Tem muito mais por trás disso, eles estão metidos em tudo o que você possa imaginar. Eles têm a ver com o pai do Bernardo e a prisão dele, o desaparecimento do irmão e talvez até coisas que eu não saiba... – a voz dele parecia embargada. – Cami, me desculpa por tudo o que eu disse sobre o Bernardo, eu sinto tanta vergonha agora. Eu preciso me desculpar com ele também.

– O que você precisa é contar tudo isso para a polícia, Yago – falei tentando controlar meu tom de voz. – Eu sei que é a tua família, mas você não pode acobertar eles...

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now