Despedidas

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Meses depois, era sexta a tarde e eu estava na faculdade para a pré-banca do meu TCC, Bernardo me aguardava em frente ao bloco segurando um girassol, tamborilando os dedos inquietos na lataria do carro. Ao me ver caminhou até mim sorridente, me abraçou e rodou no ar enquanto eu devolvia o abraço animada.

– E então, meu amor? Como foi? – Be perguntou ansioso.

– Foi ótimo – exclamei! – Tenho poucas correções a fazer e tudo indica que vou ser aprovada com êxito na banca final.

– Que maravilha! – Ele me puxou para mais um abraço. – Já podemos ir ou tem algo mais a fazer?

– Aqui não tenho nada, mas o Jonas me pediu para buscar os salgadinhos para hoje anoite. Eu só não sei o endereço.

– Ele passou para mim, é caminho para a minha casa. A gente pega os salgados, eu me troco e vamos para a sua casa.

– Ok, vou avisar as meninas. Como é surpresa nós vamos busca-las para não terem que estacionarem o carro em frente e levantar suspeitas.

– Pode dizer que a gente passa lá em mais ou menos uma hora.

Assenti e peguei o celular para mandar a mensagem enquanto entrava na camionete. Durante o caminho para o apartamento de Bernardo fui contando sobre a apresentação e os comentários sobre o TCC, minha empolgação era palpável e eu mal conseguia parar de sorrir. Bernardo se mostrava igualmente animado, fazendo perguntas e me parabenizando repetidas vezes.

Mais tarde, chegamos à casa do Jonas com as meninas e os salgadinhos encomendados, arrumamos a mesa, refrigerantes e uma faixa com as escritas "vamos sentir saudades", não havia nada alcoólico já que Yago ainda estava tomando alguns medicamentos desde o acidente. Todos concordamos que não podíamos deixar ele ir morar com a mãe na Itália sem uma despedida de verdade. Não demorou muito para que o interfone tocasse e Jonas fosse atender, antes de abrir o portão deu o sinal de que era ele. Nos posicionamos nos lugares combinados e quando Yago entrou no nosso campo de visão todos gritamos em uníssono:

– Surpresa!

– Não acredito que fizeram isso! – Ele disse emocionado.

Jonas ao lado dele gritou:

– Eu disse que ele ia chorar. Quem apostou comigo pode me pagar!

Nat e Heitor entregaram a Jonas uma nota de R$20 cada enquanto Yago limpava as lágrimas e ria, Débora colocou uma música para tocar e começamos a festa. Noite adentro nos divertimos com os salgadinhos e refrigerantes, relembrando antigas histórias de quando éramos mais novos, como cada um de nós foi conhecendo os outros e como nos tornamos tão amigos. Claro que a história mais recente e mais maluca foi a de Bernardo e Yago, mas realmente eles tinham se tornado bons amigos aquele dia no hospital. Ninguém jamais soube o que eles conversaram e nem precisava, já era o suficiente ver que se entendiam e até mesmo gostavam um do outro.

Em dado momento estávamos à beira da piscina de Jonas, eu e as meninas conversando com os pés na água, Jonas e Heitor tentavam improvisar um karaokê na TV que tinha próximo a churrasqueira, virei para o lado e vi Yago e Bernardo sentados nas esteiras lado a lado falando animados e só então reparei como eles se pareciam. Toda essa cena me deixou emotiva, quando menos percebi estava chorando, Nat que estava de frente para mim parou de falar e me olhando perguntou:

– Cami, você tá bem?

– Hei, meu amor. O que houve?

Bernardo também percebeu meu choro e se sentou ao meu lado me abraçando, eu sequer sabia explicar. Encolhi meus ombros tentando dizer alguma coisa e as palavras não saiam mesmo que eu tentasse, Be apertou o abraço ao meu redor como se entendesse, percebi que os olhos das minhas amigas também marejaram e aos poucos todos nos demos conta de como sentiríamos falta uns dos outros quando não pudéssemos mais estar assim reunidos.

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now