Capítulo Especial: O início

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Esse Capítulo Especial é dedicado aos meus ávidos leitores que comentam sobre a gula desse casal taurino

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Esse Capítulo Especial é dedicado aos meus ávidos leitores que comentam sobre a gula desse casal taurino. Sim, OS DOIS são taurinos e isso explica a comilança em cada encontro mesmo que eles não saibam dessa influência do signo. Obrigada por acompanharem até aqui, obrigada pelo incentivo e pelo feedback, vocês não fazem ideia da importância que isso tem para mim.

Para: @marisfair e @hicarosf

Era uma noite gelada no início de maio, sexta-feira

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Era uma noite gelada no início de maio, sexta-feira. As duas primeiras aulas pareciam ter durado uma eternidade, talvez fosse minha ansiedade de ir para o bar com meus amigos fazer um esquenta antes de ir ao pub, talvez fosse o cansaço da semana de provas terríveis. Natália e Sofia me olhavam com cara de criança arteira me fazendo ficar no lugar mesmo que nós já tivéssemos assinado a lista de presença.
 
De repente Jonas invade a sala acompanhado de Heitor, nas mãos um bolo desses de padaria cheio de glacê e cinco velinhas finas na cor azul claro. Todos começaram a bater palma e cantar Parabéns a Você, inclusive o professor. Era meu aniversário e meus amigos jamais deixariam passar em branco. Eu não sei como nunca desconfiava das coisas que Jonas planejava, todo ano ele me surpreendia de algum jeito. Sofia passou algo pela minha cabeça, eu demorei a entender que se tratava daqueles chapeuzinhos de festa infantil com elástico fino que beliscava a pele conforme ele enrolava.
 
– Gente, vocês são demais! – Gritei batendo palminhas animadas.
 
– Faz um pedido – Jonas disse enquanto eu assoprava as velas.
 
– Agora dá uma olhada no chapéu – Nat falou.
 
Eu obedeci tirando o chapéu da minha cabeça tomando cuidado para o elástico não arrancar metade do meu cabelo. O papel de fora era azul como as velas com vários confetes desenhados, na frente em letras coloridas de contorno grosso lia-se "Parabéns, Cami". Eu estava tão pasma quanto grata.
 
– Eu não acredito! Vocês personalizaram o meu chapéu!
 
– Um oferecimento: gráfica do pai da Sof. – Heitor fez voz de comercial.
 
– Amiga, eu adorei! – Dei um abraço nela. – Eu adorei tudo, sério. Quero bolo.
 
– Ah, calma aí que os pratinhos estão na minha bolsa – Nat disse se afastando.
 
Cortei o bolo servindo em pratinhos também azuis, o pessoal da minha sala se aproximava me desejando os parabéns e aproveitavam para pegar um pedaço do bolo. Arrumamos toda a bagunça antes da professora das últimas aulas chegar na sala, jogamos o lixo nos latões grandes do corredor e fomos em direção ao bar.
 
– Não, não. Espera aí – Jonas falou – Tem que ir para o bar com o chapeuzinho, todo mundo precisa saber que é teu aniversário.
 
– Eu concordo – Nat falou – se você disser que é teu aniversário o tio te dá uma caipireja.
 
Tio era como chamávamos o dono do bar, tamanha a intimidade que criamos indo tantas vezes no estabelecimento. Caipireja nada mais é que uma caipirinha daquela de cachaça e limão com uma boa quantidade de cerveja. Eu adorava tomar aquilo e coloquei o chapéu novamente sem reclamar.
 
Entramos no bar já cheio escolhendo uma das mesas, não demorou até chegar o meu drink de aniversário e a cerveja que o restante da galera pediu. Eu já estava bem grogue quando o vi do outro lado do bar perto da sinuca, ele me olhava e não desviou o olhar ao ver que percebi, eu gostei dessa atitude ou talvez o álcool tenha gostado. Seja como for, sorri para ele.
 
– Camilla já está paquerando alguém – Sofia tirou sarro.
 
