De volta ao quase normal

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Eu continuava sendo acompanhada pelos seguranças, meu pai discordou enérgico quando falei que era um exagero me manter sob vigia 24h por dia. Apesar disso, tentava manter minha rotina: eu ia trabalhar com meu próprio carro e tinha até ido ao shopping com Nat e Sof ontem à tarde. Elas passavam boa parte do tempo comigo, seja em casa ou no Jonas, mas sempre com um guarda-costas por perto.

Eu me sentia bem menos apreensiva nos últimos dias, minha vida tinha quase voltado ao normal, não fosse esse relacionamento mal resolvido com Bernardo. Não o vi ou falei com ele desde o dia que fui em seu apartamento, nem mesmo por mensagem, preferi deixar a polícia fazer o seu trabalho e quando as coisas se esclarecessem eu poderia vê-lo outra vez, porém já não me restava dúvida de que Bernardo não tinha qualquer coisa a ver com meu sequestro.

Depois do almoço me sentei em uma das espreguiçadeiras em volta da piscina com um livro tentando pegar um pouco de sol e aliviar o frio daquela tarde. Eu já tinha conseguido ler alguns capítulos quando a campainha tocou, não me importei muito porque não estava esperando ninguém. Minha mãe estava em casa aquela tarde em uma reunião no escritório que ficava no térreo, eu não vi quem entrou, mas provavelmente alguém se atrasou e estava chegando agora.

Retornei para o meu livro até que apareceu ao meu lado uma Glorinha confusa, ela parecia surpresa e preocupada ao mesmo tempo.

- Camilla, é melhor você ir até a sala.

- Porque, Glorinha? Quem é? - Perguntei com estranheza.

- É melhor ver com seus próprios olhos.

Soltei o livro na espreguiçadeira e andei em direção a casa, passei pela cozinha ainda me adaptando a mudança de iluminação, mas quando cheguei na sala achei que meus olhos me enganavam. Bernardo estava em pé um pouco à frente da porta encarando o chão, quando me aproximei ele olhou para mim.

- O que você está fazendo aqui? - Falei com a voz aguda - Ficou maluco?

- Calma aí, Cami... - ele tentou explicar, mas não foi preciso.

A porta do escritório se abriu do outro lado da sala e minha mãe surgiu dizendo:

- Ele veio a meu convite, filha. Que bom que está aqui também, eu ia mesmo te chamar. Entrem, os dois - ela disse dando passagem.

Quando entrei no cômodo haviam dois homens, um deles estava sentado em uma poltrona de costas para a estante de livros que ficava na lateral esquerda da sala, eu não me lembrava de já tê-lo visto. O outro estava sentado de costas para a porta e se virou quando entramos, me lembrei dele na casa de Bernardo há alguns meses: era o advogado do pai dele.

- Esses são o doutor Paschoal, que Bernardo já conhece - minha mãe apresentou fechando a porta atrás de nós. - Esse outro cavalheiro é o doutor Edson Matos, ele é investigador.

Ela se sentou atrás da escrivaninha na extremidade direita do cômodo, eu ainda não estava entendendo o que estava acontecendo, porque Bernardo e aqueles outros homens estavam no escritório da minha casa. Eu e Be ocupamos duas cadeiras perto da janela, ele também parecia não saber o assunto do qual íamos tratar ali.

- Sem mais delongas, vamos explicar porque estamos todos aqui - minha mãe disse olhando para nós - Filha, eu contratei um detetive particular para investigar teu sequestro. Eu sabia que a polícia seria extremamente lenta e estava certa, tem mais de um mês que aconteceu e tudo o que nos deram é uma suspeita sobre o Bernardo que sabemos ser infundada.

Nesse momento olhei para Bernardo e ele sorriu para minha mãe demonstrando gratidão, eu mesma me senti aliviada por ouvir aquilo da boca dela.

- Vocês se encontraram na casa de Bernardo há um tempo e sei que a Camilla não faria isso se não acreditasse na inocência dele, mas Carlos e eu decidimos não comentar sobre essa investigação paralela até termos algo relevante

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now