– Me deixa – falei rindo – você sabe que só tem duas ocasiões que eu paquere alguém.
 
– Duas? – Jonas falou incrédulo.
 
– Sim, duas. Quando é meu aniversário e quando não é – dei de ombros enquanto riam da minha piada ruim.
 
– A sinuca tá vazia, bora lá – Heitor chamou.
 
– Eu não to em condições de jogar – falei sincera – eu passo.
 
– Então vamos fazer a revanche de semana passada, – Nat sugeriu – Eu e o Jonas versus o Heitor e a Sof.
 
– Fechado, nós vamos acabar com vocês de novo – Sofia riu.
 
Fomos em direção a mesa nos fundos do bar e eu fiquei um pouco mais afastada para ver meus amigos jogarem, eu tinha certeza de que ele se aproximaria e estava certa, percebi uma movimentação ao meu lado e dei um gole na minha bebida fingindo prestar atenção no jogo.
 
– Parabéns, Cami – ele disse – era o que estava no escrito na tua cabeça – se referiu ao chapéu que ficou na mesa.
 
– Cami sou eu, os parabéns são pelo meu aniversário – expliquei simpática.
 
– Nesse caso, parabéns Cami. Posso te pagar outra dessa como presente? – Disse apontando minha caipireja que já estava no fim.
 
– Acho melhor não... como é mesmo o teu nome?
 
– Bernardo.
 
– Então Bernardo, – falei o nome dele vagarosamente – Eu acho melhor não, primeiro porque eu ainda preciso conseguir chegar na balada depois disso e segundo porque eu me sentiria obrigada a retribuir o presente no teu aniversário.
 
– Não vai ter que se preocupar com isso, meu aniversário foi na semana passada.
 
– Espera – contei nos dedos – então você é de touro igual a mim.
 
– Não entendo nada de signos – ele disse rindo.
 
– Eu também não, mas minha amiga fez aniversário há duas semanas e disse que eu e ela somos de touro, você deve ser também – falei pensando se aquilo fazia sentido e se era assim que funcionava.
 
– Então tá, o que as pessoas de touro fazem? – Foi a primeira vez que notei aqueles lindos olhos negros.
 
– Beijam – respondi já me aproximando dele.
 
Eu não fazia ideia do que eu estava falando, eu realmente não entendia nada de signos ou o que isso significa na vida de alguém, mas ele entendeu que era uma cantada tosca e não perdeu tempo. Aquele cara tinha um beijo macio e uma pegada forte, a combinação perfeita. Ele me olhou com seus olhos negros e grandes e abriu um sorriso que me deixou de pernas bambas ou era o álcool mais uma vez.
 
– Esse foi o teu presente – ele disse – agora é tua obrigação estar aqui ano que vem no meu aniversário para retribuir.
 
– Ou você pega o meu número e a gente não precisa esperar um ano – sugeri.
 
– Eu gostei de você – ele disse apertando os olhos.
 
– E eu gostei desses teus olhos de jabuticaba... – nós dois rimos.
 
Algumas horas depois o bar estava fechando, Bernardo estava na calçada do outro lado da rua em uma roda de amigos, quando me viu saindo pela porta do estabelecimento deu um grito:
 
– Tchau Camilla.
 
– Tchau, Be... – eu dei um baita tropeço e comecei a rir feito louca.
 
Foi assim que surgiu o apelido.
No dia seguinte ele me mandou mensagem, na semana seguinte nos encontramos de novo e assim fizemos repetidas vezes. Eu jamais imaginaria que depois de quase dois anos eu estaria namorando o cara dos olhos de jabuticaba e muito menos que estaria chorando relembrando a história de como nos conhecemos deitada em um colchão mofado dentro de um cativeiro.

 Eu jamais imaginaria que depois de quase dois anos eu estaria namorando o cara dos olhos de jabuticaba e muito menos que estaria chorando relembrando a história de como nos conhecemos deitada em um colchão mofado dentro de um cativeiro

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